Ao virar coroa, encontrar amor da mesma idade também é resiliência
Casal de cinquentões falam sobre a chance de encontrar um amor da mesma idade e ser feliz sem ter "obrigações"
Rodolfo Jorge Affini, 59 anos, e Auri Anne "Nane" Schneider, 57, formam o casal de cinquentões que deram uma chance ao virtual e redescobriram que amar novamente não é só possível, mas fundamental – independe da idade ou distância. E muito menos de cair no clichê de encontrar alguém mais jovem. Ambos divorciados, com a família feita e a vida ganha, preferiram optar pela maturidade dos corpos e da alma.
"Queríamos alguém parecido com a gente mesmo. Afinal, na nossa idade, depois do sexo precisa ter papo! E em um único pacote, encontraríamos idade, experiência de vida, tranquilidade financeira. Buscávamos uma pessoa para além da atração física – que é essencial –, mas que houvesse uma parceria e compromisso o quanto tiver que durar", esclarece Rodolfo.
A esposa morava aqui em Campo Grande e ele na capital de São Paulo. No impulso de terem um novo alguém ao lado, resolveram arriscar em um site de relacionamentos, assim como já havia feito um casal de amigos de Nane. Por meio da plataforma virtual, tanto ela e Rodolfo encontraram um no outro o seu "par perfeito", contam.
"Ele já estava divorciado há 10 anos e eu há 5. Finalizei um casamento de 30 anos, até então o único homem que havia ficado junto, e Rodolfo um de 17. No começo era só uma conversa amigável, mas papo vai, papo vem, e fomos descobrindo gostos parecidos – além do fato de gostarmos um do outro", diz Nane.
E acrescenta: "o amor é, acima de tudo, um exercício de resiliência. Para qualquer idade. Mais do que resistir, temos que ser flexíveis. Conquistar todo o dia a mesma pessoa não é fácil. O relacionamento é um exercício diário mesmo. A vantagem que eu vejo é que se estamos juntos é porque queremos estar juntos. Não temos aquela obrigação matrimonial dos filhos, família, trabalho, etc.".
Ficaremos juntos até quando tiver que durar. E está ótimo assim, nada é obrigatório. Escolhemos por nossa companhia e faz um bem danado".
Nane relata que do site de relacionamentos foram parar em videochamadas que duravam horas e horas, todos os dias praticamente. "Ficávamos conversando até de madrugada, afinal tanto eu quanto ele já morávamos sozinhos e sem os filhos para criar".
Dos "beijinhos" virtuais de despedida, veio então o beijaço presencial no saguão de um aeroporto. "Eu estava voltando de uma viagem em Montevideo e ele fez questão de ir até Guarulhos me encontrar. Estava até com uma orquídea nos braços. Ali não só rolou o primeiro encontro, mas o beijo não-virtual que desejávamos tanto. Parecíamos dois adolescentes!", brinca.
Por 2 anos viveram um relacionamento à distância, de idas e vindas entre Campo Grande e São Paulo. Viajaram juntos para diferentes destinos, curtiram a presença um do outro como velhos amigos e sentiam um vigor pela paixão acesa.
"Desde nossa primeira conversa até os encontros presenciais vi que Rodolfo era um homem maduro, inteligente, sedutor sem ser vulgar e preocupado comigo, não sabia o que fazer pra me agradar. E assim continua nesses quase 6 anos. Para mim, que vivi um único casamento com meu ex-marido dos 16 até meus 46 anos, foi um achado e tanto", agradece a esposa. "Eu sou canceriano, grudento mesmo, gosto de estar junto e doar carinho", revela Rodolfo.
E acrescenta: "o fato de vivermos juntos foi um acontecimento natural. Já éramos maduros o suficiente para não ter que dar satisfação a ninguém, até mesmo nossos filhos. Inclusive, foi algo muito mais estável devido à nossa idade, vivências pessoais e desejos. Eu particularmente tenho um lado espiritual muito forte. Sempre sonhei, durante meus 10 anos de divorciado, em encontrar um novo amor. Tive a sorte de achar o de Nane. Sou feliz", comemora o marido.
Somos mais movidos pelos neurônios do que os hormônios. Acho que por isso nossa convivência deu tão certo".
Claro que houve preocupação por parte de ambas as família quando Rodolfo optou por sair de São Paulo e morar com o amor de sua vida na Cidade Morena. "Que loucura, pai!", falaram seus filhos. Mesmo caso para Nane, em receber um "estranho", segundo os seus próprios comentaram. Mas o casal já estava com a cabeça feita. Sabiam da procedência e tinham uma confiança mútua, fora que estavam preparando a "cama" para viverem uma vida a dois.
Para Rodolfo, a melhor decisão de sua vida. "A razão que eu mudasse de cidade foi a Nane. O amor dela, nossa… nunca me arrependi, pelo contrário, estava certo do que me propus a fazer na época", relembra.
"Eu fui parar no site por um casal de amigos e ele pela sugestão do filho que não aguentava mais o pai 'solteirão' ligando todo dia. No final das contas, todo mundo ganhou a paz", brinca Nane.
Agora, 6 anos depois, a esposa revela que até café da manhã na cama ainda ganha. "Ele continua me chamando de 'Oncinha', prepara cada refeição, ainda tomamos banho juntos e quando eu toco piano ele aplaude em todas as músicas", ressalta. Juntos, adotaram uma "filha" de quatro patas, a cadela Greta, de 11 meses. Mudaram de apartamento e moram no mesmo condomínio que a mãe de Nane. Todo mundo da família com um convívio natural, sem pressões ou desentendimentos. "Até com meu ex-marido Rodolfo se dá bem!", conta.
"É um amor maduro, sem brigas ou tensões. Somos companheiros de verdade, gostamos de passear ao lado um do outro e até compramos um Jeep pra poder ir às cachoeiras e levar Greta na 'mala'. É assim que que queremos ficar", admitem.
"Na idade que estamos não precisamos sofrer por amor. Ficamos juntos se apenas quisermos de verdade. Particularmente, nunca pensei em ter alguém que fosse meu cuidador quando a velhice chegasse. Queria curtir, viver – e assim fazemos. O destino da gente está na palma de Deus", finaliza Nane.
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