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Artes

Rodrigo adotou Chat GPT para escrever livro sobre médico e Deus

Jornalista conta como treinou a Inteligência Artificial, mas afirma que ela não substitui nenhuma pessoa

Por Jéssica Fernandes | 05/07/2024 06:43
Capa do livro 'O Último Plantão' que será lançado na FLIB, em Bonito.
Capa do livro 'O Último Plantão' que será lançado na FLIB, em Bonito.

“O tema da feira é a fronteira, e a IA (Inteligência Artificial) é a fronteira entre o desconhecido e o novo”, afirma Rodrigo Ostemberg. Com apoio do chat GTP 3.5, o jornalista escreveu o livro ‘Fim de Plantão’ em seis meses. Nesse período, a ferramenta foi batizada de Ruth em homenagem a uma amiga de Rodrigo que faleceu há 3 anos.

Em ‘Fim de Plantão’, o público conhece a história do Dr. Paulo Foster que é um médico cético e ateísta sempre coloca Deus como auxiliar em cirurgias emergências. Essa rotina é quebrada quando o profissional é colocado à prova e precisa, com seu livre arbítrio, terminar o último plantão.

O ebook será lançado por Rodrigo durante a 8ª FLIB (Feira Literária de Bonito) que neste ano tem como tema ‘Literatura: Fronteiras e Travessias’. A proposta da edição é explorar as múltiplas fronteiras da literatura - culturais, políticas, geográficas e de gênero.

Nesse contexto, o escritor vem a Bonito com a obra que teve participação da IA, a Ruth, durante o processo. Antes de tudo, Rodrigo fala o porquê de ter batizado o mecanismo. “Ruth era o nome de uma grande amiga, que faleceu há 3 anos. Ela me ensinou muita coisa, foi uma grande professora, instrutora e amiga”, afirma.

Em relação ao processo de escrita, o jornalista precisou de seis meses, mas ‘de pegada firme’ foram mesmo três já que foi esse o tempo que levou para treinar a Ruth. No livro, Rodrigo destaca que a IA desempenhou papel de auxílio, porém a escrita foi com ele.

“O livro é feito com ajuda da Inteligência Artificial, mas não foi escrito por ela. As pessoas acham que é só falar com ela como o Tony Stark conversa com o Jarvis, mas demora um bom tempo até você dar subsídios para a IA te guiar pelo caminho certo”, fala.

Esses subsídios significam que na prática, segundo ele, não adianta pedir para a ferramenta fazer um livro de 87 páginas sobre um médico ateu. “A Inteligência Artificial não vai nem chegar perto de criar um enredo envolvente. Tudo isso você deve ‘configurar’ na IA para que ela possa te auxiliar”, frisa.

Com Ruth devidamente treinada, o jornalista explicou que a ideia inicial era que o livro trouxesse o ‘choque de realidade’ do médico descrente. Essa história deveria ser apresentada em 12 capítulos, sendo que cada um deveria representar uma hora de vida.

Para ilustrar como foi preciso direcionar a IA, Rodrigo conta que nas primeiras vezes a ferramente sugeriu ideias que não eram possíveis de seguir. “Pedi uma relação de 20 possíveis títulos para os capítulos e  que cada sugestão deveria ter três tópicos de como poderia se desenrolar cada trama. A lista veio bem estranha com nomes nada a ver e com tópicos muito, mas muito cheios de religiosidade”, diz.

Para conseguir chegar ao resultado que gostaria, o escritor ajustou mais de quatro vezes até que o processo fluiu. “Com os temas definidos e com a os capítulos alinhados, só precisávamos fazer que cada capítulo se conectasse com o próximo. Criamos uma lista de personagens e definimos seus perfis”, relata.

Nessa sequência de dar comandos, ajustar e programar de novo o livro ganhou corpo. “As ideias vinham e a narrativa era criada sempre com a opinião da Ruth”, completa. A Ruth inclusive deu a definição do Deus que Rodrigo queria ter para o livro e cuja conceção foge da aura de bondade.

