Ensinada por “filezeiras”, arte praieira transforma rede em quadros
Amigas aprenderam técnica em Alagoas e trouxeram artesanato para Campo Grande
Há sete anos, Vera Cella e Izabel Cruz voltaram para Campo Grande trazendo conhecimentos aprendidos na beira do mar, em Maceió (Alagoas), sobre como transformar linhas em redes de pesca artísticas. Ensinadas por tradicionais “filezeiras”, as duas amigas adaptaram as técnicas para o gosto sul-mato-grossense e hoje criam desde roupas para o cotidiano até grandes quadros bordados.
Presente nas feiras artesanais de Alagoas, o chamado bordado de filé é patrimônio cultural do estado e encantou as duas amigas. Na época, ambas moravam em Maceió e, de acordo com Vera, elas não imaginavam que iriam trazer a arte para cá.
Aposentada, a artesã detalha que era policial rodoviária federal e aproveitava os momentos de folga para aprender sobre o bordado. “A gente via aquelas peças lindas na feira e Izabel foi para o Pontal da Barra, fez amizade com as rendeiras e começou a aprender. Como gostei, eu também comecei a aprender nos finais de semana”.
Explicando sobre a técnica, Vera conta que a primeira etapa é tecer a rede de fundo, inspirada em redes de pesca. Só depois que todo o pano de fundo já está pronto é que o bordado em destaque começa a ser delimitado e ganha forma.
Em Maceió, apenas Izabel começou a trabalhar com a técnica, enquanto Vera esperou se aposentar para mudar de área. “Em 2015, nós voltamos para cá e minhas irmãs, Maristela e Janete, cuidavam dos nossos pais, que tinham Alzheimer. As duas abandonaram os serviços e não tinham renda, então resolvemos trabalhar em conjunto”.
Ao contrário de Vera, Janete já trabalhava com artesanato, Maristela era costureira e aprender as novas técnicas não levou muito tempo. “Foi assim que montamos a C4 Bordados e Criações. Trouxemos alguns modelos e começamos a desenvolver nosso trabalho aqui vendendo para amigos e conhecidos”, diz.
Devido ao clima e os costumes serem diferentes, a artesã explica que foi necessário adaptar as peças produzidas em Campo Grande. Enquanto no nordeste os bordados de filé eram destinados para a praia, Vera comenta que aqui as linhas se transformam em roupas para o cotidiano e quadros decorativos.
“Fazemos roupas, painéis, transformamos fotos em bordados, enfim, de tudo um pouco. Então hoje trabalhamos tanto com essa parte mais de moda quanto de decoração também”, conta Vera.
E, entre os projetos desenvolvidos pelo grupo, também estão homenagens para artistas regionais. Na lista estão Aracy Balabanian, que já foi bordada, Almir Sater, Ney Matogrosso, Glauce Rocha, Michel Teló, entre outros.
Comercializando tanto produtos já prontos quanto encomendas, o grupo publica suas artes no perfil do Instagram @c4bordados_e_criacoes.
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