Maluco por tempestade, Maycon põe o pé na estrada para clicar temporais
De mesociclone a red sprite, ele já registrou vários fenômenos da natureza que aconteceu em Mato Grosso do Sul
Aos 28 anos, Maycon Zanata é o caçador de tempestade que põe o pé na estrada para fotografar os fenômenos da natureza no céu de Mato Grosso do Sul. Ele é de Dourados, 229 quilômetros de Campo Grande, e desde 2017 resolveu encarar os temporais em busca de uma imagem perfeita para guardar de arquivo e futuramente montar um documentário.
“Fotografo tempestade porque gosto de criar conteúdo e meu sonho é ir para Oklahoma nos Estados Unidos, onde acontece muitos fenômenos, mas preciso de patrocínio. Quero construir conteúdos para vender, fazer exposições. As imagens que fiz aqui no Estado estou produzindo calendários”, conta.
Ele é fotógrafo há cinco anos e revela que sempre gostou das câmeras, pois fazia imagens amadoras para lembrar de momentos importantes e depois se profissionalizou. A primeira tempestade que registrou foi no sítio da família, perto do município onde mora.
“Estava voltando para a casa quando vi uma tempestade forte, que não era comum. Parei o carro no acostamento e fiz as fotos. Era uma nuvem prateleira, que é um paredão de nuvem baixa e acontece quando o céu inteiro está limpo e vem chegando o temporal forte, com rajadas de vento e pode até trazer chuva com granizo”, explica.
Depois de conseguir as fotos, postou as imagens nas redes socais e recebeu vários comentários. Percebeu que os registros chamaram atenção e passou a estudar meteorologia, para entender mais os fenômenos da natureza. “Li livros de ciências, assisti documentários sobre tornados e tempestades”, relata Maycon.
Se juntou a um grupo de caçadores de tempestades do Estado e passou a enfrentar às estradas, principalmente na primavera e verão. “É quando chove quase todos os dias, geralmente à tarde, e às vezes, consigo pegar até dois temporais. A noite, fotografo raios e já peguei até red sprite em Campo Grande”.
Red sprite são raios vermelhos, que surgem acima das nuvens. “A nuvem está a 12 mil metros do chão e esse fenômeno ocorre entre ela e a parte estrelada do céu. Capturei porque estava fazendo outro ensaio e surgiu a imagem a 200 quilômetros de distância”, recorda o caçador.
Maycon também conseguiu clicar a formação de um mesociclone a 50 quilômetros de Dourados. “É uma rotação de nuvens que pode formar tornado. A tempestade causou estragos na região. Na época o radar meteorológico de tempestades severas estava desligado, então não sabia do evento, aí começaram me mandar mensagem avisando”.
Na semana passada os moradores de Fátima do Sul registraram um tornado passando pela região e informaram Maycon. No entanto, ele não conseguiu chegar a tempo. “Só no mês passado fotografei 14 tempestades e nesse já foram três. Vou para Ponta Porã, Juti, Naviraí e até Paraguai para caçar essas tempestades”.
Toda vez que vai em busca dos cliques, Maycon se mantém numa distância segura para evitar riscos, principalmente quando cai raios. “Quando começa a cair, entro no carro porque é isolador por conta dos pneus de borrachas e deixo a câmera fotografando no automático do lado de fora”, comenta.
Em 2020, Maycon pretende fazer uma exposição com as imagens que fez nesses anos em Dourados e em Campo Grande.