Inspirado no bisavô, Nestor descobriu na escultura lado artístico
Diagnosticado com TEA na infância, ele sempre foi incentivado pela mãe a descobrir o que gostava de fazer
As esculturas que o bisavô fazia inspiraram Nestor Pereira da Silva, de 40 anos, a desenvolver a própria coleção. Em 2018, ele começou sozinho a aprender como transformar pedaços de madeiras em figuras humanas e animalescas. Diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista) na infância, ele sempre recebeu o incentivo da mãe, Etair Aparecida Vieira de Melo Pereira.
A professora aposentada diz que o contato do filho com as obras do avô, que também se chamava Nestor, aconteceu durante a viagem onde visitou a casa em que foi criada. No tempo em que estavam visitando a residência, ele não fez nenhum comentário sobre as esculturas, mas foi no retorno que tudo mudou.
Sem saber como, Nestor descobriu a escultura dando asas à imaginação e fazendo tudo de forma intuitiva. “Meu avô era escultor, ele viu as obras, voltou para Campo Grande e começou a fazer. Ele pegou um galho de goiaba e começou a fazer”, conta a mãe.
Nos últimos 4 anos, Nestor evoluiu na técnica e participou de três exposições, sendo duas coletivas e uma individual. Ele explica o processo e que é motivado pelo público a continuar trabalhando. “Eu pego a madeira e descasco com a faquinha. Eu faço a cabeça e o corpo com a faquinha aí deixo pronto e lixo. Pinto e envernizo e fica pronto. As pessoas elogiam e apoiam”, afirma.
Aceitando encomendas, os valores dependem do tamanho da escultura. Algumas das peças feitas por Nestor são inspiradas em cangaceiros e outras em pessoas negras. Os valores variam de R$ 10 até R$ 50.
Nestor frequenta a escola da Associação Juliano Varela todos os dias e mesmo assim encontra tempo para dedicar aos bonecos. A mãe relata a dedicação que ele demonstra. “Todo dia ele faz um pouquinho, ele faz com madeira fresca, ele fica de olho quando tem poda de árvore. Quando ele quer uma coisa, ele faz do jeito dele”, destaca.
Em relação ao TEA, Etair conta que Nestor recebeu outro diagnóstico antes dos médicos concluírem qual estava certo. “Ele começou a falar com 4 anos, por isso levei ao médico. Na época, ele foi diagnosticado como hiperativo e depois veio o laudo de autismo”, recorda.
Desde então, ela incentiva o filho a desenvolver diferentes habilidades. “Quando ele foi diagnosticado eu colocava ele na natação, dança. O que falavam que era bom para focar. Eu colocava pra ver o que ele gostava na vida”, afirma.
A escultura é uma das atividades que Nestor gostou de descobrir, assim como a música e a capoeira. Em breve, ele planeja narrar a própria história no livro que pretende escrever. “Ele escreve coisas que só quando leio vou lembrar, ele tem uma memória”, elogia Etair.
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