O Deus tinha que ser um pai que afaga, mas que tivesse o perfil do personagem Lúcifer da série. [...] Não esperem ver Deus como uma figura doce e celestial. Ele mesmo relata que pode ser o "diabo", se precisar”, alerta o escritor.

A parceria na obra se estendeu até para o âmbito de revisão, mas além da IA essa parte também teve inteligência humana. “Quanto à revisão, mesmo sendo feita com ajuda de IA e escrita por um jornalista, fiz questão de contratar um revisor, pois se trata de uma obra literária, e estar bem redigido, é importante para uma leitura fluida”, reforça.

Experiência com IA - Antes do livro, Rodrigo só tinha usado a IA em outros contextos, como de atendimento virtual. Durante o período que trabalhou em um hospital da Capital, o jornalista conheceu a Ana, que usa inteligência cognitiva e vai se moldando conforme recebe informações e dados.

Por ter achado um ‘máximo’, ele passou a pesquisar mais e se envolveu no projeto do Hospital Regional que implementou um ‘robô’ de atendimento, que rendeu um prêmio.

Mesmo sendo adepto da IA, Rodrigo reforça que o mecanismo não substitui os humanos em nenhum contexto. “Por mais que a Inteligência Artificial possa comandar máquinas, abrir portas e evitar acidentes, quem comanda o controle remoto sempre será um humano. A IA está aqui para facilitar o cotidiano e ajudar em coisas incríveis, mas jamais substituirá o ser humano”, pontua.

‘Fim de Plantão’ será lançado no sábado (06), às 15h30 no Café com Letras da Flib. O livro já está disponível através do link

Veja a programação de sexta-feira (05)

8h às 10h – Sala SinhaVitória

  • Oficina de Criação: Imagine – Oficina de Cinema e literatura, com Marinete Pinheiro

08 às 10h – Sala Morro Azul

  • Oficina de formação: O mapa das brechas: escrita em sala de aula além do ENEM, com Febraro

10h – Lounge

  • Roda de Conversa: Muitas histórias para trocar, com Kaka Werá
  • Mediação: Denise Silva

10h – Lounge

  • Roda de Conversa: Entre o traço, a tinta e o texto, com Marina Duarte, Dudu Azevedo, Fabio Quill, Fred Hildebrand.
  • Mediação: Melly Sena

11h – Lounge

  • Roda de Conversa: Do livro ao leitor: o papel das instituições, Andressa Marques da Silva (MinC);
  • Max dos Santos (Companhia das Letras);
  • Roberta Roque (Itaú Cultural)
  • Melly Sena (PROLER -MS)

14h às 16h – Sala SinhaVitória

  • Oficina de Criação: Imagine – Oficina de Cinema e literatura, com Marinete Pinheiro

14h às 16h – Sala Morro Azul

  • Oficina de formação: Mulheres escritoras de MS, com Karina Vicelli – IFMS – Dourados

16h – Café com Letras

  • Lançamento de Livros

17h – Lounge

  • Dedo de Prosa: com Eva Vilma, Nycolas Verli, Emmanuel Marinho e Vini Willyan

19h – Lounge

  • Conversa com escritor, com Geovani Martins
  • Mediação: Marcelle Sabóia

20h – Lounge

  • Conversa com a escritora: Personagens em Travessia, com Socorro Acioli
  • Mediação: Maria Adélia Menegazzo

18h – Lounge

  • Delegacion Paraguay – Oscar Mosqueira (Circuito Cultural Guarani), Marco Augusto Ferreira (Escritor – Asociacion de Escritores del Paraguay), Victor Aillon (Asociacion de Guionistas del Paraguay “Kuatia”), Celso Franco (Actor, Productor, Compositor, Guionista).
  • Mediação: Rodrigo Teixeira e Lucilene Machado

21h – Palco principal

  • Show musical com Tukum (RJ)

22h – Palco principal

  • Show musical com Corvo e os Malditos do Cerrado (MS)

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