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Comportamento

Amizade fez intérpretes mostrarem a importância da Libras em festival

Os 3 interprétes de Libras no Festival de Inverno de Bonito brilharam tanto quanto os artistas

Thailla Torres | 30/08/2022 07:39
Vanessa da Mata, admirada com o trabalho de Larissa, uma das intérpretes no palco do festival. (Foto: Marithê do Céu)
Vanessa da Mata, admirada com o trabalho de Larissa, uma das intérpretes no palco do festival. (Foto: Marithê do Céu)

Fã de eventos que envolvem música, Felipe Sampaio, de 22 anos, nunca havia trabalhado como intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) num Festival de Inverno de Bonito, até o último fim de semana, quando passou 4 dias traduzindo para a língua usada por surdos os shows, espetáculos teatrais e diversas outras atividades que atraíram mais de 80 mil pessoas para o principal destino turístico de Mato Grosso do Sul.

Felipe e as amigas Larissa Durigon, 24 anos, e Daniele Vergutis, 31 anos, que também são intérpretes de Libras, foram, sem dúvida, as estrelas primordiais do evento.

Daniele é intérprete de Libras há 10 anos. (Foto: Marithê do Céu)
Daniele é intérprete de Libras há 10 anos. (Foto: Marithê do Céu)

Com trabalho elogiado pelo público e por artistas do festival, os três amigos que moram em Dourados enxergaram a participação como uma grande conquista. “Pra mim é uma emoção ver as pessoas surdas se sentirem representadas, sentirem a emoção do evento e se sentirem incluídas", descreveu Felipe.

Essa foi a primeira vez que a organização do Festival de Inverno de Bonito investiu na acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva. Na pandemia, uma coisa positiva que passou a acontecer com frequência na onda de eventos online foi a presença de intérpretes, e que agora parece que veio para ficar. Segundo a organização do evento em Bonito, os próximos festivais contarão com a presença desses profissionais.

Além de atender todos os participantes, especialmente pessoas surdas, a presença do intérprete chamou atenção até das pessoas ouvintes pela maestria com que cada um desenvolveu as interpretações.

Longe de uma interpretação séria, os três se soltaram no palco interpretando cada música ou fala dos artistas com muita emoção, o que fez muita gente parar para filmar o trabalho.

Felipe decidiu aprender Libras depois de estudar 5 anos com amigo surdo. (Foto: Marithê do Céu)
Felipe decidiu aprender Libras depois de estudar 5 anos com amigo surdo. (Foto: Marithê do Céu)

Mas o trabalho não é nada simples, além de saber Libras, os intérpretes passam dias debruçados nas músicas estudando o repertório. “Para que a gente possa fazer uma tradução dentro do contexto da música. É importante estudar porque algumas canções têm letras que fazem referência à cultura regional de cada artista e a gente precisa proporcionar esse contexto às pessoas que estão assitindo”, explica Daniele, que trabalha com Libras há 10 anos.

E foi a amizade e a vontade de incluir que levaram esses três a se profissionalizar. Felipe, por exemplo, estudou cinco anos na escola com um aluno surdo. “Eu sentia muita vontade de me comunicar com ele, desde o primeiro momento, para estar com ele na sala e incluí-lo em todas as nossas atividades. Foi então que aprendi e me apaixonei pela profissão”.

Com Larissa não foi diferente, ela se incomodava de participar de eventos onde havia presença de pessoas surdas e não ver um intérprete, foi quando decidiu estudar e trabalhar nos eventos. Já Daniele, que é professora de Educação Física, sentia falta da comunicação com o aluno surdo e também resolveu aprender Libras para garantir acessibilidade em aulas.

“Eles [surdos] são brasileiros, eles precisam se sentir parte do nosso Brasil nesses eventos, por isso, é importante que tenha intérpretes não só em palestras ou na televisão, mas em festivais tão significativos como esse”, diz Daniele.

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