As 3 perguntas que cansam e tiram mães do mercado de trabalho
Lado B conversou com duas mulheres que não conseguem emprego por serem mães
Você é mãe?
Quem vai cuidar do seu filho?
E se ele ficar doente?
Independente do lugar, da vaga ou do entrevistador, as perguntas são sempre as mesmas. A busca por uma oportunidade no mercado de trabalho é exaustiva, e, por vezes, desleal para as mulheres que possuem filhos.
Em enquete realizada pelo Campo Grande News neste sábado (11), 90% afirmaram que mãe tem dificuldade de arrumar emprego quando responde que tem filho. Somente 10% respondeu não.
Desde de abril deste ano, a rotina de Ketlin da Silva, 22 anos, é a mesma. Acordar, pesquisar vagas de emprego nas redes sociais, aplicativos e fazer ligações para agendar uma entrevista.
Quando tem sorte, ela consegue uma, porém, ao chegar lá, a situação é sempre a mesma. “Quando meu filho completou dois anos, comecei a procurar emprego. Eu comecei a ter dificuldades, porque as pessoas perguntam: Você está disposta a ficar o dia longe dele? Se acontecer uma emergência quem vai socorrer? Quem vai cuidar dele?”, relata.
Às vezes, a contratação é quase certa, mas tudo muda ao descobrirem que ela é mãe. Além dessa situação, Ketlin expõe que outra dificuldade, é apresentar o currículo. “Criticam o tempo que fiquei sem trabalhar. Na entrevista, a pessoa fala: você ficou dois anos parada sem fazer nada?”, conta.
Ketlin perdeu as contas de quantas entrevistas de trabalho realizou e quanto gastou com passe de ônibus para se deslocar até os endereços. Escritório, recepção, mercado, lanchonete, bar, não importa em qual área seja, a jovem já tentou ser contratada em todo tipo de lugar.
Cansada de receber “não” das empresas e ter que responder perguntas desnecessárias sobre a maternidade, Ketlin enfatiza que ser mãe não a impede de trabalhar. “Ser mãe não é um defeito, mãe também tem vida profissional, emocional, mãe continua a vida. Não é porque sou mãe, que parei no tempo e não posso fazer mais nada”, afirma.
E se a situação é delicada para as mães jovens, o mercado de trabalho também não alivia para aquelas que têm mais de 30 anos. É o caso da artesã Wilma, 46 anos, que pediu para não ter o sobrenome divulgado.
Há dois anos, Wilma distribui incontáveis currículos e participa de seleções onde se vê desvalorizada pela idade e por ter uma filha pequena. Ela relata que, nessas ocasiões, as escolhidas para trabalhar são as jovens de 18 a 25 anos. “O mercado de trabalho enxerga uma pessoa com 45 anos como não capaz de trabalhar. Infelizmente, alguns empregadores não dão oportunidade por eu ter filho e pela idade”, comenta.
Os questionamentos que Wilma tem que responder são os mesmos que Ketlin ouve. “As perguntas frequentes são essas: Caso ela adoeça, a senhora tem com quem deixar? Se passar do horário, a senhora tem quem pegue na creche? E, por aí vai”, conclui.
Mesmo com as negativas e falta de retorno dos empregadores, Ketlin e Wilma têm esperança de conseguirem ser admitidas para trabalhar. O que falta agora, para as duas, é uma oportunidade de serem vistas como profissionais qualificadas e não somente como mães.
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