ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  14    CAMPO GRANDE 21º

Artes

Um Estado, 35 anos e canções que viraram hinos de MS

Paula Maciulevicius | 11/10/2012 07:15
Onde Mato Grosso encerra os sonhos guaranis, Almir Sater e Paulinho Simões são os grandes responsáveis pelos hinos que representam o Sul de Mato Grosso. (Foto: Elverson Cardozo)
Onde Mato Grosso encerra os sonhos guaranis, Almir Sater e Paulinho Simões são os grandes responsáveis pelos hinos que representam o Sul de Mato Grosso. (Foto: Elverson Cardozo)

Na fronteira onde o Brasil foi Paraguai, já se passaram 35 anos da divisão de um Mato Grosso em dois. Um Mato Grosso que por campos e serras, a história enterra uma só raiz.

Amante das tradições de que me fiz aprendiz, o Lado B resolve, numa singela homenagem, proclama na data de criação do Estado, os hinos que falam além da pujança e da grandeza de fertilidades mil, do meu Sul de Mato Grosso que tanto se quer bem.

“Para começar é bonita como música. Foi uma melodia muito feliz do Almir, letra do Paulinho Simões. A letra é muito direta. ‘Mato Grosso encerra em suas próprias terras sonhos guaranis’ e de uma maneira muito carinhosa, você toca numa ferida aberta muito grande, de maneira que não causa nenhuma estranheza”.

Quem descreve e dá uma palhinha de "Sonhos Guaranis" é Guilherme Rondon. Com experiência de quem já subiu ao palco paraguaio e viu em Assunção, a emoção aflorar com a canção que lembra o que não se diz.

Sonhos Guaranis foi uma das músicas que Guilherme listou, que saíram da poesia de Simões e Almir Sater, não antes de responder “agora você me pegou”, quando atendeu ao pedido para dizer como músico, pantaneiro e sul-mato-grossense, não de nascença, mas desde que abriu os olhos, quais músicas representam melhor o estado de Mato Grosso do Sul.

Pantaneiro desde que abriu os olhos, para Guilherme Rondon nada mais Mato Grosso do Sul do que a chalana que se vai no remanso do Rio Paraguai. (Foto: Simão Nogueira)
Pantaneiro desde que abriu os olhos, para Guilherme Rondon nada mais Mato Grosso do Sul do que a chalana que se vai no remanso do Rio Paraguai. (Foto: Simão Nogueira)

De primeira responde “sem dúvida nenhuma, Trem do Pantanal”, mais uma letra que seguirá como assunto na série de reportagens que começamos por aqui e seguimos com prêmios, como "60 Dias Apaixonado". Rondon, também acrescenta à lista “Chalana, Sonhos Guaranis, Pé de Cedro de Zacarias Mourão. Pode se apropriar moralmente como sendo nossas”.

E nas águas tão serenas que levam um amor para bem longe, uma das mais belas cenas sul-mato-grossenses é descrita em Chalana, composição de Mário Zan e Arlindo Pinto. Não tem nem o que argumentar, no remanso do Rio Paraguai ela se foi, de ninguém se despediu e de longe o olhar de um homem, pantaneiro e apaixonado acompanha a dor que aumenta no peito.

Talvez uma das poucas canções que podem ser imaginadas logo pelas primeiras palavras “Lá vai uma Chalana, bem longe se vai”. O mesmo que pensar na cena de uma chalana fazendo a água do rio bater sob o reflexo da luz do sol, é ouvir a voz dele: Almir Sater.

“Apesar da Chalana que é uma música feita em Rondonópolis, é a Chalana em Corumbá. Você senta em Corumbá e vê uma chalana e já diz tudo. Quem tem aquele visual, não precisa dizer mais nada. ‘No remanso do Rio Paraguai’. Rio Paraguai é Corumbá, é extremamente Mato Grosso do Sul”, define Rondon.

Outro hino - Não deixando de lado o homem pantaneiro, mas introduzindo o contexto político na época, entre 1983 e 1984, “Terra Boa” surgiu como jingle para campanha de Wilson Barbosa Martins ao governo do Estado. No entanto conquistou a admiração de quem se recorda que quando se é moço e tudo o que se tem, sai do esforço, nada é impossível, nada nos detém.

Escrita por Almir Sater e Paulinho Simões, a música foi encomendada pelo então candidato a governador, que concedeu à dupla a licença poética, para rimar o que bem quisesse.

Almir Sater,  responsável por muitos do hinos sul-mato-grossenses
Almir Sater, responsável por muitos do hinos sul-mato-grossenses

“Ele queria uma música que desse emoção que cantasse a alma”, recorda Almir Sater.

E conseguiu.

Quanta terra boa
Pra se viver bem
É juntando forças
Que se vai além.

Superando crises
Sempre que elas vêm
Meu Sul de Mato Grosso
Te quero tanto bem”.

“Mato Grosso do Sul rima só com céu azul, cruzeiro azul. Aí ele nos deu a licença poética. Faz o que vocês quiserem”, explica Almir sobre a autorização pedida para escreve ‘Sul de Mato Grosso’.

Terra Boa foi escrita há 30 anos, com um Almir e um Simões ainda novos. Almir diz hoje que na época não sabia fazer essas coisas, mas o resultado foi bom.

“Tinham emoções trabalhadas, numa música não como jingle, mas que fosse emocionante, unisse, fosse poética. Vamos tentar. Demos sorte, é fácil compor com o Paulinho e fez sucesso, a Alzira quem cantou”.

Entre chalanas,  o Sul de Mato Grosso vem superando, há 35 anos, as crises, sempre que elas vêm. E se não fosse a guerra, quem sabe hoje era um outro País.

Em um terra onde talentos nascem como um cenário pantaneiro, o que não faltam são artistas que compõem e cantam hinos de Mato Grosso do Sul. (Foto: Simão Nogueira)
Em um terra onde talentos nascem como um cenário pantaneiro, o que não faltam são artistas que compõem e cantam hinos de Mato Grosso do Sul. (Foto: Simão Nogueira)
Nos siga no Google Notícias