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Comportamento

Aos 68 anos, Lucidio quis investir em voluntariado em outro continente

Técnico de enfermagem aposentado se vinculou ao voluntariado após perder um neto

Por Aletheya Alves | 24/10/2024 06:56
Lucidio escolheu investir e fazer trabalho voluntário em Madagascar. (Foto: Arquivo pessoal)
Lucidio escolheu investir e fazer trabalho voluntário em Madagascar. (Foto: Arquivo pessoal)

Em 2023, o técnico de enfermagem aposentado, Lucidio Portocarrero Naveira, se vinculou ao trabalho voluntário como uma forma de passar por um momento difícil: ter perdido o neto. Após essa ação inicial em Campo Grande, ele permaneceu com as atividades em mente e, neste ano, decidiu investir e fazer um voluntariado em outro continente.

Contando sobre sua trajetória, Lucidio descreve que é mineiro, mas sua família tem origem em Mato Grosso do Sul e ele escolheu a Capital para viver. Hoje, ele se divide entre os Estados Unidos e o Brasil.

“Me aposentei aos 66 anos nos Estados Unidos e nos últimos 14 anos trabalhei em um hospital no estado de Massachusetts. Trabalhei como técnico de enfermagem na área da saúde mental”, explica.

Durante sua história na América do Norte, ele já havia feito um trabalho voluntário com brasileiros que tiveram seu visto negado. Apesar disso, foi uma ação em Mato Grosso do Sul que o vinculou com as ações.

Lucidio comenta que participou da entrega de comida e suprimentos na região do antigo lixão na Capital. “Eu tinha perdido um neto há pouco tempo devido a uma doença cardíaca e estava muito abalado. O sofrimento familiar de minha filha e genro, além da tristeza geral, nos deixou devastados. O trabalho voluntário ajudou muito a aliviar aquele momento difícil”.

Uma das ações é a produção de refeições. (Foto: Arquivo pessoal)
Uma das ações é a produção de refeições. (Foto: Arquivo pessoal)

Algum tempo depois, uma amiga perguntou se ele tinha vontade de fazer uma ação fora do Brasil, já que havia se aposentado. O técnico em enfermagem foi apresentado, então, à Fraternidade Sem Fronteiras e aos projetos prestados no continente africano.

“Os meses se passaram e fiquei com essa conversa na minha memória. No começo de abril, em uma segunda-feira pela manhã, acordei agitado. Eu tinha sonhado com aquelas crianças e com a lona preta dos barracos lá do lixão em que tinha ido entregar comida. Lembrei da conversa da minha amiga sobre o trabalho de combate à fome”.

Como estava em Campo Grande, Lucidio pesquisou sobre a organização e descobriu que era próxima de sua casa. Na sede do Fraternidade Sem Fronteiras, ele se apresentou como um voluntário e recebeu as informações de que poderia se dedicar tanto financeiramente quanto participando de uma das caravanas que vão até os projetos em execução.

Segundo o aposentado, a primeira possibilidade informada foi a de ir até Madagascar durante a segunda quinzena de agosto deste ano. “Eu estava absolutamente interessado em sair da retórica e fazer alguma ação que pudesse deixar também de legado e exemplo para meus filhos e netos. Queria usar esse trabalho como gratidão por aquilo que a vida tinha me proporcionado”.

Brasileiro integrou caravana que viajou em agosto deste ano. (Foto: Arquivo pessoal)
Brasileiro integrou caravana que viajou em agosto deste ano. (Foto: Arquivo pessoal)

Garantindo que iria, o voluntário recebeu informações sobre postura, a parte financeira, necessidade de vacinas, atribuições do voluntário, acomodações e alimentação.

Em resumo, Lucidio descreve que é necessário pagar as passagens entre São Paulo e Joanesburgo, de Joanesburgo para Antananarivo e, de lá, para o Fort Dauphin. Já a hospedagem é dividida entre os membros da caravana.

Ao todo, foram duas semanas de viagem e estadia na cidade de Ambovombe. Sobre as tarefas, ele comenta que há variações diárias dependendo da necessidade.

No projeto em que o técnico participou, havia uma escola, um hospital, uma pequena fábrica de móveis e um pavilhão usado como refeitório, anfiteatro e para momentos ecumênicos religiosos.

“Pode-se trabalhar ajudando desde dar banho nas crianças até servir comida. Distribuição de roupas e mantimentos. No meu caso, eu passava para as planilhas as fichas de atendimento que eram obtidas no trabalho de campo”.

Após suas ações na ilha de Madagascar, o voluntário explica que sua motivação em seguir vinculada à organização é ver os resultados no local em que o projeto foi implantado. “A escola com princípios montessorianos, tendo a educação como agente de transformação e aperfeiçoamento. Escola, hospital e a fábrica, que também funciona como escola de aprendizado, tudo funcionando bem, melhorando a vida daquela população tão carente de comida e água”.

Lucidio argumenta que ter viajado para tão longe valeu ao ver a “alegria no rosto daquela criança e aquela família sendo atendida”. Isso porque, em suas palavras, conseguiu acreditar mais na humanidade.

Como consequência, além de querer seguir participando de projetos, ele comenta que passou a convidar mais pessoas para participarem.

“Vejo o voluntariado como uma atitude altamente importante para quem exerce. Eu tenho 68 anos, acho que é muito importante usar o nosso tempo disponível para trabalhar e servir ao próximo porque, de uma certa maneira, você tem uma troca de energia muito positiva. A gente se sente muito mais feliz”, completa.

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