Luiz fez da rua museu a céu aberto para expor arte com pessoas negras

Luiz Daniel Almeida de Souza, de 20 anos, era só uma criança quando descobriu que gostava de desenhar e pintar. Nas mãos deles, as folhas dos cadernos não duravam nem duas semanas, pois a criatividade e as figuras preenchiam todas as páginas. Agora, a cidade serve de museu a céu aberto onde ele expõe os quadros que cria no estilo arte stencil.

A Orla Morena é um dos lugares onde Luiz deixa à disposição do público desenhos que retratam exclusivamente pessoas negras. Próximo à pista de skate, às quartas-feiras, durante as batalhas de rima, o artista posiciona os desenhos.

Levar a arte para a rua, segundo o jovem, é importante e essencial para incentivar outras pessoas.

“Eu quero encorajar mais artistas. Campo Grande está cheio de artistas, mas a maioria não tem visibilidade”, diz.

Em 2019, ele iniciou o trabalho que sofreu interrupção durante o período da pandemia. Em relação a técnica stencil, Luiz explica a definição dela e sobre o processo de produção das obras. “É uma técnica de pintura para ser aplicada em qualquer superfície. Para fazer uma arte nesse estilo você tem que ver uma imagem de referência e fazer as partes mais escuras”, esclarece.

Para realçar as partes mais escuras, o jovem produz o próprio material com o uso de uma bebida bem conhecida pelos brasileiros. "A tinta é caseira, feita com café, três gotas de bisnaga e água", fala. Em seguida, Luiz busca exemplos na internet e dá vida às imagens. “Eu pego referência da internet, pesquiso algumas fotos e faço os desenhos”, destaca.

Como surgiu o interesse pela arte - Ao recordar como começou a história dele com a arte, Luiz falou sobre a infância e o período nostálgico dos primeiros cadernos onde desenhou. “Com 8 anos eu já estava rabiscando uns cadernos de desenho, eu usava todas as folhas em menos de duas semanas.Todo dia cinco eu pedia pro meu pai comprar caderno de desenho”, expõe.

Confira o vídeo do jovem desenhando:

De acordo com o rapaz, um familiar foi a sua primeira referência de artista. “Sempre quando visitava minha bisa eu via o quarto do meu primo que era cheio de desenho. Eu ficava encantado, meu primo desenhava muito, o nome dele é Jorge. Infelizmente foi assassinado”, lamenta.

Através do transporte público, o artista leva à Orla Morena os 13 desenhos que expõe semanalmente. Futuramente, ele planeja levar as criações para demais regiões de Campo Grande.  "Mês que vem vou levar na praça, só tenho que arrumar algumas coisas para apoiar o desenho, porque não consigo levar muita coisa no ônibus", finaliza.

Se você quiser conferir o trabalho do Luiz, o Instagram é luizao_art

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).