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Comportamento

Após 2 anos, Évelin conhece menina argentina que salvou ao doar medula

A servidora pública doou a medula que foi a salvação para leucemia de menina argentina

Bárbara Cavalcanti | 27/08/2021 06:50
Évelin durante procedimento de doação de medula. (Foto: Arquivo Pessoal)
Évelin durante procedimento de doação de medula. (Foto: Arquivo Pessoal)

A chance de encontrar um doador compatível de medula óssea dentro da família é de 30%, sendo ainda menor, entre doadores não-aparentados, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer. Mas para Martina Anahi Gauna, de 14 anos e natural da Argentina, a compatibilidade rara deu certo e ela conseguiu vencer a leucemia, graças à doação da funcionária pública sul-mato-grossense Joseli Évelin Guia Halmenschlager, de 44 anos.

“É uma sensação maravilhosa de conseguir realizar o sonho de cura daquela pessoa e proporcionar felicidade a uma família inteira”, descreveu.

Tudo começou no ano de 2012, quando Évelin acompanhou o marido em uma doação de sangue rotineira no Hemosul. Foi nessa ocasião que ela ficou sabendo, pela primeira vez, da existência do cadastro mundial de Medula Óssea no Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea), que é um banco de dados com registros de doadores e receptores de todos os países.

“Nesse dia, eu mesma não pude doar sangue, pois o meu peso estava abaixo do permitido. Apesar disso, a técnica que me atendeu, perguntou se eu poderia deixar uma amostra de sangue de 10 ml para o Banco de Sangue de Medula Óssea”, explica.

Apenas em 2019, Évelin recebeu o contato de uma funcionária do Redome com a informação de que existia uma grande chance da medula dela ser compatível com a de uma pessoa com leucemia fora do Brasil.

“Eu tinha ido atualizar meu cadastro uma semana antes, pois havia mudado de número de telefone e de endereço. Por isso, a importância de sempre atualizar o cadastro. A confirmação é feita por meio do exame de histocompatibilidade, onde as amostras do doador e receptor são analisadas e comparadas”, ensina Évelin.

Surpresa, ansiedade e felicidade são os sentimentos que Évelin descreve ter sentido quando recebeu a notícia. “Fiquei surpresa, ansiosa e feliz ao mesmo tempo, já que não é comum, as chances são de 1 em 100 mil. A ansiedade é um sentimento que te acompanha durante todo processo, primeiro, porque ficamos curiosos para saber para quem vai a medula e segundo, para onde vai”, comenta.

Os exames necessários, que incluem exame de sangue, raio-x do tórax e eletrocardiograma, Évelin teve que fazer em São José do Rio Preto, no estado de São Paulo. Todos os gastos, até da acompanhante, ficaram por conta do Redome. Com o resultado nos conformes em mãos, ela retornou em janeiro de 2020 para a preparação da doação da medula.

“Foi feito o procedimento chamado aférese, que significa separar ou retirar apenas uma das células do sangue total. Foram retiradas sete células para a doação. O procedimento durou cerca de 6h no total, tudo acompanhado pela equipe médica do hospital”, detalhou.

Máquina que faz o procedimento. (Foto: Arquivo Pessoal)
Máquina que faz o procedimento. (Foto: Arquivo Pessoal)

Seis meses depois, Évelin entrou em contato com o Redome para saber se a pessoa havia sobrevivido ao transplante. “Soube então que sim e que também não possui mais a doença, pois ficou curada da leucemia. Aqui no Brasil, devemos aguardar 18 meses para que seja feita a revelação entre as partes”, explicou.

Foi então, em julho de 2021, que Évelin encaminhou o Termo de Consentimento, informando que tinha interesse em conhecer a identidade da pessoa transplantada. E na semana passada, ficou sabendo que a receptora era uma adolescente de 14 anos, moradora da cidade de Necochea, na Argentina. Martina foi diagnosticada em novembro de 2018 com leucemia e lutou contra a doença por meio de quimioterapia, mas sem sucesso até o transplante de medula.

“Fizemos uma chamada de vídeo onde estávamos eu, minha filha e meu marido e lá a família inteira dela. Entre muitos choros e sorrisos, conseguimos demonstrar a nossa satisfação de ser útil aqui na terra e dar a chance de alguém viver melhor e saudável”, expressou.

Videochamada com a família argentina. (Foto: Arquivo Pessoal)
Videochamada com a família argentina. (Foto: Arquivo Pessoal)

Todo esse evento foi para Évelin um grande aprendizado que vai levar para o resto da vida. “Através desta doação, que eu tive conhecimento que existe conexão entre as Redes de Registro de Doação de Medula Óssea Nacional e Internacional e soube o quão importante é que se atualize os dados do seu cadastro, pois a vida de alguém depende disso. A lição que tirei disso tudo, foi que Deus me usou como instrumento de cura para aquela pessoa e me conduziu para que seu plano fosse cumprido. Doar é ato de amor ao próximo e devemos fazê-lo sempre, pois podemos fazer a diferença na vida de pessoas”, expressa.

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