Em oportunidade rara, espetáculo de Deborah Colker chega com poesia e crítica
Espetáculo de dança 'Cão sem Plumas" é montagem baseada em poema de João Cabral de Melo Neto
Uma das maiores coreógrafas brasileiras, Deborah Colker apresenta em Campo Grande o novo espetáculo “Cão sem Plumas” ainda neste mês, no Teatro Glauce Rocha. Reconhecida com homenagens como o Prêmio Laurence Olivier, uma espécie de Oscar das artes cênicas, ela é parte fundamental da história da dança contemporânea nacional e internacional. Deborah assina, por exemplo, como uma das diretoras da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
Em turnê por várias cidades brasileiras com patrocínio da Petrobras, a capital sul-mato-grossense é uma das contempladas com um espetáculo de 1h10, de qualidade técnica como há muito tempo não é montada por aqui. No palco, o tema colocado também é super pertinente para a cidade, fala de problemas sociais, econômicos, políticos e sobre recursos naturais.
Em Campo Grande a produção local é da atriz e diretora Andrea Freire, que já havia feito produções com a equipe que atualmente acompanha Deborah. “Eles entraram em contato para fazer a produção local. Estou muito feliz porque é uma grande companhia de dança e Campo Grande vai ter uma oportunidade, tão rara, de um espetáculo com essa qualidade e categoria”.
Nesta segunda-feira, minutos após a divulgação do evento nas redes sociais, Andrea sentiu o impacto da presença da companhia de Deborah Colker em Campo Grande, principalmente, porque a coreógrafa não aparece por aqui há 18 anos. “Acredito que as pessoas que gostam de arte e dança, vão estar lá. Quem a viu naquela ocasião, certamente não esqueceu”.
Nos dias 16 e 17 de junho, às 21h e 20h, respectivamente, o “Cão sem Plumas” promete surpreender o público no teatro. O espetáculo é baseado no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1950, sobre a pobreza e a seca na região do Rio Capibaribe. À época, o escritor fez um alerta sobre o descaso com o rio que corta boa parte do estado de Pernambuco, como "um cão sem plumas”, “nada sabia da chuva azul”.
Ao som que mistura coco, maracatu e outros ritmos do agreste pernambucano, bailarinos mostram a pobreza da população ribeirinha e a vida no mangue. Em movimentos, eles se transmutaram em caranguejos. A apresentação também assume um papel social, de conscientização sobre o uso dos recursos naturais. Deborah costuma dizer que criou um espetáculo sobre o "inconcebível, o inadmissível", sobre o que não deveria existir, não deveria ser permitido.
Para entender os detalhes, é preciso saber que no palco, a dança se mistura com o cinema. Enquanto o filme, produzido pela coreógrafa e pelo pernambucano Claudio Assis, é projetado no palco, bailarinos parecem se unir as imagens.
Em outros momentos, a impressão é que saem de dentro da tela e vão para o palco. Assim bailarinos se cobrem de lama, numa referência às paisagens que o poema descreve. “Com certeza, será uma experiência criativa e artística única”, descreve Andrea.
Onde comprar - Os ingressos já estão à venda por R$ 60,00 (meia-entrada) e R$ 120,00 (inteira). Eles podem ser adquiridos na livraria Le Parole e através do site www.ativaingressos.com.br.
A apresentação da Companhia de Dança Deborah Colker será nos dias 16 e 17 de junho, às 21h e 20h, no Teatro Glauce Rocha, que fica no campus da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).