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Artes

Entre amigos, Delinha comemora 80 anos com documentário emocionante

Naiane Mesquita | 06/09/2016 22:20
Delinha durante o lançamento do documentário "A Dama do Rasqueado" (Foto: Alcides Neto)
Delinha durante o lançamento do documentário "A Dama do Rasqueado" (Foto: Alcides Neto)

Delinha agora é estrela de cinema. Com 80 anos de idade, completados nesta quarta, a cantora se viu pela primeira vez em uma tela enorme durante a sessão de estreia do documentário “A Dama do Rasqueado”, da cineasta Marinete Pinheiro. O sorriso no rosto, a vaidade que ela mantém há tantos anos e um ar de saudosismo iluminaram a noite, que relembrou toda a carreira do casal de onças de Mato Grosso do Sul.

“Onde eu ia a Marinete estava atrás. Ia cantar, tinha um microfone na roupa e aquele negocinho atrás, aquilo (o equipamento) me incomodava muito. Na van, nos shows, gravamos muito mesmo”, afirma Delinha.

Delinha tem mais de 50 anos de carreira e a maior discografia do Estado (Foto: Alcides Neto)
Delinha tem mais de 50 anos de carreira e a maior discografia do Estado (Foto: Alcides Neto)

Ao todo foram três anos de produção do documentário, que começou exatamente no dia 7 de setembro de 2013, durante um show da Dama do Rasqueado no Clube Escoril. Na época, Marinete retornava dos estudos sobre cinema em Cuba e entrava em contato novamente com a cultura sul-mato-grossense. “Um dia conversando com o Jerry Espíndola, falamos sobre a necessidade de resgatar a história de artistas que foram tão importantes para o Estado. Personagens históricos mesmos, que mereciam filmes, no caso a Delinha surgiu como primeiro nome para nós. Lembramos do caso da Helena Meirelles que já tinha um e achamos que deveríamos continuar com esse trabalho de documentar o trabalho artístico de Mato Grosso do Sul”, explica Marinete.

Jerry se tornou produtor executivo do documentário, que recebeu recursos do FIC (Fundo de Investimentos Culturais) do Governo do Estado. “Essa história começou com o livro do Rodrigo Teixeira, os Pioneiros, que conta a trajetória de artistas de MS. Percebemos que não há registros audiovisuais e que era preciso. Ficamos três anos nesse projeto que teve vários percalços, esperando a Delinha melhorar de saúde e aqui estamos”, diz.

Para Delinha, que estava rodeada de amigos e familiares, é motivo de brincadeira e honra se tornar uma “artista de cinema”. “A gente quando está na estrada, focado na carreira não tem tempo de ir ao cinema sempre. Mas, quando eu era mocinha eu adorava ir nas matinês do Cine Alhambra, aquele que ficava na 14 de Julho com a Afonso Pena”, relembra.

Marinete Pinheiro realizou o filme durante três anos (Foto: Alcides Neto)
Marinete Pinheiro realizou o filme durante três anos (Foto: Alcides Neto)

O filme percorre de forma não-linear os mais de 50 anos de carreira de Delinha, relembrando os momentos ao lado do ex-marido, Délio, que faleceu em 2010, assim como o processo criativo e de composição das canções. Entre as entrevistas há nomes importantes da música, como Paulo Simões, Maciel Correa, Aurelio Miranda, Tostão, o maestro Eduardo Martinelli e o cantor Michel Teló.

Mesclando os depoimentos, Marinete incluiu regravações de canções famosas de Delinha, nas vozes de Tetê e Alzira Espíndola e até da nova geração, como Marina Peralta e Douglas Almeida. Entre os momentos gloriosos estão cenas históricas dos dois, captadas da TVE e TV Morena. Apesar de não mostrar ao certo a data das reportagens é interessante observar como era a dupla, principalmente para quem tem cerca de 20 anos de idade.

Sessão foi reservada, mas ideia é colocar o filme em cartaz (Foto: Alcides Neto)
Sessão foi reservada, mas ideia é colocar o filme em cartaz (Foto: Alcides Neto)

Delinha que tem a maior discografia entre músicos do Estado e que trabalhou incansávelmente como artista durante todos esses anos é mostrada como uma compositora exímia. “É impressionante que ela tenha vivido todos esses anos de música, trabalhando como artista, em um Estado que nós sabemos que isso é muito difícil. Ela é um ícone para a música do País”, acredita Marinete.

Na noite de ontem, a exibição do documentário foi de estreia, mas a ideia é colocar o filme em cartaz durante três dias. “Ainda estou em negociação com o Cinépolis. Queremos que mais pessoas vejam o documentário”, diz a cineasta.

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