Nem lata de sardinha escapou, artesã usa reciclado para fazer arte
Cascas de árvore, galhos e tampinhas viram decorações dignas de destaque em paredes, mesas e portas

Tampinhas, cascas de árvore e até latas de sardinha viraram tela para que a artesã Andréa Teixeira Albaneze, de 61 anos, transformasse em arte. A ideia é tirar os resíduos que iriam para o lixo do meio ambiente e fazer deles itens de decoração dignos de destaque nas paredes, mesas e portas. Na tentativa de dar vida aos materiais, a ex-funcionária pública faz casinhas de ribeirinhos, oratórios, colares, quadros, guirlandas de cipó e diversos enfeites.
Apaixonada pelo artesanato desde a juventude, ela resolveu juntar paixões e criar uma identidade só dela, que mistura os itens com o Espírito Santo, sempre presente nas peças. O que era hobby virou profissão após Andréa se aposentar em 2019, quando uma amiga viu os trabalhos e a convidou para participar de feiras em Corumbá.
“Eu olhava caçambas de obras atrás de madeiras, portas. Sempre gostei de dar novos usos pras coisas que iriam para o lixo. Meus amigos sabem que gosto de reutilizar, sempre ganho madeiras, molduras, sacos de bijuterias que não servem mais".
Entre as escolhas das matérias-primas estão os galhos secos da acerola, cascas de coqueiro, sementes de jacarandá e acuri. "Eu recolho folhas diferentes e coloco para secar. Temos tantas árvores que têm sementes lindas, em forma de coração, por exemplo. São uma infinidades de material que a natureza nos dá de graça”.
Outro gosto da artesã é fazer casinha inspiradas nas dos ribeirinhos que vivem às margens do Rio Paraguai. As réplicas em miniaturas são xodó dela e feitas de diversos materiais. Em todas a imagem do Espírito Santo está presente. Ela conta que na hora de criar coloca um para guiar os trabalhos.
“Gosto muito de fazer as casinhas. Usar a criatividade me encanta. Quando faço elas e os oratórios eu esqueço de tudo, fico horas criando. Como sou muito religiosa coloco ele [o Espírito Santo] em quase tudo que faço. Sempre gostei de fazer caderno para os meus filhos, encapá-los. Minha mãe é de Minas e sempre gostei do artesanato de lá com o Espírito Santo e chita”.
Após participar de feiras, ela conquistou um espacinho na Casa do Artesão de Corumbá, onde tem uma sala para expor os produtos. Os itens são vendidos de R$ 10 a R$ 280. Ela explica que o preço cobrado vai depender se ela ganha o material ou precisa comprar.
Embora ela se sinta feliz com a rotina, a artesã lamenta a falta de interesse dos cidadãos pelo que ela faz. Andréa conta que a ideia é dar cursos para crianças futuramente, para que elas aprendam a reutilizar os resíduos.
“Antes eu tinha muita vontade de fazer só isso, mas como trabalhava não dava. Agora aposentada, minha casa respira artesanato. Para falar a verdade aqui as pessoas não valorizam artesanato, é muito triste isso”, enfatiza.
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