Após ter depressão, Alessandra se refez com “diesel nas veias”
Operadora de máquinas conta que desde 2014 passou por uma série de traumas e precisou buscar ajuda
“Eu brinco com meus filhos dizendo que não tenho sangue, mas diesel nas veias”, comenta Alessandra de Lima Silva. Tendo se recuperado de um quadro intenso de depressão, anorexia nervosa e síndrome do pânico, a sul-mato-grossense narra que se refez com ajuda profissional e se viu curada em cima dos tratores.
Apesar de ter sido criada na área rural, Alessandra explica que só começou a trabalhar dirigindo tratores em 2010. Mesmo assim, a alegria de se ver fazendo o que realmente queria aconteceu em 2022, após passar por anos adoecendo em Três Lagoas.
Narrando o trajeto entre 2014 e hoje, a operadora de máquinas conta que perdeu o marido após um acidente de trânsito naquele ano. “Mas meu psiquiatra diz que foram várias coisas, além da perda”.
Sobre o acidente, Alessandra se lembra de ter ido almoçar em Brasilândia na casa de sua mãe. “Eu e meu marido discutimos e senti que tinha que sair do carro na saída de Brasilândia para Três Lagoas. Pedi para eu levar o carro, mas ele falou que não, então desci, tirei meus filhos e liguei para o meu pai”, diz.
Na época, uma cunhada a levou para casa e a família chegou a passar pelo local do acidente, mas não notou que se tratava do marido de Alessandra. “Já eram mais de 18h e quando cheguei em casa ele não estava. Depois, só recebi a notícia”.
Mãe de três filhos, hoje com 28, 22 e 19 anos, a operadora explica que foi sendo um “para-raio” em sua casa e, em 2020, não resistiu mais. “Isso foi no dia primeiro de janeiro de 2020, aí foi o todo ano até cair a ficha de que eu estava quase morta, pesando quase 30 quilos”, explica.
Com apoio dos filhos, ela narra que pediu ajuda para os três e contou com o suporte da mãe e de uma vizinha. “Na terceira opinião médica, Deus usou ele e hoje estou curada, mas continuo fazendo acompanhamento. Uma vez ao ano vou ao consultório para ver se realmente estou bem”.
Para Alessandra, 2021 se tornou o ano da recuperação e adaptação com a nova rotina e uso dos remédios, que na época eram três. E, se não fosse pelo apoio que recebeu, ela garante que não sabe o que aconteceria.
No ano seguinte, a vontade de retomar ainda mais a vida se tornou intensa e aí é que percebeu que precisaria parar de trabalhar em casa. “Eu fazia salgado, geladinho, mas mesmo assim não me supria, não estava bom. Eu gosto de máquina, gosto do campo e acredito que seja por ter sido criada na fazenda”.
E, após passar por uma empresa inicial, ela pontua que sabia que precisava mudar mais uma vez. “Eu queria muito trabalhar na Bracell, aí fiz um propósito com Deus para que eles abrissem as portas para mim, me dessem oportunidade. Deu certo e hoje eu amo meu emprego, amo o que eu faço e estou recuperada. A gente precisa ir à luta, precisa pedir ajuda e seguir na nossa vida”.
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