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Artes

Painel belíssimo sinaliza acesso à 1ª aldeia urbana do Brasil

Ele tem 5 metros de altura e fica no Bairro Tiradentes

Cassia Modena | 09/07/2023 07:36
Visão do painel na Avenida Marques de Pombal (Foto: Paulo Francis)
Visão do painel na Avenida Marques de Pombal (Foto: Paulo Francis)

Faltava alguma coisa para sinalizar o acesso à entrada principal da Aldeia Urbana Marçal de Souza, que é a primeira do Brasil e fica em Campo Grande. Há muito tempo, a comunidade desejava ter ali algum símbolo da cultura indígena.

O local ganhou cor nesta sexta-feira (7), com um painel de 5 metros em graffiti por Caio Green. É um retrato de uma criança tocando flauta transversal, com iconografia terena ao fundo.

A ideia era criar algo que unisse atualidade e tradição. "Sugeri temática relacionada ao que a nova geração está fazendo. Como as crianças estão desenvolvendo o conhecimento na flauta, é até uma forma de incentivar", diz Caio.

Graffiti de Caio Green finalizado (Foto: Divulgação/Ana Carolina Fonseca)
Graffiti de Caio Green finalizado (Foto: Divulgação/Ana Carolina Fonseca)

O artista se refere ao início das atividades de uma orquestra indígena infantil na aldeia. A primeira aula aconteceu em 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas. As crianças não pagam nada para aprender música no projeto.

A obra foi iniciada em junho e finalizada este mês. Caio gastou cerca de 15 latas de spray e levou dois dias ao todo para concluir o painel. A execução recebeu financiamento do FMIC (Fundo Municipal de Investimentos Culturais).

Crianças indígenas que fazem parte da orquestra (Foto: Arquivo pessoal/JPhilip Andara)
Crianças indígenas que fazem parte da orquestra (Foto: Arquivo pessoal/JPhilip Andara)

Coração indígena - Mesmo não sendo indígena, Caio atendeu às expectativas da comunidade. Terena que mora na aldeia e coordenadora do Memorial da Cultura Indígena, Maria Auxiliadora Bezerra sentiu que ele captou a essência do que é ser indígena.

"Nós temos sangue indígena e ele tem coração indígena, enquanto tem gente que tem sangue indígena nas mãos", diz, se posicionando sobre a violência que atinge os povos indígenas em Mato Grosso do Sul.

Maria Auxiliadora, a coordenadora do Memorial da Cultura Indígena (Foto: Paulo Francis)
Maria Auxiliadora, a coordenadora do Memorial da Cultura Indígena (Foto: Paulo Francis)

O artista procurou estudar a iconografia terena para preservar a ancestralidade do povo, ao mesmo tempo em que tentou trazer o diferente. "Representei os indígenas com o marrom, da cor da pele, mas também tentei trazer o azul para misturar uma cor menos vista na cultura deles", explica.

Ele também ministrou oficinas às crianças e aos adultos indígenas, a quem ensinou o graffiti e tingimento de roupas. "Esse contato foi importante para entender mais da cultura deles e de como eles vivem hoje", acrescenta.

Mural - Em abril, Caio Green ainda revitalizou, ao lado da artista Alice Hellmann, o muro do Memorial da Cultura Indígena. Eles imprimiram nele uma imagem da primeira cacique mulher da comunidade, Enir Terena.

Como ficou o mural do memorial (Foto: Paulo Francis)
Como ficou o mural do memorial (Foto: Paulo Francis)

O mural, o painel e as oficinas estavam previstos no projeto Kéxunakoa – que significa “fortalecer a tradição” – e foi proposto pela professora Fabriciane Malheiros em 2021. Com os recursos do fundo cultural liberados após a pandemia de covid-19, foi executado este ano.

Quer ver de perto? - O painel da criança indígena foi feito em um muro do cruzamento da Rua Galdino Pataxó e a Avenida Marquês de Pombal, no Bairro Tiradentes.

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