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Artes

Antonio transforma paixão pelo céu em fotografias de tirar o fôlego

Fotógrafo compartilha como são feitas as imagens cuja a técnica requer conhecimento e boas doses de paciência

Por Idaicy Solano | 13/07/2024 07:00
Via Láctea registrada no Morro do Paxixi, em Aquidauana (Foto: Antonio Arguello)
Via Láctea registrada no Morro do Paxixi, em Aquidauana (Foto: Antonio Arguello)

Lembra daquelas imagens espetaculares do céu noturno repleto de estrelas brilhantes e corpos celestes espetaculares, que até parecem mentira de tão bonito? Essas imagens são resultados da astrofotografia, um nicho da fotografia que é especializado em registrar imagens de corpos celeste e de vastas áreas envolvendo o céu noturno. A técnica requer bastante conhecimento e boas doses de paciência.

Apaixonado pelo céu, o fotógrafo Antonio Graciliano Arguello Neto, 35, é responsável por diversos registros fotográficos feitos no céu noturno aos arredores de Campo Grande. Isso porque, segundo ele, localizações remotas e livres de poluição luminosa são ideais para esse tipo de registro.

“O céu e as máquinas feitas para voarem por ele sempre me fascinaram desde criança. A busca por essas fotos começou mais como uma curiosidade, um desafio para mim mesmo, para ver se conseguia fazer as imagens tão incríveis que sempre vi em revistas, livros e na internet”, conta Antonio.

O profissional destaca que para obter os resultados de tirar o fôlego, o planejamento é crucial, e envolve bastante conhecimento técnico. No caso de Antônio, na maioria das vezes ele planeja suas expedições fotográficas com meses de antecedência, considerando fatores como a fase lunar e as condições climáticas.

“O processo inicial é relativamente fácil. Com uma câmera, um tripé e um céu limpo você já consegue fazer algumas fotos. Mas depois que você entra nessa ‘toca de coelho’ da astrofotografia a gente vê que o buraco vai bem fundo e que fazer as fotos em si é o menor dos trabalhos”, comenta.

Via Láctea registrada na BR 262, na saída para Três Lagoas (Foto: Antonio Arguello)
Via Láctea registrada na BR 262, na saída para Três Lagoas (Foto: Antonio Arguello)
Detalhe do complexo de nuvens Rho Ophiuichi - Rabo do Escorpião - Antares é a estrela amarela brilhante (Foto: Antonio Arguello)
Detalhe do complexo de nuvens Rho Ophiuichi - Rabo do Escorpião - Antares é a estrela amarela brilhante (Foto: Antonio Arguello)
Nebulosa de Orion, Chama e Cabeça de Cavalo, registrada no sítio Recanto da Elô, em Jaraguari (Foto: Antonio Arguello)
Nebulosa de Orion, Chama e Cabeça de Cavalo, registrada no sítio Recanto da Elô, em Jaraguari (Foto: Antonio Arguello)

Antonio detalha que busca locais que sejam referência no nascer ou pôr do sol, pois é mais ou menos esta a posição onde a Via Láctea também nasce e se põe. Depois, consulta diversos aplicativos para verificar os melhores dias e horários para fazer as fotos, considerando alguns fatores como: a posição dos astros, se vai ter lua ou não ou em que fase a lua vai estar.

Também é feita uma consulta aos sites de meteorologia, para verificar como vai estar a umidade, a cobertura de nuvens, ou qualquer outra variação climática que possa atrapalhar a foto, como neblinas, chuva ou tempestades de vento.

“Essa época que nós estamos agora é a melhor para se fazer astrofotografias. O tempo frio e seco é o ideal para essas fotos. E depois de todo esse planejamento vem a foto em si, que pode levar alguns segundos ou até a noite inteira conseguir o resultado que você quer”, detalha Antonio.

Registro feito na BR-262, saída para Terenos (Foto: Antonio Arguello)
Registro feito na BR-262, saída para Terenos (Foto: Antonio Arguello)

Antonio explica que os locais ideais para essas fotos são os lugares mais escuros, longe de cidades ou qualquer lugar que tenha poluição luminosa. Normalmente, ele faz os registros na zona rural de Campo Grande, mas já registrou o céu noturno de Aquidauana, Corumbá, Costa Rica e Lavras Novas, município de Minas Gerais.

Entre suas experiências mais marcantes, está a captura da galáxia de Andrômeda, uma foto que lhe custou bastante dedicação, planejamento e conhecimento técnico. Foi essa imagem que, inclusive, o fez se apaixonar pela astrofotografia.

“[A foto] me faz pensar que nela tem não só uma galáxia, mas três, e que nessas galáxias existem milhões, quem sabe bilhões de outras estrelas com seus sistemas solares e talvez vida. E como nós aqui na Terra somos bem pequenos em relação a tudo isso, deveríamos nos preocupar mais em cuidar do que temos aqui porque dificilmente alguém virá nos ajudar. A astrofotografia me faz valorizar mais a vida e o que nós temos aqui”, destaca Antonio.

Galáxia de Andrômeda, capturada na zona rural de Campo Grande (Foto: Antonio Arguello)
Galáxia de Andrômeda, capturada na zona rural de Campo Grande (Foto: Antonio Arguello)
Imagem registrada na zona rural de Campo Grande (Foto: Antonio Arguello)
Imagem registrada na zona rural de Campo Grande (Foto: Antonio Arguello)

Equipamentos 

O básico necessário para fazer as imagens é uma câmera e um tripé. Antonio ressalta que, embora até celulares possam capturar imagens, câmeras DSLR ou mirrorless oferecem maior flexibilidade e qualidade de imagem, essencial para a astrofotografia.

O profissional explica que a escolha do tripé também é fundamental, e recomendo dar preferência a um que seja robusto, pesado e que não balance por qualquer motivo. “Como a quantidade de luz durante a noite é pouca, a câmera precisa ficar por algum tempo fazendo essas fotos, desde alguns segundos até minutos, então quanto mais robusta a sua base for menor a chance de você ter fotos tremidas", explica.

Em relação à câmera, Ântonio revela que alguns modelos de celulares possuem funções específicas para astrofotografia, mas ainda assim, a limitação física do tamanho do sensor e das lentes impedem fazer fotos com mais qualidade. A recomendação é dar preferência a uma câmera com lente intercambiável, como a DSLR ou mirrorless. Uma DSLR usada, com lente básica custa em torno de R$ 1500 a R$ 2000, por exemplo.

Equipamento utilizado por Antonio para fazer as imagens (Foto: Antonio Arguello)
Equipamento utilizado por Antonio para fazer as imagens (Foto: Antonio Arguello)

Antonio revela que investiu R$ 20 mil em seus equipamentos, que incluem a câmera e uma lente mirrorless. Ele também investiu R$ 3 mil em um tripé com montagem motorizada que acompanha a rotação da Terra e auxilia na captura de fotos mais longas.

“Na fotografia e astrofotografia, o céu é o limite. Existem câmeras específicas para isso, lentes, telescópios e tripés que podem passar das dezenas e até centenas de milhares de reais”, revela o profissional.

Confira a galeria de imagens:

  • (Foto: Antonio Arguello)
  • (Foto: Antonio Arguello)
  • (Foto: Antonio Arguello)
  • (Foto: Antonio Arguello)
  • (Foto: Antonio Arguello)

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