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Comportamento

Bicicletaria é salvação diária desde que visão começou sumir

Valdomiro costumava trabalhar no ramo da construção até que a diabetes começou a apresentar complicações

Aletheya Alves | 25/06/2023 07:31
Valdomiro precisou abrir bicicletaria em casa após começar a perder a visão. (Foto: Aletheya Alves)
Valdomiro precisou abrir bicicletaria em casa após começar a perder a visão. (Foto: Aletheya Alves)

Tentando chamar atenção de clientes na Rua Enchova, Valdomiro Alves Correia precisou reaprender sobre como viver o próprio cotidiano desde que a visão começou a partir. Sem conseguir trabalhar fora de casa, o morador do Jardim Centro Oeste transformou parte de casa em bicicletaria que o tem “salvado” desde então.

Diagnosticado com diabetes, o homem narra que trabalhava no ramo da construção até que, um dia, acordou sem a visão em um dos olhos. “Eu trabalhava fazendo fundação de presídio faz mais de dez anos. Nesse dia, ano passado, acordei sem enxergar nada em um dos olhos, aí chamei minha esposa porque não entendia nada”.

Após ir ao médico, descobriu que a perda da visão era consequência da diabetes e, desde então, o medo é que o outro olho também seja atingido. Sem poder ficar parado e aguardando retorno sobre seu afastamento, Valdomiro diz que a única forma de seguir levando a vida é trabalhando e tendo humor.

Sem conseguir retornar ao trabalho original, a ideia foi de abrir uma pequena bicicletaria na lateral de casa. “As pessoas que vêm aqui já sabem que precisam ter paciência porque estou cego de um olho. Aí a gente coloca elas sentadas, já dá um prato de comida e manda esperar porque não tem jeito”, brinca.

Profissional conta que clientela costuma ter paciência para que os trabalhos sejam feitos. (Foto: Aletheya Alves)
Profissional conta que clientela costuma ter paciência para que os trabalhos sejam feitos. (Foto: Aletheya Alves)

Focado em pequenos ajustes e manutenções, o morador explica que clientes já antigos de outras produções é quem realmente faz diferença. “Como já trabalhei como pedreiro também, bastante gente me conhece e ficou sabendo. Então, tenho esses clientes que são mais fixos”.

De portas sempre abertas, Valdomiro não perde a chance de uma boa conversa e, também pensando nisso, comenta que talvez esse seja um atrativo para que continue recebendo ajuda.

“Quando o cliente chega, a gente conversa, vamos falando as coisas da vida. Até tinha pensado em mudar de ponto, mas aqui tenho essas pessoas e vou tentando continuar enquanto o outro olho não é atingido”, relata.

E, sem preguiça, narra que caso não conheça algo, tenta ir atrás das necessidades apresentadas pelos clientes. “Você vai fazendo de tudo um pouco, aprende mesmo e aqui não é diferente. A gente fica triste sem a visão, mas não pode parar”.

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