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Comportamento

Aos 47 anos, Juliana deixou emprego para abrir ateliê no jardim de casa

Juliana transformou o quintal de casa em ateliê para crianças e adultos soltarem a imaginação com aquarela

Por Idaicy Solano | 31/07/2024 06:41
Cantinho no jardim da casa de Juliana virou ateliê de arte (Foto: Arquivo Pessoal)
Cantinho no jardim da casa de Juliana virou ateliê de arte (Foto: Arquivo Pessoal)

Ateliê charmoso e aconchegante, foi construído no jardim da casa de Juliana Maria Coelho Zezak, de 47 anos, após ela sair do emprego e decidir abrir seu próprio estúdio de pintura para dar aulas em Campo Grande. O pequeno ‘ateliê familiar’, como Juliana gosta de chamar, é bem iluminado e silencioso, proporcionando um espaço relaxante para se conectar com a arte e deixar a imaginação fluir.

Longe de querer formar artistas plásticos, Juliana ressalta que deixa esse papel para as graduações superiores. Em seu jardim-ateliê, ela ajuda as pessoas a se conectarem com elas mesmas, em um processo que ela explica ser voltado para o lado mais ‘terapêutico’ da pintura.

“Todos nós temos capacidade, temos habilidades artísticas. Então, todo esse processo é voltado para o lado mais meditativo. A pintura acalma, ela diminui o estresse, ela diminui a ansiedade. Ela trabalha com cognições cerebrais muito importantes como o foco, a atenção, a concentração, a percepção visual, a observação”, destaca.

Juliana conta que sempre gostou de pintar e desenhar desde criança. Seu pai, ao observar sua predisposição para a arte, a matriculou em uma aula de desenho, onde ela pôde desenvolver suas habilidades.

Mas quando chegou a idade de prestar vestibular, acabou desistindo do cursos de artes plásticas, pois só havia disponibilidade de faculdade integral, e ela precisava trabalhar para ajudar os pais dentro de casa. Ela optou por seguir na área da tecnologia, em uma faculdade que pudesse trabalhar no período da manhã e estudar de noite. 

Mesmo trabalhando na área da tecnologia, e tendo que conciliar a carreira com a criação dos filhos e os afazeres domésticos, Juliana relata que sempre que podia, arrumava um tempo para se dedicar a trabalhos manuais e artísticos. Seu lazer era se entreter com costura, crochê, tricô e pintura em madeiras.

Ela trabalhou em uma empresa no ramo de tecnologia durante 23 anos, até decidir sair há dois anos atrás, após sua rotina mudar completamente após sua mãe falecer. A partir dessa perda, ela decidiu que era o momento de resgatar seu antigo sonho, e se reconectar com a arte.

“Quando minha mãe faleceu, eu senti uma necessidade de voltar a ter mais esse contato com a arte, que era aquilo que me fazia bem. E um dia eu, navegando nas redes sociais, vi uma mulher pintando em aquarela e aquilo ali me chamou a atenção”, relembra.

Ela relata que comprou os materiais e começou a pintar por conta própria, apenas observando as artistas nos vídeos da internet. Entre tentativas, erros e acertos, notou que tinha bastante habilidade com a aquarela, que acabou se tornando sua principal técnica de pintura, e o início dos planos para o ateliê. “Ali eu vi uma oportunidade, uma possibilidade de eu mudar um pouquinho a minha rota, na minha área profissional”, comenta.

Juliana descobriu a técnica da aquarela durante a pandemia, desde então trabalha com esse tipo de pintura (Foto: Arquivo Pessoal)
Juliana descobriu a técnica da aquarela durante a pandemia, desde então trabalha com esse tipo de pintura (Foto: Arquivo Pessoal)

Novos caminhos 

Ao decidir trilhar um novo caminho profissional, a primeira questão que veio a mente de Juliana foi as dificuldades de trabalhar com a arte em Mato Grosso do Sul. Por isso, ela decidiu iniciar uma graduação em psicopedagogia, pois com essa formação, consegue encaixar a pintura e o desenho como um processo de desenvolvimento, principalmente para as crianças. Ela se forma em 2026.

Juliana explica que seu foco são crianças com síndromes e transtornos, e que a pintura ajuda elas a desenvolverem autoconfiança, concentração, foco e calma. “Acabei descobrindo que eu conseguia desenvolver esse trabalho com uma certa facilidade e com os estudos que eu estava fazendo em psicopedagogia”.

Ela dá aula para todas as idades, mas seu foco é o público infantil, e ressalta que o contato com a arte é importante quando as crianças estão em processo de alfabetização. “E é isso que a gente trabalha aqui, fora que é muito gostoso você colocar no papel aquilo que você sente, aquilo que você se expressa, aquilo que você gosta, então você traz o que você tem de dentro e coloca isso para fora, como uma expressão visual”, diz.

Juliana relata que a arte sempre esteve presente em sua caminhada. Começou a fazer aulas de desenho ainda criança, após seu pai perceber que gostava bastante de pintar e se expressar artisticamente.

A aula ocorre uma vez na semana e dura uma hora. Os materiais necessários são papel de aquarela, bloco de aquarela, pincéis e uma paleta de cores. Para os adultos, Juliana pede uma paleta semi-profissional. Fora isso, ela destaca que basta ter bastante vontade de aprender e se expressar.

Ao todo, 80 crianças já passaram pelo ateliê, que está com suas portas abertas para receber pessoas de todas as idades que desejem aprender aquarela. Quem tiver interesse, basta entrar em contato pelo Instagram @julibloom.atelie. 

Turma atendida pela artista, no ateliê no jardim (Foto: Arquivo Pessoal)
Turma atendida pela artista, no ateliê no jardim (Foto: Arquivo Pessoal)

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