Com Pantanal na moda, até Raul tem música que hoje seria “cancelada”
Na letra, ele romantiza o assassinato de uma mulher à beira do Pantanal
O Brasil já tem visto e ouvido muito sobre o Pantanal sul-mato-grossense em posts do elenco do remake da novela, originalmente lançada em 1990. E vai virar novamente moda depois da estreia, ainda sem data prevista, por conta dos aumentos dos casos de covid.
O que para a gente é novidade é uma canção gravada por Raul Seixas com o nome “À Beira do Pantanal", do álbum Abre-te Sésamo, lançado em 1980, 9 anos antes da morte do cantor e compositor, falecido aos 44 anos.
Se o lançamento da música fosse hoje, certamente, seria execrado ou, no popular, cancelado pela mulherada. Na canção, o personagem criado por Raul assume o assassinato de uma mulher a facadas, à beira de um rio no Pantanal.
Ele romantiza o que, anos depois, ganhou o nome de feminicídio, crime que fez uma vítima a cada 6 horas e meia no Brasil, em 2021.
A letra narra: “Foi lá na beira do Pantanal, seu corpo tão belo enterrei. Foi lá que eu matei minha amada... Assassinei quem amava num gesto sagrado de amor. O sangue que dela jorrava, a sede da terra acalmou. E lá onde jaz o seu corpo, cresceu junto com o capim, seus lindos cabelos negros que eu regava como um jardim.”
E essa não foi a única dentre tantas composições de Raul que seriam amaldiçoadas. Na letra de Baby, por exemplo, ele fala: “Baby, hoje 'cê' faz treze anos. Vejo em seus olhos seus planos. Eu sei que você quer deitar. Não dá ouvido à razão, não... Quem manda é seu coração... Abraça seus livros no peito, esconde o que é tão perfeito. Eu sei que você quer deitar. Não dá ouvido à razão.”
Sobre a canção “À Beira do Pantanal”, Raul gravou ao lado da ex-mulher, Kika Seixas, em casa, em um gravador de rolo. A música nem foi mixada e acabou indo direto para o vinil.