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Comportamento

Amor de avós é ligação que não se quebra e desconhece a distância

Neste dia dedicado aos avós, Lado B trouxe relatos de quem descobriu um amor incondicional depois dos netos

Por Idaicy Solano | 26/07/2024 07:08
Sandra é avó de Benício e de seus outros netos do coração (Foto: Juliano Almeida)
Sandra é avó de Benício e de seus outros netos do coração (Foto: Juliano Almeida)

Nesta sexta-feira (26), dia dedicado especialmente aos avós, quatro mulheres, desde avós de primeira viagem até as mais experientes, compartilharam relatos sobre como suas vidas mudaram após a chegada dos netos e os desafios de lidar com a saudade. Seja a distância medida de um bairro da cidade ao outro ou de um continente ao outro, a certeza é única: amor de neto e avó é ligação que não se quebra e desconhece a distância.

A chef de cozinha Sandra Navarro Bonazza, de 60 anos, relata que seu primeiro neto biológico chegou a este mundo há quase dois anos, mas já havia aprendido o que é ‘ser’ avó muito antes disso. Isso porque ela conta que sua irmã morreu muito jovem, e ela acabou criando os sobrinhos, cujos filhos a consideram avó.

Sandra revela que sempre desejou ser avó e que, depois que os netos nasceram, o sentido de ‘amor’ foi ressignificado em sua vida, e ela experimentou o sentimento em sua forma mais intensa.

“Eu queria ter muitos mais netos, pelo menos dois ou três de cada filho. Eu acho até que me tornei uma pessoa melhor ainda, porque o amor de avó é um sentimento muito diferente. Ele é surreal. Eu não consigo nem descrever. O amor que a gente tem por um filho triplica. Neto é filho com leite condensado, é muito gostoso, todo mundo gosta”, descreve Sandra.

As obrigações do dia a dia e o fato de que o neto Benício mora do outro lado da cidade, em relação à sua casa, não permitem que o contato seja tão frequente quanto ela gostaria, mas ela garante que não abre mão de ver o bebê pelo menos uma vez por semana. Mesmo nos dias em que não está presente fisicamente, ela diz que pede para o filho mandar um vídeo do neto ou se comunicarem através de ligação.

Sandra tem fotos do neto Benício espalhadas pela sala da casa (Foto: Juliano Almeida)
Sandra tem fotos do neto Benício espalhadas pela sala da casa (Foto: Juliano Almeida)

Aos 54 anos, a pedagoga Elcina Campiteli experimentou a sensação de segurar o neto pela primeira vez. Pedro tem apenas dez meses, e chegou para trazer alegria para a avó, que esperou ansiosa pelo primeiro neto.

Elcina tem os privilégios que muitas avós relatam que gostariam de ter, o de poder desfrutar a companhia de Pedro à vontade, já que o bebê passa a maioria dos dias da semana com ela. A pedagoga relata ter organizado toda sua rotina com o intuito de atendê-los em todas as suas necessidades.

Para ela, a mudança mais significativa após a chegada do neto foi enxergar nele a continuidade de sua história e suas raízes em uma nova geração que nasce na família.

“O mais significativo é vermos nos netos a continuidade da nossa participação na história humana, cada ser simboliza a renovação, transformação e continuidade da vida. Para mim a maternidade é a vitória da vida, e ser avó reforça esse sentimento, nos convidando a ofertar ao mundo nossa parte na criação e na história da humanidade”, declara.

Amor que atravessa distâncias 

Quando se ama genuinamente alguém, a distância, além da saudade infinita, se torna o pivô de insegurança, medo e incerteza. E disso, a jornalista Ângela Kempfer entende bem. Quando sua filha mais velha, Isadora, se mudou para a Europa, ela soube que teria que lidar com o fato de que não assistiria a primogênita formar uma família, mas mesmo assim, nada foi capaz de prepará-la para a realidade de ver o neto crescer longe.

Estreitar os laços, há milhares de quilômetros, é um desafio. A jornalista não pôde acompanhar a gestação de perto, mas todos os dias mandava áudio para a filha colocar na barriga pra ele ouvir. Quando chegou o momento de Rio nascer, viajou para Barcelona para estar ao lado de Isadora no momento do parto, e ficou ao lado dos dois durante algum tempo, até precisar voltar para o Brasil.

“O mais difícil foi vir embora de Barcelona e ver que ser avó era diferente de ser mãe, que eu não tenho nenhum tipo de gerência, não podia colocar ele na mala e trazer comigo. Vou poder vê-lo duas vezes por ano, o que já é um privilégio, e durante a semana eu ligo todos os dias”, relata a jornalista.

Ângela em video chamada com o neto, Rio, que mora em Barcelona, na Espanha (Foto: Arquivo Pessoal)
Ângela em video chamada com o neto, Rio, que mora em Barcelona, na Espanha (Foto: Arquivo Pessoal)

Com a distância, Ângela descreve que teve que lidar com diversos sentimentos, principalmente a insegurança e o medo de perder o afeto e a proximidade com o Rio. As primeiras semanas longe do neto foram as mais difíceis, mas encontrou uma maneira de tranquilizar seu coração, e enxergar o “melhor dos dois mundos” para o neto.

“Ele tem dupla nacionalidade e vai ter a disciplina catalã, e tem muito esporte lá, tem acesso aos melhores filmes, aos melhores teatros, pega um trem para qualquer outro país. Ele tem o melhor dos dois mundos, e tomara que quando ele crescer, ele escolha viver aqui”, diz.

Sobre deixar o Brasil e se mudar para Barcelona, a jornalista revela que até pensou na possibilidade, mas chegou a conclusão de que não seria feliz morando no exterior, e com o tempo entendeu que “o meu amor por ele, independe de distância, e a minha vida é aqui, e a vida dele vai ser lá, e mesmo assim pode ser bom”.

“Hoje eu não tenho mais medo de perder o afeto dele, porque com o tempo você vai vendo que é uma ligação que não se quebra. Eu olho pra ele e ele olha pra mim, e já começa a rir. Ser avó te amadurece muito, porque você percebe que nem tudo está sob seu controle, nem tudo pode ser como você quer, mas mesmo sendo diferente, pode ser bom”, declara Ângela.

Quando o assunto é neto, a costureira Maria da Silva, de 85 anos, é experiente. Ela teve sete, todos muito queridos e esperados. O desafio mesmo é ter assistido a todos eles crescerem e irem morar longe. Atualmente morando no Paraná, a costureira tem netos espalhados tanto no sul do país, quanto em Mato Grosso do Sul.

Para dar um jeito de estar presente na vida de todos, ela viaja sempre que possível, nem que seja para passar apenas alguns dias, que já são o suficiente para matar a saudade.

“É muito difícil morar longe dos netos. Eu acho que netos são mais queridos que os filhos. [Depois que nascem] a vida muda muito, e muda para o melhor, eles são tudo na minha vida”, declara Maria.

Dona Maria e seus sete netos, em ocasião especial que reuniu toda a famílai (Foto: Arquivo Pessoal)
Dona Maria e seus sete netos, em ocasião especial que reuniu toda a famílai (Foto: Arquivo Pessoal)

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