Em letra afiada, rapper de MS alerta “Geração Veneno” sobre vício da internet
Ele é de Aquidauana, quer iniciar a carreira musical e resolveu apostar no estilo que mais gosta de cantar
Para mostra que o avanço da tecnologia também é tóxico, Thiago Breno Fernandes gravou o clipe “Geração Veneno – Vai e Vendo”. “Vivemos numa época que nos importamos mais com a bateria do celular, sem se importar em como a mãe está. O projeto mostra a transição de duas gerações, a antiga e a recente”, diz.
A proposta é retratar a realidade e conscientizar os ouvintes sobre essa dependência das redes sociais. “Vivemos em uma era onde todos preferem gastar o dinheiro da luz com prato chique de camarão. Sabendo que fora do wi-fi, no armário falta arroz e feijão, geração veneno. Tudo por causa de status, likes, curtidas. Já tentou desligar seus dados móveis? Você respira”, canta o mc.
Ele tem 28 anos e mora em Aquidauana, 135 quilômetros. Por lá, gravou seu primeiro clipe e comenta sobre as dificuldades de ingressar na música. “Aqui o que predomina é o sertanejo e tudo que foge disso, o pessoal não valoriza. Não vou desistir”, destaca.
O rap surgiu em sua vida ainda na infância, por influência da família. “Tenho um irmão que é três anos mais velho que eu. Quando estava com 11 anos, ele ouvia o Eminem e comecei a gostar também, mesmo sem entender as letras”, lembra. “Identifiquei-me, pois tem uma forma de expressão diferente”, completa.
Agora crescido, Thiago quer mostrar que também tem talento. Por isso, gravou seu primeiro clipe com a colaboração dos amigos que acreditaram no projeto. A intenção foi lançar algo inédito, porém que chame atenção da pessoa que estiver ouvindo. Teve a ideia de falar sobre a vida “tóxica” que muitos levam sem, às vezes, perceber o que está acontecendo.
Thiago preparou todo o roteiro do clipe. “Um local acreditou no meu projeto e não precisei pagar nada. Pedi autorização para gravar num consultório, na cena que uma pessoa tira selfie antes de receber o resultado do exame. Outro foi um mercado onde um menino compra camarão com dinheiro que roubou da mãe, para postar nas redes socais”, explica.
Foram três meses até concluir o trabalho do jeito que queria. “Também gravamos nos becos, campinhos de futebol e até pegamos uma menina que quase é atropelada ao atravessar a rua, porque mexendo no celular e desligou do mundo. Todos que participaram do clipe são conhecidos”.
O mc está em busca de espaço na carreira artística. “Ainda não vivo da música, sou autônomo e mexo com instalações de cerca elétrica, mas sonho em viver. É para o pessoal ver que tem sim rap consciente e tenho outras canções. Vou continuar com minhas músicas de indignação, mas dificilmente toca na rádio. Vou fazer letra comercial também”, conclui.
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Confira o clipe abaixo: