Nascida em Campo Grande, Aracy Balabanian morre aos 83 anos

Morreu na manhã desta segunda-feira (7) a atriz Aracy Balabanian, no Rio de Janeiro, aos 83 anos. Ela estava internada no Clínica São Vicente, na Gávea, na Zona Sul da cidade.

Uma das mais experientes e respeitadas atrizes do país, Aracy é filha de imigrantes armênios e nasceu em Campo Grande em 22 de fevereiro de 1940. A atriz ganhou notoriedade após interpretar papeis de destaque na Rede Globo como a Dona Armênia Giovani, da novela Rainha da Sucata, a Germana em Da Cor do Pecado e Cassandra, no humorístico Sai de Baixo.

A campo-grandense se apaixonou pelo teatro ainda na infância.  Aos 15 anos se mudou para São Paulo com a família e começou a batalhar pelo sonho de ser atriz.

Aracy fez sua estreia na Globo em 1972, na novela Primeiro Amor. O último trabalho da intérprete na TV foi no especial de fim de ano Globo "Juntos a Magia Acontece", exibido em dezembro de 2019, como a personagem Dona Rosa. A última entrevista da artista aconteceu há quase um ano, durante o programa Conversa com Bial.

Aracy no Aracy 

Há 20 anos, o produtor cultural sul-mato-grossense Pedro Silva foi quem teve a incrível oportunidade de trazer Aracy Balabanian para Campo Grande, no teatro que leva o seu nome e que foi construído em sua homenagem na Rua 26 de Agosto. Ele relembra emocionado aquele momento que deixou o teatro lotado por dois dias.

Mesmo com uma capacidade de apenas 380 lugares, um número menor em comparação a outros espaços como o Glauce Rocha e o Palácio Popular da Cultura, Pedro decidiu prestar essa homenagem única a Aracy. "Ela costumava reclamar que não tinha um teatro com o seu nome, então, ao trazê-la para se apresentar aqui, conseguimos realizar esse desejo. Foram dois dias de espetáculos lotados. Trouxemos a peça 'Aracy no Aracy'.

Além disso, Pedro relembra a gentileza e o carinho de Aracy por Campo Grande, onde ela não apenas se sentia parte da família, mas também expressava seu apreço pela cidade sempre que tinha a oportunidade.

Nas redes sociais, o ator Miguel Falabella, que durante anos foi parceiro de trabalho, lamentou a morte. "E então você se foi, assim, nesse dia ensolarado, como são ensolaradas as lembranças que invadem a minha cabeça, num jorro incessante, ainda que meu coração esteja nublado. Minha amada Aracy, minha rainha, atriz de primeira grandeza, companheira irretocável, amor de muitas vidas. Obrigado pela honra de ter estado ao seu lado exercendo nosso ofício, obrigado pelo afeto, pelos conselhos, pelas gargalhadas e pela vida que você tão delicadamente me ofereceu. Consola-me saber que estaremos para sempre juntos em alguma reprise de uma futura sessão nostálgica. Te amo para sempre. Até um dia!", publicou o artista.

História - No Livro "Nunca Fui Anjo", a escritora e amiga Tânia Carvalho escreveu que Aracy e era muito mimada pelos pais Raphael e Esther, ambos armênio que vieram para Campo Grande, até descobrir que queria ser atriz, aos 12 anos.  "Teve mãe de sobra – mãe para mim é genérico – pois além de Dona Esther, ela foi criada por suas quatro irmãs. Eram elas que iam ao colégio, discutiam com os professores e, mais tarde, até com meu analista. Por isso, talvez, seja tão generosa com quem a cerca. Gosta de mimar e de ser mimada. Alguns dos irmãos – eram seis, juntando os dois lados e contando os dois homens – apoiaram a sua 8 escolha em ser atriz, ainda muito menina, com 12 anos. Outros, nem tanto. Mas seu desejo era tão forte que venceu a oposição até de Seu Raphael, o mascate armênio, que se instalou em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, com quatro filhos; casou-se novamente com uma jovem armênia que havia ficado viúva com um filho e com ela teve a caçula, se não a predileta, a que ficou até o fim do lado dos pais. E, logo, esta resolveu ser atriz! A resistência foi muita, até ver Aracy ao lado de Sérgio Cardoso, e perceber que a filhinha havia chegado a um patamar, como atriz, de onde não dava para voltar. E para comemorar fazia pratos armênios para o famoso ator, dentre eles, o preferido de Sérgio: arroz com lentilhas".

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