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Comportamento

Atropelar filho dirigindo com braço quebrado foi o fim do cigarro

Há cerca de 15 anos, Andrea parou de fumar depois de episódio traumático com João

Aletheya Alves | 31/05/2023 06:45
João e Andrea contam sobre história de acidente que causou o abandono do cigarro. (Foto: Arquivo pessoal)
João e Andrea contam sobre história de acidente que causou o abandono do cigarro. (Foto: Arquivo pessoal)

Cerca de 15 anos se passaram desde quando Andrea Correa atropelou o filho, João Salmaze, e decidiu instantaneamente que iria abandonar o cigarro. Definida como uma “história cabulosa” pela família, hoje a sequência de acontecimentos é contada pelos dois como algo entre o trágico e o engraçado.

“Hoje levamos essa história na brincadeira, damos risada, mas quando aconteceu foi tenso”, comenta o fotógrafo e filho de Andrea. Explicando melhor sobre como tudo aconteceu, Andrea narra que a culpa demorou a ser superada.

Uma semana antes do atropelamento de João, a mãe já havia sofrido um acidente há poucos dias de moto. “Eu estava com o braço engessado em casa, de licença, e percebi que ele tinha esquecido o passe do ônibus quando saiu de casa. Eu estava com o carro da minha irmã e fui atrás dele com meus sobrinhos”.

Na época, Andrea consumia duas carteiras de cigarro por dia e, mantendo o hábito, foi buscar o filho com o item em uma das mãos. “Estava dirigindo e fumando, vi ele se aproximando e fui estacionar. Nisso, ele veio de encontro com o carro, tropeçou e caiu. Passei com o carro em cima da mão dele”, conta.

Quando percebeu que o filho havia caído próximo do carro, Andrea imaginou que tinha passado com o pneu por cima de sua cabeça e o desespero seguiu em uma crescente. Ao descer do carro, viu que a mão havia sido atingida, mas que realmente a distância para ter atingido a cabeça foi pequena.

“Fomos para casa e naquele momento virou uma chave. Fiquei pensando que se eu não estivesse fumando, se não estivesse com uma mão entretida com o cigarro, não teria atropelado ele ou alguma coisa nesse sentido”, explica Andrea.

Acidente teve como consequência novas vidas para mãe e para o filho. (Foto: Arquivo pessoal)
Acidente teve como consequência novas vidas para mãe e para o filho. (Foto: Arquivo pessoal)
Apesar de diagnóstico, o filho conseguiu recuperar todos os movimentos da mão. (Foto: Arquivo pessoal)
Apesar de diagnóstico, o filho conseguiu recuperar todos os movimentos da mão. (Foto: Arquivo pessoal)

Após o acidente, a família saiu de casa e foi para o hospital. Lá, João narra que o medo continuava aumentando. “Lembro que o médico falou para minha mãe que ela poderia ter acabado com minha vida porque minha mão iria ficar inválida. Poderia até precisar amputar porque eu ia perder os movimentos devido à gravidade do atropelamento”.

Olhando pelo lado da fé, Andrea se recorda que a cirurgia não pôde ser feita naquele mesmo momento e os dois precisaram retornar para casa e voltar ao hospital apenas no fim do dia.

“Fomos para a casa da minha pastora, ficamos o dia todo lá, ela orou, me acalmou e quando voltamos para o hospital, era outro médico. Ele fez outro raio X e até disse ‘nossa mãe, é a mesma mão?’. Só tinha a parte do dedinho quebrado, os nervos e ossos foram regenerados durante o dia e ele fez a cirurgia”, comenta a mãe.

Ainda assim, o tratamento foi longo e, de acordo com João, foram cerca de 120 dias até a recuperação total. “Coloquei pino, fiquei mais ou menos quatro dias internado”.

Sem se lembrar em detalhes de como foi o período, ele comenta que conseguiu retomar todos os movimentos da mão, tanto que hoje trabalha com fotografia e se dedica a alguns instrumentos como guitarra, violão e bateria.

Voltando para a relação de Andrea com o cigarro, ela explica que no mesmo dia do acidente já não conseguiu mais chegar perto do produto. “Não consegui colocar mais um cigarro na boca. Eu fumava já há mais ou menos 20 anos, cerca de duas carteiras por dia”, comenta.

Em seu caso, a dependência teve início relacionada à família e, hoje, explica que não consegue entender como chegou a tal ponto. “Comecei a fumar porque meu pai pedia para a gente acender o cigarro dele, tinha todas essas coisas. Às vezes, a gente tinha o dinheiro contado para o leite e ainda assim eu comprava cigarro separado”.

Depois de já ter se recuperado do trauma, assim como João, os dois completam dizendo que a história é mesmo um misto de sentimentos. Mas, hoje, serve como exemplo a ser contado.

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