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Artes

Com mais de 513 obras, Festival de Artes Plásticas tem até pai e filho artistas

A exposição de 167 artistas vai até dia 31 de outubro no Armazém Cultural, com entrada gratuita

Thaís Pimenta | 06/10/2018 08:22
Ontem a tarde o grande salão do Armazém Cultural  estava terminando de ser finalizado e organizado. (foto: Thaís Pimenta)
Ontem a tarde o grande salão do Armazém Cultural estava terminando de ser finalizado e organizado. (foto: Thaís Pimenta)

Ao contrário dos outros eventos do tipo, o Festival de Artes Plásticas em Campo Grande permite que todos os artistas se inscrevam. "É realmente o oposto: arte de todos para todos", reforça Wenceslau Oliveira, um dos organizadores da 2ª edição aberta nesta semana, no Armazém Cultural.

O resultado da seleção democrática é o grupo de 167 artistas e 501 obras, isso sem contar as telas do artista convidado e homenageado, o pintor Luis Xavier, que produz obras surrealistas com elementos pantaneiros.

Com panos brancos dispostos pelas paredes, a estrutura infelizmente não contribuiu muito no quesito beleza. Mas a diversidade de obras compensa. A disposição foi feita com tecido pela praticidade e adequação ao espaço, explicam os organizadores, porque nada pode ser pregado na parede do Armazém. "Colocamos uma madeira e o tecido por cima dela porque depois fica fácil de retirar as obras", completa.

Apis, Wenceslau e Carlos, os três organizadores do Festival de Arte Plásticas, que abriu suas portas ontem. (foto: Thaís Pimenta)
Apis, Wenceslau e Carlos, os três organizadores do Festival de Arte Plásticas, que abriu suas portas ontem. (foto: Thaís Pimenta)

Carlos César  Lourezo, responsável pela montagem do salão, ficou nessa pegada durante 4 dias, devido a quantidade de obras expostas. "Nós ficamos felizes em trabalhar mais, porque isso só mostra que da 1ª edição para 2018 muita coisa aumentou, inclusive o número de inscritos. Na 1ª, por exemplos, tínhamos menos categorias e 120 participantes", lembra.

Dentre tantas obras, algumas se destacavam por causar curiosidade a respeito do porquê de sua criação. A obra "Hobby", do advogado Jackson Silva da Cruz, traz um grande fusca feito em ferro redondo três oitavos, soldado, com detalhes do farol e lanterna originais de um fusca 69, chama atenção, disposto numa das extremidades do salão.

 "Eu não trabalho com arte, todas as obras que eu fiz até então foram para presentear amigos. Sou um amante de fuscas, tenho um em casa, ano 69, e desde quando eu o comprei ele se tornou um verdadeiro hobby pra mim, comprei ferramentas para mexer com ele, então se tornou também uma atividade, conheci pessoas, passei a frequentar clubes de fusca, e quando soube da possibilidade de expor no Festival quis fazer algo inédito, e o fusca veio de forma natural pra mim", conta ele.

Foram 10 dias de trabalho intenso, e o cunhado, Jorge Francisco, o ajudou na parte da soldagem. Assim que foi exposta, a obra foi comprada, o que surpreendeu o advogado. "Eu até leveie um susto, fiz com a intenção de participar e quando eles me avisaram que havia sido comprada antes mesmo de abrir o Festival eu fiquei contente", acrescenta.

Com recursos do FMIC (Fundo Municipal de Incentivo a Cultura), patrocínio da Energisa e ajuda da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), o festival premia os três primeiros colocados em cada categoria. O 1º lugar recebe R$ 4 mil, o 2º R$ 2.500,00 e o 3º tem R$ 1.500,00. Quem premia e seleciona as obras é uma curadoria encabeça pelo professor de Artes Visuais da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Darwin Longo.

"Vale lembrar que temos obras a amadoras, profissionais, e também mirins, com 3 artistas abaixo de 18 anos", completa Apis Gomes, o terceiro organizador do evento.

