“Mãe de todo mundo”, dona Stella tinha olhos para a simplicidade
Neto Felipe Barros destaca o que ficou da avó e mulher protetora que tinha apreço pelas simplicidades da vida
Mineira, “mãe de todo mundo” por essência e uma semeadora das coisas simples, a história de vida de dona Stella Barros, companheira do poeta Manoel de Barros, que morreu na manhã desta sexta-feira (18) em Campo Grande, é lembrada com carinho pelo neto fisioterapeuta e professor universitário Felipe Barros, de 42 anos.
Dona de dois aniversários, Stella nasceu no dia 22 de abril de 1921 no interior de Minas Gerais, mas o registro de nascimento só veio três meses depois. Por isso, dia 22 de julho também era dia de apagar as velinhas.
Ainda pequena perdeu a mãe e foi criada na fazenda pelos avós, talvez, por isso, o amor que ela tinha por todos era ainda maior, recorda Felipe. “Sempre foi uma mulher protetora, mãe de todo mundo. A vida dela sempre cuidar dele [Manoel] e dos filhos”, conta.
Felipe lembra da importância que ela dava para todos a sua volta. “Ela se preocupava muito com as pessoas, dos netos às pessoas que trabalhavam na casa dela. Ajudou muitas funcionárias a comprarem suas casas, se preocupava com a educação de todos, sempre fez questão de arcar com os estudos dos netos. Uma mulher que nunca ligou para vaidades, mas para formação da família com valores”.
Assim como o companheiro de vida, Stella tinha olhos para a simplicidade. “Gostava muito das coisas simples, tanto é que o sonho dela era ter um Fusca”.
Os últimos meses foram de visitas cuidadosas à dona Stella. Por conta da pandemia e risco de contágio do coronavírus, os netos e sobrinhos que vivem em Campo Grande não se aproximavam, mas estavam sempre por perto para ver como a avó estava. “De uns meses para cá ela vinha perdendo a consciência e há um mês já não estava mais lúcida”, lembra o neto.
Ainda emocionado com a despedida, Felipe menciona que a família perdeu mais que uma avó, se foi o ponto de equilíbrio da família. “Ela foi a pessoa que segurou o meu avô, que sempre esteve ao lado dele, foi também o ponto de equilíbrio da família. Sempre nos ligava para saber se estava tudo bem, se a nossa vida estava indo para a frente. Isso não dá para esquecer”, acrescenta.
Despedida – Stella partiu hoje, aos 99 anos, na véspera do aniversário do poeta, que completaria 103 amanhã, dia 19 de dezembro. Ela estava em casa, na Rua Piratininga, no bairro Jardim dos Estados.
Segundo a família, por conta da suspeita da doença covid-19 não haverá velório, mas o enterro será no Parque das Primaveras, onde o marido está sepultado.
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