Aviões, fotografias e imaginário infantil na última semana de mostra no Marco
Quem ainda não visitou, tem só até o próximo domingo para ver os trabalhos da "4 Mostras, 4 Artistas", mostra coletiva do Marco (Museu de Arte Contemporânea). As portas reabrem hoje, terça-feira, e as visitações podem ser feitas até o dia 9 de abril, com entrada franca.
Em destaque estarão pintura, desenho, fotografia, escultura, vídeo e instalação que expressam as percepções e a bagagem artística de quatro grandes nomes: Katia Canton, Marcos Amaro, Alessandra Rehder e Ana Ruas.
Crianças - No sábado termina o projeto Floresta Encantada, que dentro da mostra leva crianças à experimentarem a arte. O espaço da artista plástica Ana Ruas tem brincadeiras com bonecas, desenhos, poesias e meditação.
A obra de Ana em exposição é uma tela de cinco metros, produzida junto com as crianças. Nela, desenhos de uma floresta encantada, pintada com o que vinha na imaginação dos pequenos.
A visita começa explorando o painel, com meninos e meninas tentando encontrar animais e seres mágicos na arte abstrata.
Fotografia - O olhar crítico da paulista Alessandra Rehder viajou o mundo na busca de culturas remanescentes, preocupado principalmente com a infância, subtraída pelo isolamento provocado por uma geografia sócio econômica e política desumana. Além desse contexto, dessa paisagem do humano, sua câmera apontou também para a natureza com foco nas questões ambientais.
A percepção e a arte de Alessandra já passaram por comunidades de culturas isoladas da Indonésia, Tailândia, Vietnã, Brasil, Filipinas, Papua Ocidental, Índia, Jamaica e Turquia. O que diferencia o trabalho da jovem artista da documentação é o emprego de um vocabulário plástico construído em consonância com o título da exposição.
Pintura - Gaúcha radicada há vinte anos em Mato Grosso do Sul, Ana Ruas pesquisa na série Floresta Encantada imagens retiradas da natureza e do imaginário infantil, ora preenchendo pequenas telas, ora cobrindo um grande painel, como o da parede de 5 metros da sala expositiva, que contou com a coparticipação de crianças que frequentam seu ateliê.
Em todas essas possibilidades, Ana Ruas busca respostas para as relações entre as formas e as cores, o lúdico e o espaço, o suporte e a imagem, a vivência do ateliê, questões lúdicas e a relação entre o artista e o olhar do outro.
Gravura e instalações - Katia Canton, artista e pesquisadora paulista, utiliza suportes diversos como a pintura, o desenho, a gravura, as instalações sonoras e a poesia para criar atmosferas que revisitam criticamente a ideia do lúdico, do frágil, do feminino, do onírico, da domesticidade e da brincadeira. A série Casa dos Contos de Fadas faz menção às ressonâncias desses conceitos.
A artista investiga os usos das narrativas na construção da cultura, particularmente pelo lugar atribuído a mulher e a criança no universo das histórias em suas diversas camadas e diferentes versões. Seu olhar perpassa os clássicos como Cinderela, A Bela Adormecida, Rapunzel, A Bela e a Fera, Branca de Neve, João e Maria, O Barba Azul, chegando até contos menos conhecidos, mas ainda assim muito significativos.
Artes - O também paulista Marcos Amaro é um artista múltiplo. Estudou literatura, filosofia e arte, inclinações intelectuais que contribuíram para que desenvolvesse múltiplas habilidades poéticas. O viés escultórico, tão forte neste momento de sua produção, é construído a partir da descontextualização e ressignificação dos objetos.
O uso de diferentes materiais e técnicas revela os substratos da memória do artista, que desde a infância tem forte relação com o imaginário aeronáutico. As esculturas, de grande e média proporção, destacam-se pelo caráter político e sentido eco estético.
O Museu de Arte Contemporânea fica na Rua Antônio Maria Coelho, 6000, no Parque das Nações Indígenas e abre as portas de terça a sexta, das 7h30 às 17h30, e sábados e domingos das 14h às 18 horas.