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Artes

Como em roda de viola, últimos minutos de Delinha são ao som de “O Sol e a Lua”

“Ela é a luuuuuaaaa”, cantaram parentes, amigos e fãs na despedida da “Dama do Rasqueado”

Aletheya Alves e Gabriela Couto | 16/06/2022 17:45

Após um dia inteiro de despedidas, Delanira Pereira Gonçalves, a Delinha, foi enterrada sob a canção que marcou sua carreira, “O Sol e a Lua”, em meio a muitos fãs, amigos e familiares. Eternizada na história da música sul-mato-grossense, o corpo da “Dama do Rasqueado” foi sepultado durante o pôr do sol desta quinta-feira (16), em uma cerimônia que se transformou em roda de viola por mais de uma hora.

Emocionante, o enterro foi realizado no Cemitério Jardim da Paz após um longo cortejo e, durante o momento da despedida, a música mais famosa de Délio e Delinha foi entoada por todos os presentes. Enquanto na letra original, Delinha cantava “eu sou a lua”, o público, que fez do sepultamento da cantora um show, não se intimidou a bradar: “ela é a luuuuuaaaa”.

Mesmo depois de terminado o momento em que o caixão foi colocado na sepultura, a plateia continuou com outras canções, como “Prenda Querida” e modões. Entre pequenas pausas, o filho de Delinha, João Paulo Pompeu, agradeceu por todas as homenagens e ficou ainda mais emocionado.

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Minha mãe está feliz lá no céu junto de Deus. Ela passava por aqui quando estávamos pegando estrada e dizia 'essa vai ser minha última morada', mas sempre falava com alegria. Agora ela está em outro momento”, disse João, ao lado da mãe.

Além das músicas, Delinha recebeu muitas flores, palmas e lágrimas durante todo o “adeus”. Liderando a roda de viola, o gaiteiro Nilsinho Chamamezeiro, de 67 anos, explicou que a despedida fez jus aos gostos da amiga de vida.

“Esse é o momento mais triste. Convivi com Delinha por mais de 15 anos e estou me despedindo porque é uma vontade de Deus. Ela gostava muito de música e com certeza está feliz nesse momento”, narrou Nilsinho.

Dama do Rasqueado foi enterrada sob o pôr do Sol. (Foto: Gabriela Couto)
Dama do Rasqueado foi enterrada sob o pôr do Sol. (Foto: Gabriela Couto)

Músico e amigo das antigas da “Dama do Rasqueado”, Antônio Rodrigues de Queiroz, o Castelo, destacou que apesar da tristeza, agora, "o Sol e a Lua" estão reunidos mais uma vez. “É muita tristeza no coração, mas não é a minha vontade que predomina. Uma hora dessas, a Delinha deve estar ao lado do Délio e com certeza 'o Sol e a Lua' vão brilhar muito mais forte agora”.

Familiares, amigos e fãs se uniram para entoar canções durante o sepultamento. (Foto: Gabriela Couto)
Familiares, amigos e fãs se uniram para entoar canções durante o sepultamento. (Foto: Gabriela Couto)

Também acompanhando a trajetória da amiga, Sebastião Marinho dos Santos disse que foi uma honra ter conhecido Delinha por quase toda a vida. “Eu acompanhei Delinha desde cedo e realmente foi um choque perder a rainha do sertanejo”.

Antes do cortejo, entre 11h e 16h, o velório de Delinha foi composto por muita saudade e homenagens. Realizada na Câmara de Vereadores de Campo Grande, a despedida foi o momento de fãs, familiares e amigos começarem a dar o último adeus.

Assim como no momento do sepultamento, quem acompanhou o velório se despediu de Delinha durante o fechamento do caixão também ao som de O Sol e a Lua.

Agradecendo a presença de todos ainda no velório, o filho de Delinha, João Paulo Pompeu, reforçou que a mãe está eternizada na memória de Mato Grosso do Sul. “A gente fica com uma saudade, mas espiritualmente ela vai estar sempre comigo. E um artista não morre, ela vai ficar eternizada na nossa história”.

Ao seguir com as despedidas, sob o pôr do Sol, fãs que estavam pelas ruas acompanharam o cortejo de Delinha mostrando discos da dupla, aplaudiram e choraram pela perda da artista.

Percorrendo várias vias da cidade, a Dama do Rasqueado foi levada pelo Corpo de Bombeiros até sua despedida final no Cemitério Jardim da Paz. Saindo da Câmara dos Vereadores, o cortejo seguiu pela Avenida Ricardo Brandão, Rua Jeribá, Avenida Ministro João Arinos, Rua Joaquim Murtinho, Avenida Eduardo Elias Zahran, Costa e Silva, Fábio Zahran, Manoel da Costa Lima, Trevo Imbirussu e, por fim, Avenida Gunter Hans.

Amigos, familiares e fãs foram até a Câmara Municipal para despedida em velório. (Foto: Paulo Francis)
Amigos, familiares e fãs foram até a Câmara Municipal para despedida em velório. (Foto: Paulo Francis)

Entre as homenagens, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), informou que o Estado está em luto por três dias. “Mato Grosso do Sul perde um ícone do regionalismo, mas ao mesmo tempo deixa um legado para a música sertaneja”, afirmou.

Vítima de uma pneumonia, Delinha ficou internada por onze dias e recebeu alta no dia 25 de maio. Já em casa, ela passou a se recuperar, mas a saúde decaiu, fazendo com que a cantora se despedisse desse mundo nesta quinta-feira (16).

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