Balé de MS fala da luta de mulheres e batalha para levar dança à Argentina

Ao som da música “O Que Se Cala”, de Elza Soares, a professora de balé Graciela Quintana, decidiu retratar através da dança, a luta e a resistência das mulheres em relação às obrigações impostas pela sociedade. A coreografia levou um ano para ficar pronta, e é uma das cinco que serão apresentadas pelas suas alunas na Argentina, em setembro desde ano, no 20º Mundial CIAD (Concurso Internacional de Danças).

Diretora e professora do Espaço de Dança Suzana Leite, Graciela conta que a coreografia foi montada por meio de uma troca de experiência entre ela e as alunas. A professora conta que houve várias rodas de conversas para achar pontos em comum entre as bailarinas, e montar a apresentação com base nessa troca de experiências e vivências.

“Nosso grupo é bem diversificado. Nós temos meninas de várias estaturas físicas, pretas, pardas, brancas, de várias classes sociais. Nós fomos conversando para achar pontos em comum entre nós, o que que toda mulher sofre”, conta.

O figurino é um vestido branco com “mãos” impressas por toda parte da roupa, incluindo no corpo das meninas, que simbolizam a opressão sofrida pelas mulheres. No final da apresentação, elas tiram esse vestido, para representar a libertação dos padrões impostos e violências sofridas. A mensagem fica por conta das “mãos” desenhadas no corpo, pois apesar de se libertarem, a opressão fica gravada na pele.

Viagem para a Argentina 

Para as meninas, a oportunidade de dançar nos palcos dos teatros Mundial e Globo é a realização de um sonho. Por isso, elas não medem esforços na hora de levantar fundos para arcar com os custos da viagem, hospedagem e alimentação. Em abril desde ano, elas fizeram uma rifa de Páscoa, além de outras ações previstas para serem feitas ao longo do ano, incluindo o “Arraiá das Bailarinas”.

A viagem será realizada de ônibus e elas ficarão na cidade de Buenos Aires por uma semana. Durante a viagem também será realizados cursos com professores de dança locais. A viagem está prevista para o dia 17 de setembro, com a volta no dia 23.

A bailarina Clara Mudo, de 20 anos, declara estar pronta para dar seu melhor no Festival, e resume suas expectativas em colher os frutos de toda sua dedicação e transmitir o que sente através da dança, quando está nos palcos. "Se eu fosse definir essa viagem em duas palavras, seria oportunidades e desafios. Eu costumo dizer que quando a gente sai da nossa caixinha, da nossa bolha, que a gente vai explorar novos ambientes, a gente tem o acesso a uma oportunidade que é única”, diz Clara.

A bailarina e professora do espaço de dança, Karoline Paiva, 19, ressalta que a viagem será uma oportunidade de adquirir conhecimento e experiências novas envolvendo a dança, e também a realização de mais um sonho dela. Ela iniciou na carreira de bailarina aos 8 anos de idade, e conta que com esse novo desafio espera viver, aprender e se divertir ao máximo, e quem sabe trazer alguma premiação para Campo Grande.

"Em 2022 eu fui com o espaço para o festival de dança de Joinville (Santa Catarina), esse ano tive a oportunidade de aceitar mais essa aventura para a Argentina. É muito gostoso você viver experiências novas, e poder viver essas experiências fazendo aquilo que você ama, com pessoas que você gosta e que gostam de você também”, diz Karoline.

Bailarina desde os quatro anos, a fisioterapeuta Renata Aguilar Leite Oliveira, 43, destaca que para ela será a oportunidade de conhecer novas culturas, levar a arte através da dança para um público diversificado e também um espaço de aprendizado, com bailarinos e correógrafos internacionais. “A dança é minha terapia , não sei viver sem. É o momento onde encontro a paz e a alegria”.

Mas antes de chegar na Argentina, elas precisam arrecadar R$ 50 mil para custear a taxa de participação do festival, passagens, hospedagem e alimentação. Para arrecadar fundos, o grupo recorreu a rifas, e a esperança da professora, Graciela Quintana, é arrecadar dinheiro em uma Festa Junina que será realizada pelas bailarinas, no dia 16 de junho.

“Em fevereiro a gente começou a organizar essa viagem, e em março a gente fez a primeira ação com a rifa, para começar a arrecadar dinheiro, e agora vai ter a festa junina.  A arrecadação, por enquanto, está lenta, mas eu acredito que vai dar certo", declara.

Irão viajar 24 pessoas, incluindo 17 bailarinas e a equipe do estúdio. Serão apresentados cinco trabalhos pelos grupos de dança Sanssouci e Prelúdio, sendo três solos e duas apresentações em conjunto.

Arraiá das Bailarinas 

Com o intuito de arrecadar fundos para levar as meninas para a Argentina, o grupo, com apoio das professoras, está organizando uma Festa Junina.

A noite será repleta de diversão com quadrilha e música ao vivo. A estrutura contará com barracas de arroz carreteiro, choripan, doces, cachorro quente e espaço kids.

Durante o arraiá será realizado um show de prêmios, em que os participantes terão a oportunidade de levar para casa perfume importado, pijama, serviços de beleza, pipoqueira elétrica, brincos, entre outros prêmios. Também terá quadrilha e música ao vivo.

O Arraiá das Bailarinas será realizada no domingo, dia 16 de junho, a partir das 14h, no CPROPAL (Centro de promoção Social Palotinas), que fica na Rua dos Mascates, 44, no Bairro Jardim Aero Rancho.

O convite para participar da festa custa R$ 5,00 e dá direito a um pastel. Para adquirir basta entrar em contato com a professora Graciela, pelo  telefone (67) 9127-1040.

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