Obra "Onça", escultura vencedora da primeira edição do festival, de James Cáceres. (Foto: Thaís Pimenta)
Obra "Onça", escultura vencedora da primeira edição do festival, de James Cáceres. (Foto: Thaís Pimenta)
Escultura exposta na 2ª edição, de Jakson Cruz. (foto: Thaís Pimenta)
Escultura exposta na 2ª edição, de Jakson Cruz. (foto: Thaís Pimenta)
Intervenção das taças, "Discussão à mesa". (foto: Thaís Pimenta)
Intervenção das taças, "Discussão à mesa". (foto: Thaís Pimenta)
Ao ver as taças, a cor diferente dá uma impressão ao público. (foto: Thaís Pimenta)
Ao ver as taças, a cor diferente dá uma impressão ao público. (foto: Thaís Pimenta)

Pelo Armazém, a intervenção "Discussão à mesa", do artista Cícero Rodrigues, traz duas taças separadas por um espelho, com líquidos de cores diferentes em cada uma delas: azul e vermelho. "Ela ilustra a polarização de ideologias políticas contrárias entre si que compõe o nosso cenário político", explica ele. 

As cores foram apropriadas pelas cargas simbólicas, "que sugerem a oposição de pensamentos (esquerda e direita), dispostos sobre a mesa separados por uma barreira que impede o diálogo frente a frente".

O médico Mário Augusto Freitas e o filho, Cassiel Augusto Freitas, de 10 anos, estão expondo no Festival. O pai apresenta uma série fotográfica com temáticas geométricas e detalhes de sutilezas naturais, já Cassiel expõe seus quadrinhos e charges.

O trabalho, para Mário, é um hobby, uma pausa nas fotografias mais técnicas que faz dos quadros de seus pacientes pois trabalha como cirurgião vascular. “Agora eu acredito que o Cassiel tem tino pra coisa. “Ele tem uma habilidade especial para desenho. Quando soubemos do Festival deixamos bem aberto para ele, e Cassiel ficou todo feliz de colocar as coisas deles”.

Ainda de acordo com o pai, o artista mirim coloca os temas que está aprendendo na escola dentro de suas obras. “Por exemplo, em história ele está estudando história a era Vargas, então ele fez uma charge relacionada ao estudo dele com Vargas e Jânio Quadros”.

Obra do homenageado Luis Xavier. (foto: Thaís Pimenta)
Obra do homenageado Luis Xavier. (foto: Thaís Pimenta)
Escultura de Alexandra Camillo, exposta e a venda. (foto: Thaís Pimenta)
Escultura de Alexandra Camillo, exposta e a venda. (foto: Thaís Pimenta)
Fotografias de Roberto Higa. (foto: Thaís Pimenta)
Fotografias de Roberto Higa. (foto: Thaís Pimenta)
Instalação de Boli Boli, nomeada "Bolides I". (Foto: Thaís Pimenta)
Instalação de Boli Boli, nomeada "Bolides I". (Foto: Thaís Pimenta)

A escolha do nome de Luis Xavier como homenageado veio dos próprios organizadores, que na primeira edição escolheram Ilton Silva. "Queríamos uma pessoa que estivesse em plena produção artística e já conhecemos o trabalho dele de muito tempo", diz Wenceslau.

Para o artista plástico, a homenagem foi recebida com extrema surpresa no último sábado, em uma reunião na Confraria Sociartista. "Pra mim é uma forma de receber um reconhecimento de pessoas da minha amizade que não são autoridades. Já estou com 36 anos de carreira artística aqui e é um trabalho que sai pro mundo inteiro. Recebo com muita gratidão e emoção, coisa que me anima muito e me dá toda uma inspiração, renova os ares e a vontade de trabalhar", completa Luís Xavier.

Cerca de 80% de tudo que está exposto está sendo vendido. O Armazém Cultural fica na Calógeras ao lado da Feira Central. A entrada é sempre gratuita e o Festival está aberto a visitação de terça a domingo das 10h às 22h.

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