Nos textos "encarnados", livro escreve contos que vão do sensível ao estranho
"O Olho Esquerdo" é a nova obra literária de André Alvez, escritor sul-mato-grossense que assina coluna no Campo Grande News
Lançando seu primeiro livro de contos, o escritor André Alvez, 55 anos, se entregou mais uma vez no mundo das palavras, desta vez com 15 textos inéditos que revelam sua nova vertente. Ele já é um conhecido do site por assinar a coluna Beba das Crônicas aqui no Campo Grande News. Agora, cativa o leitor com um "olhar esquerdo", isto é, de soslaio, em busca da liberdade de ser estranho, sensível e, ao mesmo tempo, à procura de histórias inesperadas.
O livro "O Olho Esquerdo" (Editora Patuá, 230 p.) traz reflexão já no início, como no conto “Em frente ao portão”, uma abertura cheia de interrogações. Já em “Tatuagem”, o preço da liberdade é questionado por um personagem que resolve se prender às asas de uma borboleta. Em “Precisamos matar uma tartaruga”, uma viagem marítima e fantástica, porque "o viver não é mais preciso, mas o navegar sim", ressaltou Alves.
“Eu sempre li muitos contos, só que eu já deveria ter feito isso há muito tempo. Meu processo foi gradual, onde comecei a escrever um conto após o outro, levando cerca de um ano para finalizar todos que agora entraram na nova publicação", esclarece o autor de outros 5 livros – dois de crônicas e três de romance.
Professora doutora em Teoria da Literatura na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Lucilene Machado interpreta o "atrevimento" do autor como uma provocação necessária nos dias de hoje.
"É uma coleção de imagens textuais afetivas, às vezes translúcidas, outras embaçadas, mas sempre reivindicando o primado do sonho, do desejo, dos fantasmas íntimos entremeados nas coisas singelas do cotidiano. Os personagens desta obra são sempre caracterizadas pelo olhar. O olhar lamentoso em "Os telhados secos do vilarejo", o olhar atento em "A moeda do tempo" e, também, o olhar aliviado em “O homem que só tinha nariz", descreve.
"É preciso dizer que cada um desses olhares tem uma maneira característica de expressar, sempre encerrando uma forma do não dizer enquanto olha, de se inscrever e silenciar ao mesmo tempo", analisa Lucilene.
No conto homônimo – “O olho esquerdo” – é onde todas essas narrativas se encontram e a linguagem experimenta, enfim, uma auto-reflexão, conforme resenha a professora. "O objetivo passa a levar onde nada se revela. Tudo pode ser visto como uma metáfora da vida, do tempo, do amor e da solidão".
"É um livro que mantém as questões em aberto, como convém ao mundo da ficção. É para, por meio da leitura, se aventurar nos mares, abrir sorriso e contemplar o infinito da inquietude", finaliza.
O livro "O Olho Esquerdo", de André Alvez, pode ser adquirido por R$ 40,00 no site da Editora Patuá.
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