Pela arte feminina, “Quintetas” usam show para incentivar mulheres
Cinco amigas resolveram se unir para formar grupo de música em Campo Grande e assim dar visibilidade ao público feminino
Ana Cabral, Ale Moura, Jéssica Cândido, Nathalia Ziê e Maria Rita se uniram para dar mais visibilidade às mulheres e incentivar artistas a ocuparem o cenário cultural de Campo Grande. Elas formam o grupo “Quintetas”, que surgiu neste mês ocupando espaços público em nome da arte feminina.
“É uma oportunidade de ocupar os espaços, rua, calçada, sarau. Aqui a maioria dos shows são com homens, isso é legal, mas onde estão as mulheres? É uma chance de mostrar o que queremos dizer usando a música, poesia e intervenções com falas de visibilidade”, diz Jéssica, a Jess.
Ela é cantora e busca com o grupo fazer mulheres ocuparem mais espaços na Capital. “O Quintetas vem para mostrar a sua cara, errando, aprendendo, musicalizando, se moldando, o que não pode é deixar de fazer. Que 2020 seja próspero para nós e para outras mulheres, indígenas, negras, brancas, etc”.
O grupo surgiu a partir da ideia da cantora Ana Cabral. Há sete anos ela pensava no projeto de reunir mulheres instrumentistas e musicistas para tocar e apresentar a mulher na música. Ela tem 37 anos e atua na música há 17. Quando sobe ao palco toca de tudo um pouco, MPB, sertanejo raiz, bossa nova até samba e brega.
“Não fico presa a gêneros. Aprendi a tocar violão aos 18 anos e descobri que tinha talento. Aos poucos fui pegando prática e aprimorando. Tenho um primo que toca com Michel Teló que também foi uma das minhas influências”, revela Ana.
A primeira apresentação do grupo ocorreu na Praça da Bolívia. “Estávamos um pouco cruas, mas estamos alinhando, ensaiando e construindo nova identidade para o Quintetas”, diz Ana. Na banda tudo é em equipe e elas dividem as tarefas antes de subir ao palco. “Todas cantam e tocam, escolhemos juntas o repertório e entre uma música e outra, temos intervenções com falas de empoderamento feminino. Buscamos enaltecer a mulher”, completa.
Para Maria Rita, é bom estar num grupo feminino. “É importante para abrir caminhos para outras mulheres, principalmente instrumentistas. Além disso, coloca nossa visão de mundo nas letras das canções em relação as várias questões”, diz.
Ela também é tecladista da Banda Municipal. “Só tem eu de mulher nesse grupo. Acho que os homens são mais competitivos e tocar com mulheres é mais tranquilo, pois dividimos mais. Sempre senti falta de mulheres instrumentistas”, comenta Maria Rita.
“Motivo por ser um grupo de mulheres é por amar música e percussão, e a importância de nós mulheres estarmos unidas contra toda forma de opressão, ocupando nossos espaços de fala na cena musical, na arte que transforma, transgride, liberta, e emana energia para as outras manas se empoderarem também”, fala Alessandra Moura.
Ela atua na música desde 2008, quando comprou um tamborim e foi para a escola de samba aprender. “Acabei saindo na bateria no Cordão Valu, nos esquentas. Em 2012 aprendi a tocar outros instrumentos de percussão”.
Alessandra destaca que agora a luta contra o preconceito ganha mais força. “Temos a luta antirracista, pregamos o amor, alegria, resistência porque é com a arte que vamos transformar e ecoar os pensamentos”, finaliza.
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