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Consumo

Projeto de vida, Bruaca mostra que Pantanal não é só homem a cavalo

Criado por Denise Silva, o projeto reúne produtos e vivências vinculados aos saberes tradicionais de MS

Aletheya Alves | 06/05/2023 08:39
Itens produzidos por comunidades indígenas integram a vitrine da Bruaca. (Foto: Camila Vilar)
Itens produzidos por comunidades indígenas integram a vitrine da Bruaca. (Foto: Camila Vilar)

Unindo tudo o que vivenciou nas comunidades tradicionais de Mato Grosso do Sul, a pesquisadora e presidente do Ipedi (Instituto de Pesquisa e Diversidade Intercultural), Denise Silva conseguiu trazer para a realidade o projeto de sua vida: a Bruaca. Funcionando como uma rede, a ideia é fazer o Estado conhecer os produtos e experiências pantaneiras que vão para além da fauna e do homem a cavalo.

“A ideia é mostrar que o Pantanal tem gente e que o saber dessa gente pode encantar o mundo”, introduz a pesquisadora. Reunindo produtos criados por artesãos, experiências como andar a cavalo e, principalmente, divulgar como encontrar os produtores regionais. Denise comenta que o programa, financiado pela Fundect, quer unir as duas pontas.

Antes de dar início à vida acadêmica, Denise já sabia das relações criadas no interior do Mato Grosso do Sul envolvendo produtos regionais. Isso porque, assim como muitas mulheres, sua mãe sempre trabalhou com artesanato.

Denise comenta sobre a importância de existir uma rede de produtos tradicionais. (Foto: Camila Vilar)
Denise comenta sobre a importância de existir uma rede de produtos tradicionais. (Foto: Camila Vilar)

Natural de Miranda, a pesquisadora sentiu o Pantanal desde cedo tanto com a mãe nas artes quanto com o pai trabalhando como boiadeiro. “Convivi desde cedo e toda minha formação de graduação, pós-graduação, enfim, tudo sempre foi ligado com as populações indígenas. E isso é ligado ao modo de ser, de viver”.

Para além das comunidades indígenas, o foco do projeto se ampliou para comunidades tradicionais como um todo. Até porque essa abertura se vincula aos trabalhos do Ipedi.

Já no Ipedi, ela narra que a dificuldade de escoar a produção dos profissionais e aprendizes se mostrou como dificuldade. “Surge a questão ‘por que fazer uma peça se não conseguimos vender?’. É um saber único que precisa estar em movimento, mas se não houver destinação, fica sem sentido”.

Unindo a falta de contato dessa população com os grandes centros, dificuldade de lidar com as vendas e outros obstáculos que surgem para garantir a comercialização dos itens, Denise explica que nasceu a ideia da Bruaca.

Bruacas são utilizadas para transportar objetos essenciais no Pantanal. (Foto: Camila Vilar)
Bruacas são utilizadas para transportar objetos essenciais no Pantanal. (Foto: Camila Vilar)

“Nessa vertente de conectar as pessoas vamos conseguir dar acessibilidade, gerar renda principalmente para mulheres e manter a tradição com as crianças. Em resumo, a bruaca vem dessa mala de couro que o pantaneiro carrega com o essencial e nossa ideia é colocar nela o essencial dessas comunidades pantaneiras, oferecendo experiências e conteúdos”, detalha a idealizadora.

Em relação aos produtos e experiências que serão oferecidos, Denise narra que o Pantanal é muito conhecido pela fauna e a imagem de homens montados a cavalo. Entretanto, os povos do bioma conseguem fornecer uma vitrine bastante ampla.

Por enquanto, o foco será nos produtos e divulgação de informações, enquanto as experiências no Pantanal ficarão para um segundo momento. “Nós entramos no edital do Centelha, da Fundect, e fomos contemplados para colocar em prática. Inicialmente, estamos reunindo artesanatos diversos”.

“Um dos grandes ganhos do projeto é o impacto na autoestima desses grupos que são marginalizados. Temos, por exemplo, artesanatos de osso, de couro feito de forma tradicional, tudo isso que era produzido como aquilo que precisavam”.

E, neste domingo (7), a Bruaca estará presente na 5ª edição da Arena MS Cultural, em sua primeira feira. O espaço fica localizado na Rua Marquês de Lavradio, número 399, no Tiradentes.

Entre as 17h e 21h, a Bruaca estará com cerâmica terena, kadiwéu, kinikinau, cestaria terena, artesanato em osso, biojóias com sementes e artesanato em couro. Mais informações podem ser conferidas também no perfil do Instagram @bruacabr.

Confira a galeria de imagens:

  • (Foto: Camila Vilar)
  • (Foto: Camila Vilar)
  • (Foto: Camila Vilar)

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