Pela inclusão, deficientes pintam obras e usam traços pantaneiros em exposição
Os artistas são da APAE de Corumbá e a mostra continua até dia 16 deste mês na Galeria de Vidro da Capital
Em busca de inclusão social, os deficientes que fazem acompanhamento pela APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Corumbá, 425 quilômetros de Campo Grande, pintaram quadros usando cores vivas e traços marcantes. Cerca de 34 obras ficarão expostas até dia 16 de dezembro, das 9h às 17h na Galeria de Vidro, com entrada franca.
A mostra é organizada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a chefe da divisão do local, Silvia Cedron fala sobre a proposta dos trabalhos. “A importância do evento é a inclusão social, pois os quadros mostram que eles são capazes de reconhecer a arte e criar produtos com olhar diferenciado e criativo”, destaca.
Ela acompanhou a produção em Corumbá antes de trazer para a Capital. Foram cinco dias de trabalhos intensos com pintores, que têm vários tipos de deficiência. “Em dois dias ocorreram a capacitação dos técnicos do Iphan e nos outros aconteceram as visitas guiadas. Fomos no Muhpan (Museu de História do Pantanal)”, conta Silvia sobre as inspirações dos artistas.
Depois os pintores voltaram ao instituto onde receberam materiais para produzirem as obras relacionadas a cultura sul-mato-grossense. “Usaram moldes de silkscreen relacionados aos bens do Estado, como a viola, representaram alguns objetos de sítios arqueológicos, ladrilhos hidráulicos. Adaptaram do jeito deles, trabalhando a criatividade”.
São vários quadros todos com cores vibrantes e traços marcantes, que encantam à primeira vista, como a obra do Rian de 12 anos. Ele aproveitou a tela para desenhar um trem carregando um violão no vagão. O pequeno artista usou e abusou das cores, aplicando o azul para contrastar com rosa e o alaranjado.
Outro apostou nos ladrilhos hidráulicos coloridos para mostrar o talento com a pintura. A onça-pintada, símbolo do pantanal não ficou de fora e foi retratada como um felino misterioso e não tão selvagem. Teve aquele que preferiu desenhar apenas um violão e colorir o restante do espaço com tintas branca, amarela, roxa, azul e rosa.
Os trabalhos foram feitos por adolescentes de 12 até adultos de 24 anos. Além de promover a inclusão fora da APAE, a ação ajudou na socialização entre os assistidos da instituição, que aproveitaram para se comunicar e falar sobre cores durante as aulas de pintura. Tudo ocorreu no tempo de cada um, de acordo com a inspiração que surgia na imaginação.
Quando sentaram na cadeira em frente à mesa com as tintas, os pintores esqueceram do mundo e se divertiram no universo criado naquele momento, apenas para extravasar o que sentiam. Os toques suaves, com cores vibrantes são os destaques especiais da exposição.
Após a mostra, os trabalhos serão devolvidos à APAE de Dourados, que deve leiloar as obras para arrecadar recursos. Agora, o Iphan planeja fazer o mesmo trabalho em instituições da Capital e também retornar a Corumbá para trabalhar com adultos do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), onde pretendem ajudar mais pessoas.
A Galeria de Vidro fica na Plataforma Cultural, localizada na Avenida Calógeras, 3141. A exposição está aberta das 9h às 17h.