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Artes

Oficina ensina a fazer viola de cocho e a singularidade de cada instrumento

Curso ocorre em Campo Grande e no encerramento haverá música e apresentação da dança do siriri

Tatiana Marin | 28/11/2018 08:43
Cada viola de cocho tem um som único. (Foto: Paulo Francis)
Cada viola de cocho tem um som único. (Foto: Paulo Francis)
Um pedaço de ximbuva é o começo do processo para fazer uma viola de cocho. (Foto: Paulo Francis)
Um pedaço de ximbuva é o começo do processo para fazer uma viola de cocho. (Foto: Paulo Francis)

O começo de tudo é um pedaço de cerca de 90 cm do tronco da ximbuva, que tem um formato que lembra o de um trapézio. As linhas sinuosas do corpo e retas do braço são desenhadas e, com algum trabalho, a madeira chega ao formato de uma viola de cocho.

Estes e outros passos, seu Sebastião de Souza Brandão, de 75 anos, conhecido artesão do instrumento, ensina a cerca de 16 alunos que participam da I Oficina do Modo de Fazer a Viola de Cocho realizado pela Superintendência do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Mato Grosso do Sul. Além de “fazedor” do instrumento, é também “tocador”, aprendeu esse ofício com o pai. “Quando eu nasci, meu pai já fazia viola de cocho”, afirma com orgulho.

Seu Sebastião, à frente, e seu Vergilio explicam o "modo de fazer" da viola de cocho. (Foto: Paulo Francis)
Seu Sebastião, à frente, e seu Vergilio explicam o "modo de fazer" da viola de cocho. (Foto: Paulo Francis)

Já com o formato da viola, é hora de cavar a madeira maciça com o formão curvo e dar a forma ao braço. A tampa é fixada e o acabamento é feito. Tarracha, pestana, rastilho, cordas são fixados. O resultado é único, em cada uma das peças.

“Cada madeira dá um som diferente”, explica seu Sebastião se referindo ao produto final. As dimensões, curvaturas e espessuras também contribuem para a singularidade do timbre que será tocado. Durante a oficina, ele é auxiliado por um de seus aprendizes, seu Vergílio Antônio da Costa, de 67 anos. Há três anos ele aprendeu a modelar o instrumento, mas antes mesmo já tocava.

Joelma Fernandes diz que a oficina é uma forma de salvaguardar a viola de cocho. (Foto: Paulo Francis)
Joelma Fernandes diz que a oficina é uma forma de salvaguardar a viola de cocho. (Foto: Paulo Francis)

A servidora pública Joelma Fernandes, de 36 anos, é uma das participantes da oficina. Ela fez questão de participar, já que trabalha com gerência de patrimônio cultural e cita que o modo de fazer da viola de cocho é registrado. “A oficina é uma forma de salvaguardar esse bem”, atesta.

O músico Adriano Ramos além de fazer, quer aprender a tocar o instrumento. (Foto: Paulo Francis)
O músico Adriano Ramos além de fazer, quer aprender a tocar o instrumento. (Foto: Paulo Francis)

Além de aprender a arte do fazer, o professor Adriano Ramos, de 36 anos, quer aprender a tocar. “Estou curioso para ver ele tocar, porque eu quero aprender”, justifica. Como músico, Adriano fica fascinado pelo resultado único de cada peça. “A gente vai fazendo, faz tudo igual, mas se pegar uma por uma, cada uma tem uma medida diferente, e isso dá o tom do artesanal, não fica exatamente igual, e o som com certeza vai ser outro”, detalha.

A I Oficina do Modo de Fazer da Viola de Cocho, que está sendo realizado no Armazém Cultural, teve início no dia 26 de novembro e será finalizada na próxima sexta-feira (30), a partir das 8h, com a entrega das violas produzidas e a apresentação de uma Dança de Siriri, a partir das 11h.

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