Alunos ganham espaço seguro para mostrar que o rap é transformador
pProjeto "Da Ponte pra Cá, da Escola pra Lá”desenvolve um circuito de oficinas de rap em escolas públicas
No intuito de oferecer oportunidades de expressão artística e desenvolvimento pessoal para crianças e adolescentes, além de estimular a poesia e a criatividade, o projeto "Da Ponte pra Cá, da Escola pra Lá” desenvolve um circuito de oficinas de rap em escolas públicas de Mato Grosso do Sul.
O público alvo são jovens e crianças periféricas, e o projeto atua exclusivamente em escolas e instituições públicas. Já na ativa em Campo Grande, ainda em 2024, deve chegar às cidades de Terenos, Nioaque, Glória de Dourados, Coxim, Corumbá e Nova Andradina.
Idealizadora do projeto, a MC Serena explica que o intuito é promover um espaço seguro para a expressão criativa e o crescimento pessoal dos futuros artistas e profissionais, para que eles não se percam nos caminhos que existem entre a rua e o rap, nem se exponham a ambientes que não são adequados para menores de idade frequentarem.
“Eu cheguei à cena das batalhas aos 14 pra 15 anos e hoje percebo que estive exposta a vários tipos de perigos e violência enquanto menor de idade na rua, então decidi usar minha experiência que é a realidade de muitas mulheres, MCs, artistas de periferia e levar a cultura para ambientes seguros, onde a educação chegaria antes das violências”, conta.
A iniciativa surgiu em 2023, em um momento em que ela sentiu a necessidade de estruturar em um projeto todas as ações que ela já desenvolvia, enquanto artista, de forma prática. “Além de levar para os jovens periféricos a autoestima, autoconsciência, alegria e esperança de um futuro promissor, onde seu meio e suas condições financeiras não definam sua autoimagem nem limite seus sonhos”, completa.
O nome faz referência à música do Racionais, “Da ponte pra cá”, somada à realidade dos jovens, “da escola para lá”, e simboliza o elo entre a periferia e a escola. “Onde estabelecemos a ponte que simboliza o rap, a educação, a cultura, contato com as raízes através do ritmo e poesia, da valorização da arte periférica”, explica a artista.
Serena atua como coordenadora geral e oficineira, e a ação também conta com o apoio de Marcus Pérez, que realiza a coordenação pedagógica, e os artistas Subúrbia Única e MC CJ, mediadores dos conteúdos de rap nas escolas.
Perseguições e tentativas de assédios, inclusive de próprios frequentadores dos eventos, assédio moral, briga pessoal e exposição de assediadores são algumas das violências sofridas pela artista quando decidiu, ainda adoleascente, se inserir na cena das batalhas em Campo Grande. Mais tarde, ela transformou toda a experiência nas ruas da cidade em um dos principais motivadores para colocar o projeto em prática.
“Em meio a um ambiente com maioria masculina e necessidade de reafirmação constante, me vi com a motivação em desgaste com batalhas de rima, onde decidi produzir música e praticar ações culturais e educativas, como esse projeto, de forma a prevenir que jovens tivessem que passar pelo mesmo para ter acesso a cultura do rap”, conta.
Serena finaliza ressaltando que o projeto tem valor educacional, social e cultural, pois o rap consegue levar educação onde as instituições de ensino não chegam, além de alcançar jovens mentalmente e emocionalmente inacessíveis.
“Dá Ponte pra Cá, Da Escola Pra Lá”, também busca combater o bullying e o preconceito, reforçando o diálogo e respeito, além de levar autoestima e autoconsciência para jovens com a mente ainda em formação.
O projeto é apoiado pela Sectur (Secretaria de Cultura e Turismo) e recebe incentivos por meio da Lei Paulo Gustavo. As instituições de ensino interessadas em levar as oficinas para os alunos podem em entrar em contato com a organização pelo e-mail projetodapontepracg@gmail.com.
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