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Comportamento

Após trailer pegar fogo, Sirlene foi acolhida pelo “randandandan”

Acidente aconteceu enquanto a vendedora fritava pastéis em um evento de manobras de motocicletas

Aletheya Alves | 24/01/2023 07:23
Sirlene faz questão de levar a faixa e expor em todas as festas que participa. (Foto: Aletheya Alves)
Sirlene faz questão de levar a faixa e expor em todas as festas que participa. (Foto: Aletheya Alves)

Há cerca de três meses, Sirlene Aurélia de Campos, de 46 anos, entrou em estado de choque após ver seu trailer pegando fogo enquanto estava dentro do veículo. Sem conseguir imaginar que seria tão abraçada, a vendedora foi acolhida pela galera do “randandandan”, ganhou a reforma do trailer e hoje só consegue agradecer por ter se tornado a “tia dos fervos”.

“Era para só ter dado tudo errado, mas no fim a história voltou a dar certo”, conta a vendedora. Relembrando o pior acidente de sua vida, Sirlene explica que enquanto muita gente tem preconceito com quem participa de eventos de manobras de motocicletas, o “randandandan”, e bailes funks, ela se sentiu salva justamente por essas pessoas.

Agora, ela não sai de casa com o trailer enquanto não ajusta a faixa de agradecimento ao público. “Meu trailer ficou destruído e foram eles que me fizeram voltar. Cada um foi doando um pouco até que conseguiram reformar inteiro e me entregar com as mercadorias para vender”, diz.

Para explicar melhor sobre o presente, Sirlene volta aos momentos do incêndio que ainda causam muita dor. A vendedora narra que há alguns anos participa dos “fervos” vendendo desde bala até pastéis fritos na hora, tudo em seu trailer.

Até o acidente, tudo seguia bem, mas durante um evento de manobras o susto foi imenso. “Não tem nada a ver com o local, com as pessoas, foi uma sequência de coisas que aconteceram. Eu estava fritando pastel e normalmente deixava o botijão de gás para fora do trailer, mas nesse dia estava ventando muito e para prevenir resolvi colocar para dentro”.

Sem saber exatamente como a mangueira que conecta o botijão e fogão se soltou, Sirlene explica que imagina ter sido causado naturalmente. “Você vai indo de um local para o outro e acho que se soltou. Quando soltou, a mangueira ficou indo para cima e espalhando o fogo do fogão”, diz.

Trailer pegou fogo e a vendedora sofreu queimaduras de terceiro grau. (Foto: Arquivo pessoal)
Trailer pegou fogo e a vendedora sofreu queimaduras de terceiro grau. (Foto: Arquivo pessoal)
Todo o veículo e produtos foram consumidos pelas chamas. (Foto: Arquivo pessoal)
Todo o veículo e produtos foram consumidos pelas chamas. (Foto: Arquivo pessoal)

Devido aos produtos vendidos, como sinalizadores e isqueiros, serem inflamáveis, a vendedora diz que tudo aconteceu muito rapidamente. “Foi pegando fogo em tudo e eu não conseguia sair de dentro porque a porta fechou com o evento. Eu não conseguia abrir a trava e acabei me queimando bastante”.

Enquanto isso, ela narra que quem estava por perto tentou ajudar de todas as formas e rapidamente os bombeiros também entraram em ação. Mesmo assim, o acidente foi rápido e consumiu praticamente todo o trailer, além de causar os ferimentos.

“Lá tinha ambulância, tinha extintor de incêndio, tinha tudo o que era necessário. Por isso falo que não tinha muito o que fazer, foi um acidente mesmo”, detalha a vendedora.

Devido ao trauma, Sirlene conta que durante as mais de duas semanas que ficou internada sentiu que não deveria voltar ao serviço. “Mas quando fui ver, meu filho estava me contando que o pessoal da manobrinha tinha se unido para me ajudar. Gente que eu nem conhecia ficava perguntando de mim, querendo saber se eu estava bem. Os meninos foram demais”.

Aos poucos, conforme a recuperação foi avançando, a vendedora iniciou tratamento psicológico e conta que o abraço da “galera dos fervos” foi muito importante. “Além deles terem reformado meu trailer, não me abandonaram. Muita gente tem preconceito, mas você vê eles fazendo isso e não tem nem o que dizer”.

Agora, Sirlene segue retornando às festas em passos lentos, mas destaca que sempre leva a faixa de agradecimento. “Faço questão de levar e é até engraçado porque antes de voltar, meu filho precisou me levar em uma das festas. Eu subi no palco, contei que estava melhorando e que logo ia voltar. Meu filho diz que acabei ficando mais famosa do que ele, que trabalha nas festas”, brinca.

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