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Comportamento

Brincalhão, Luis Carlos era amigo de bem com a vida por 32 anos na Câmara

A morte comoveu os colegas do trabalho que lembraram da sua alegria nesses anos de convivência

Alana Portela | 31/07/2019 11:13
Luiz Carlos não tirava o sorriso do rosto (Foto: Arquivo pessoal)
Luiz Carlos não tirava o sorriso do rosto (Foto: Arquivo pessoal)

Luiz Carlos Costa Affonso era renal crônico, mas viveu intensamente cada minuto da vida. Simpático, brincalhão e extrovertido, animava a todos. Trabalhou como sonoplasta por 32 anos na Câmara Municipal, há dois meses se afastou por conta dos problemas de saúde e faleceu no dia 27 deste mês, devido a pneumonia. A tristeza tomou conta dos colegas de trabalho, que falam da amizade e das boas recordações.

“Sempre muito sorridente, conversador, de bem com a vida. Não gostava de ver ninguém quieto. O tempo todo foi assim. Era prestativo, nos eventos a gente sempre podia contar com ele”, diz a cerimonialista, Viviane Garcia. Ela o conhecia há 14 anos, trabalhavam juntos nos eventos da Casa.

“Era apaixonado pelo que fazia. Seu trabalho era fundamental e ele não tinha sábado, domingo ou feriado. Mesmo doente, ia trabalhar após sair da hemodiálise. Aguardávamos ele sair do hospital. Está um clima ruim no trabalho, todos estão de luto e mal com a situação”, comenta.

Jean Michel Araújo Affonso e o pai Luiz Carlos na praia (Foto: Arquivo pessoal)
Jean Michel Araújo Affonso e o pai Luiz Carlos na praia (Foto: Arquivo pessoal)

Luiz Carlos tinha 53 anos e estava internado há dois meses. “Era renal crônico e ficou 62 dias internado. Entrou bem, andando, mas arruinou por lá. Chegou a ter uma melhora no quadro, saiu do CTI [Centro de Tratamento Intensivo] após 45 dias, e voltou para o quarto. Contudo, piorou novamente e veio a falecer por conta da pneumonia”, relata o filho Jean Michel Araújo Affonso.

“Meu pai nunca se deixou abalar pelos problemas. Todos os dias viam ele sorrindo, foi um guerreiro e lutou pela vida. Era meu herói, me ensinou os princípios de caráter e boa índole. Vivia para a família, principalmente, para os netos. A gente estava planejando de viajar no final do ano, ninguém imaginava que isso poderia acontecer. Ainda não caiu a ficha”.

Luiz Carlos com os netos Arthur e Larissa, durante o aniversário da neta  (Foto: Arquivo pessoal)
Luiz Carlos com os netos Arthur e Larissa, durante o aniversário da neta (Foto: Arquivo pessoal)

Luto oficial - O falecimento gerou comoção entre os colegas da Câmara. O presidente João Rocha, decretou ontem (30), luto oficial por três dias. Na frente da Casa, a bandeira está hasteada, como forma de gratidão e respeito.

Pelos corredores, a lembranças são de uma pessoa motivadora. “Era amigo do meu pai e se tornou meu também. Sua maior qualidade era a motivação, sempre com o sorriso no rosto. Às vezes, quando chegava no serviço cabisbaixo nos alegrava”, desabafa Edson Melo, amigo e profissional do sonoplasta.

Ele trabalha na parte dos protocolos da Casa e conheceu Luiz Carlos há 15 anos, nesse tempo, os dois conseguiram dar boas gargalhadas juntos. Adoravam apostar cervejas e refrigerantes quando o Flamengo entrava em campo para enfrentar o Botafogo.

“Eu flamenguista e ele botafoguense. Tirávamos sarro juntos e vivíamos em harmonia. Agora, não vou ficar tão saudoso quando assistir ao jogo”, comentou Edinho. “A imagem que carrego dele é de ser um parceiro. Meus problemas ficavam nanicos perto do dele. Quando virou renal crônico foi internado. Na época, fui vê-lo no hospital, mas nessa última internação não pude ir porque acabou indo para o CTI [Centro de Tratamento Intensivo]. Tinha esperança que fosse voltar”.

Luiz Carlos trabalhava como sonoplasta (Foto: Arquivo pessoal)
Luiz Carlos trabalhava como sonoplasta (Foto: Arquivo pessoal)

Para Edson, a dificuldade maior vai ser quando retornar ao trabalho. “Estou de férias, mas quando retornar e não vê-lo por lá, vai ser triste”, disse com um tom de voz baixo.

O técnico de áudio, João Madureira também vai sentir falta do amigo. “Faço as gravações, enquanto o Luiz cuidava do som. Sempre pedia para ajustar o som, para tirar o agudo, colocar grave, diminuir o volume. Quando chegava aqui [Câmara], os equipamentos do som já estavam separados, mas eu fazia vista grossa para ver se não tinha esquecido e nada”, contou.

“Era meu amigo pessoal e profissional. Conversava, dava conselhos. Eu sabia quando não estava bem e o considerava um irmão, pois somos da mesma religião. Muito trabalhador, isso tiro meu chapéu. Nas atividades de eventos e formaturas, ele fazia com maestria”.

Para Madureira, o que ficou foram às lembranças de um parceiro. “O sentimento que tenho é de saudade. Ele sempre chegava mais cedo porque acordava às 5h para caminhar. Depois vinha pra cá. Quando eu vinha antes do horário, ficávamos conversando. Dava conselhos, me ouvia muito“.

Nesta semana encerra o recesso parlamentar e as atividades dos vereadores voltam ao normal. Era Luiz Carlos o responsável por “deixar” os parlamentares falarem ao microfone, agora, os colegas tentam se acostumar sem sua presença. “As sessões vão começar, não sei dizer como vai ser. Antes ficava falando da minha sala para fazer as coisas”, concluiu Madureira.

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