Após o filho Ravi morrer afogado, gravidez é nova força para Cintia
Mãe fala pela 1ª vez sobre a dor e o recomeço após perda de filho de 3 anos que se afogou em piscina de parque
Uma tragédia que ainda dói, mas que começa a cicatrizar no coração de Cintia Loureiro, de 33 anos. Grávida de seu 3º filho, ela se vê gerando mais uma vida após a perda Ravi, o filho do meio, que partiu cedo de mais, aos 3 aninhos, após um acidente em um parque aquático de Campo Grande, em outubro de 2020.
O acidente ganhou as manchetes dos jornais do estado, que com palavras não puderam expressar a dor de uma família inteira e de uma mãe que sentiu a pior delas.
“Choramos muito porque um anjinho tão pequeno supria cada espaço da nossa casa e do nosso coração, tudo sem ele ficou sem cor, brilho um vazio enorme, nos olhávamos e tínhamos vontade de gritar correr até mesmo desistir das nossas vidas por não estar aguentando aquela saudade e a culpa de não ter confiado ele para outra pessoa olhar um minuto em nosso lugar, um minuto que para nós nos custou uma parte do nosso coração, uma cicatriz para a vida inteira”, diz a mãe.
Cintia, desde então, busca forças para sobreviver, cuidar do filho mais velho de 14 anos, do marido e de si mesma. Recentemente, quem mais da força a ela é Davi, que cresce dentro sua barriga.
“Eu ainda estou no processo muito difícil com a perda do Ravi, ainda não me acostumei com a sua ausência, descobrir que estava gerando uma nova vida me ajuda a buscar esperança. Eu e meu marido sempre ficamos imaginando como seria a reação do Ravi em saber que teria mais um irmão só que esse o caçula, a carinha dele quando chegassemos da maternidade com o bebê”.
Cintia conta que nos primeiros dias após a tragédia, ela e o marido não acreditavam no que tinha acontecido. “Para mim ver meu filho em um caixão e sendo enterrado na minha frente foi desesperador. Tão cheio de vida, tantas coisas que gostaríamos de ter feito com ele e não tivemos tempo, minha vontade era me jogar lá dentro e ficar com ele. Pensávamos ser um pesadelo e que a qualquer momentos íamos acordar e escutar a voz dele como todas as manhãs nos falando. “Acorda mamãe, acorda papai já é um dia de sol lá fora! Faz alguma coisa pra mim comer”.
Foi difícil até para o cachorro família, Nerso, um boxer de seis anos, o companheiro inseparável de Ravi. “Quando ele percebeu a ausência do Ravi deixou de comer e adoeceu. No 14 de março, no dia que Ravi faria 4 anos, nem se levantou falecendo um dia depois.
Estamos vivendo um dia de cada vez!”.
Os órgãos de Ravi foram doados. “Minha família me fez compreender naquele momento de dor que a única maneira de eternizar o nosso anjinho de luz Ravi era ajudando outras crianças a ter uma segunda chance doando seus órgãos, saber que podíamos contar com pessoas que nos davam forças para continuar mesmo não entendo os propósitos de Deus”.
Cintia não se desfez de quase nada de Ravi, roupas, brinquedos, outros objetos que ele também gostava, tudo ainda está guardado, e alguns deles serão repassados a Davi.
“Todos estão em um cantinho que fiz para ele de orações com suas fotos. E agora com a vinda do Davi vamos guardar tudo para que seu irmão use as roupas e brinque com tudo que Ravi deixou para ele”.
O vazio que o Ravi deixou com sua partida precoce, segundo a mãe, os encorajou a permitir dar mais uma chance como pais. “Não para substituí-lo, mas para dar continuidade a essa experiência de amor que tivemos com o Ravi.
Davi já é uma homenagem aos dois filhos de Cintia. "Pensei em Davi para homenagear meus dois filhos a letra D que é a primeira letra do nome do irmão mais velho, Diogo, e AVI pensando no nosso Ravi para que ele nunca seja esquecido".
Um nome tão pequeno com vários significados", conclui.
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