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Comportamento

Aos 88 anos, Maria ainda faz próteses para ajudar mastectomizadas

Casa da Amizade também produz lenços para mulheres que perderam os cabelos na quimioterapia

Por Clayton Neves | 11/03/2025 07:06
Aos 88 anos, Maria ainda faz próteses para ajudar mastectomizadas
Próteses são confeccionadas por voluntárias e devolvem autoestima das mulheres. (Foto: Osmar Veiga)

Para muitas mulheres que enfrentam o câncer de mama, a retirada de uma ou ambas as mamas vai muito além de um procedimento médico: é um impacto profundo na autoestima, na identidade e na forma como se veem. Em Campo Grande, a Casa da Amizade, uma associação de voluntárias, não só distribui próteses mamárias, sutiãs especiais e turbantes gratuitamente, mas também abraça essas mulheres com carinho, respeito e solidariedade.

“Nosso objetivo aqui é servir”, resume Maria Olga Mandetta, presidente da Casa da Amizade. Aos 88 anos, ela comanda com energia contagiante as ações da entidade, que há mais de 20 anos doa próteses para mulheres mastectomizadas. E o trabalho não é pouco: só para a Rede Feminina de Combate ao Câncer, são cerca de 50 próteses por mês.

Maria Olga explica que o trabalho da Casa da Amizade é um casamento entre caridade e solidariedade. A entidade já ajudou projetos sociais de diversas áreas, mas a confecção das próteses se tornou um compromisso fixo e inegociável.

Aos 88 anos, Maria ainda faz próteses para ajudar mastectomizadas
Sutiãs e proteses tem tamanhos que variam do PP ao G. (Foto: Osmar Veiga)

As próteses são feitas no próprio espaço da associação, onde toda quarta-feira um grupo de voluntárias se reúne para cortar, costurar, encher e lacrar cada peça. “O pano é próprio, o enchimento também. Tudo tem que ser do jeito certo, porque o corpo já está sensível”, explica a presidente. Os sutiãs especiais, que têm um compartimento interno para encaixar a prótese, são comprados e doados junto com as peças.

A voluntária Neila Maria, de 71 anos, conta que viu o projeto nascer e crescer. “No começo, tivemos ajuda de uma senhora de Catanduva que nos doou moldes e tecidos. Depois, pegamos o ritmo e passamos a produzir em larga escala”, lembra. Hoje, além das doações para a Rede Feminina e a Santa Casa, mulheres de outras cidades, como Maracaju, Ponta Porã e até de estados vizinhos, vêm até a Casa da Amizade em busca da sua nova prótese.

Aos 88 anos, Maria ainda faz próteses para ajudar mastectomizadas
Turbantes também sao doados para mulheres que perderam os cabelos por causa da quimioterapia. (Foto: Osmar Veiga)

Não são apenas objetos distribuídos. São peças que devolvem dignidade, autoconfiança e fazem mulheres voltarem a se reconhecer no espelho. Maria Olga se emociona ao lembrar de uma história marcante:

“Uma vez, eu estava na Santa Casa e uma mulher chegou, levantou a blusa e me mostrou a cirurgia. Era um corte enorme, com pontos pretos. Eu fiquei impactada. Peguei um sutiã e uma prótese e mandei ela vestir no banheiro. Quando voltou, olhou no espelho e disse: ‘Olha como estou linda! Vou embora para Miranda, meu marido vai amar’”, conta.

Casos como esse se repetem. Dorotéia Rodrigues, de 70 anos, é uma das costureiras voluntárias que produz as próteses e já viu muitas mulheres emocionadas ao receberem as peças. “Elas chegam tristes, encolhidas, e quando colocam a prótese e o sutiã, saem daqui de cabeça erguida, sorrindo. A gente percebe a mudança na hora”, diz.

Aos 88 anos, Maria ainda faz próteses para ajudar mastectomizadas
Maria Olga tem 88 anos e é presidente da Casa da Amizade. (Foto: Osmar Veiga)

Aos 88 anos, Maria Olga já poderia ter se aposentado há muito tempo, mas a energia e o propósito que encontra na Casa da Amizade não deixam. “Tem hora que eu canso, mas não desisto. Quem não gostar de mim, que olhe para a parede, porque daqui eu não saio”, brinca.

E assim, com um grupo de mulheres que poderiam estar descansando, mas preferem se dedicar ao próximo, a Casa da Amizade segue transformando vidas. Cada ponto na costura, cada turbante dobrado e cada prótese embalada carrega uma mensagem silenciosa, mas poderosa: ninguém está sozinha nessa batalha.

Aos 88 anos, Maria ainda faz próteses para ajudar mastectomizadas
Protese é colocado em compartimento de sutiã especial. (Foto: Osmar Veiga)

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