Aos 99 anos, Gênis toca violão e continua apaixonado por poesia
Gaúcho se mudou para Mato Grosso do Sul quando era criança e vive em Campo Grande há cinco décadas
Com um sorriso tímido, Gênis Menezes de Ávila conta que ainda se arrisca no violão e, com o instrumento em mãos, mostra que “Se Essa Rua Fosse Minha” é uma de suas favoritas até hoje. Aos 99 anos, o gaúcho declama poesia e explica que desde o início da vida adulta, quando começou a gostar das artes, não abandona as melodias e palavras.
Antes dos dez anos de idade, ele deixou a região sul do Brasil com os pais e viveu em Palmeiras, distrito de Aquidauana, por um bom tempo. Por lá, o servidor aposentado cresceu na área rural, sempre trabalhando em fazenda.
Sem saber explicar como os aprendizados musicais começaram na família, Gênis explica que o pai tocava gaita piano e, em Mato Grosso do Sul, seguia para as fazendas tocando em bailes. Foi assim que ele mesmo aprendeu um pouco sobre o instrumento.
Apesar da influência do pai na gaita, o violão é que cativou o gaúcho. Vendo outros músicos se apresentarem, ele começou a aprender aos poucos até conseguir fazer os dedilhados.
“Meu pai ia nas festas de fazenda, que tinha naquele tempo, e eu ia acompanhando com o violão”, contou Gênis, surpreendendo as filhas Éthel e Inez que acompanhavam a entrevista.
Durante a vida, ele continuou praticando as músicas no instrumento e mesmo com as dificuldades que apareceram com a idade, como um derrame, o violão não ficou para trás. Sobre os dons musicais, o aposentado ainda conta que não parou por ali.
“Eu também aprendi a tocar um pouco de teclado, mas hoje não toco mais. Só o violão que pego às vezes e toco alguma coisa mesmo”, explica Gênis.
Mesmo gostando dos instrumentos, Gênis explica que precisou seguir a vida profissional de outra forma. Por isso, conseguiu se formar em técnico de contabilidade à distância.
Explicando sobre como a formação funcionava, Inez explica que o pai estudou pouco na escola quando criança, mas retornou tempos depois em Aquidauana. “Ele e meus tios estudaram comigo, por exemplo, até fechar o Ensino Fundamental”.
Depois é que veio a formação garantida através dos Correios. “Era de São Paulo, se não me engano, que chegavam as apostilas para ele estudar. Meu pai estudou, aprendeu, fez as atividades, provas e conseguiu o título”, diz.
Foi assim que garantiu seu serviço na área de contabilidade como servidor estadual de Mato Grosso do Sul e se aposentou anos depois.
Retornando ao período em Palmeiras, Gênis relata que se mudou para Sidrolândia e foi lá que se casou. E, em 1974, a família se mudou para Campo Grande.
“Aqui era a Sapolândia mesmo quando a gente chegou, tinha muito sapo e perereca por causa do córrego”, narra Éthel sobre a região do Jóquei Clube. Ali, o pai construiu a casa em que vive até hoje.
Ao contar sobre si, Gênis também fez questão de explicar que se apaixonou pela poesia durante o início da vida adulta. “A gente começou a trabalhar perto de um riacho e olhando aquilo comecei a escrever poesia. Foi ali que entrei em contato, aí continuei lendo durante a vida”.
Com alguns poemas em mente, o quase centenário ainda declama as palavras quando sente vontade e escreve com a inspiração presente.
E, como o segredo de manter a mente artística até hoje, ele garante que é só o gosto o responsável. Mas, para as filhas, os olhos no jornal escrito todos os dias e o amor por palavras cruzadas completam a lição.
Aniversário de 100 anos
Para comemorar o centenário de Gênis, que será em março, a família está produzindo banoffes e morangoffes para vender. O número para contato é 67 99289-4895.
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