Da lida no campo às vitórias de indígenas, Luciano ama fotografar no Pantanal
O clima do interior é o que move Luciano na fotografia
O talento de Luciano Justiniano é inegável para a fotografia. Há nove anos ele usa as lentes para revelar um olhar sensível sobre a natureza, o homem do campo e a cultura indígena. Natural de Corumbá hoje ele vive em Miranda. Com a experiência que tem, há quem pergunte por qual razão ele ainda não foi viver da fotografia numa cidade maior. A resposta está na simplicidade que, para ele, só o interior é capaz de proporcionar.
“Eu cheguei à conclusão que morar aqui é melhor, no convívio com as pessoas, a natureza e sua exuberância, o Pantanal. É um bom lugar para se criar os filhos pequenos”, acredita.
Ele conta que teve uma experiência recente e morou 1 ano e 5 meses em Campo Grande. “Mas não me acostumei com o movimento, o trânsito, as filas para tudo, a lonjura das coisas, acho que sou bicho do mato”, brinca.
Permanecer em Miranda também não o atrapalha e o trabalho tem ganhado o reconhecimento merecido. “Decidi ficar porque posso viajar para fotografar, a internet ajuda na divulgação. Já fotografei em São Paulo, Rio de Janeiro, em navio de cruzeiro e em todo Mato Grosso. Compreendi que eu não preciso estar lá nas grandes cidades para fazer os trabalhos de fotografia. Gosto de sair para viajar, conhecer lugares novos, pessoas, mas gosto de voltar para o interior, debaixo do pé de manga e tomar aquele tereré gelado”.
O clima do interior é o que move Luciano também na fotografia. Embora tenha feito inúmeros registros longe da cidade pequena, é nas sutilezas do campo e da natureza que o seu olhar impressiona. “Gosto de fazer parte das histórias das pessoas e dos lugares, dar voz a essas pessoas, para que eles tenham algo para valorizar. Eu quando criança via uma revista velha da National Geographic e ficava olhando as fotos, dos lugares, das pessoas, e gostava daquilo”.
Sem recursos na infância para ter uma câmera ou fazer fotografia, ele se recorda de quando a foto o emocionou pela primeira vez. “Me lembro dos fotógrafos ambulantes que passavam na rua com um burro de listras de zebra e um cavalinho empalhado. Certa vez, minha mãe pediu pra fazer uma foto com minha irmã, acho que essa é a única foto de como eu era na minha infância. O que me move hoje é poder oferecer isso as pessoas, o registro delas, a história delas ali impressa em colorido ou preto e branco”.
A trajetória com a fotografia iniciou em 2010, lembra. “Aconteceu quando eu trabalhava na Fundação Bradesco, como instrutor de Informática. À época a escola recebeu um grupo de alunos para um intercâmbio de conhecimento e conheci um estudante indiano que fotografava. Me encantei com as fotos e comecei a fazer as fotos dos eventos para acervo e registro escolar”, conta.
Na fotografia de casamento ele chegou por acaso. “À época, fui convidado por um amigo para ajudar em um casamento em Bodoquena, estava tão empolgado que o cartão de memória acabou mesmo antes da saída dos noivos da igreja de tanta foto que eu havia feito”.
Luciano também se encontrou na fotografia documental, prova disso são os belíssimos registros das comunidades indígenas de Miranda, em especial os trabalhos desenvolvidos pelo Ipedi. “O trabalho nas comunidades foi uma forma de ir me encontrando também na fotografia. Eu já tinha o lado educacional um pouco desenvolvido. Quando decidi acompanhar o projeto todo, o resultado valeu a experiência.
Este primeiro trabalho com o Ipedi teve um impacto muito positivo em minha fotografia, você passar um período ali quase que diário pra fazer com que suas fotos conte uma história que que também traga algo de bom para aquela comunidade, foi gratificante”.
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