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Comportamento

Casal deixou vida de apartamento e roda o Brasil com 'Dona Belezinha'

Edna e Pedro transformaram Kombi de 1973 em casa e criaram projeto 'Morada Nômade'

Por Jéssica Fernandes | 02/10/2023 07:00
Pedro e Edna saíram do Ceará para rodar o Brasil com a Kombi 'Dona Belezinha'. (Foto: Alex Machado)
Pedro e Edna saíram do Ceará para rodar o Brasil com a Kombi 'Dona Belezinha'. (Foto: Alex Machado)

A Dona Belezinha é ‘bonitinha’, mas é uma ‘ordinária’. A Kombi de 1973 é uma senhora bem conservada que merece respeito. Desde 2018, ela está nas mãos de Edna Santana de Brito, de 38 anos, e Pedro da Silva Robalinho, de 45 anos. O casal viaja e mora na Dona Belezinha, que rodou 14 estados e em setembro chegou a mais um: Mato Grosso do Sul.

Com o sonho de conhecerem a América do Sul com a Kombi, eles por enquanto seguem se aventurando pelo Brasil. Após passarem por Corumbá e chegarem na Capital, a meta é voltar a Bonito. A vivência da brasileira e do português na estrada é compartilhada em detalhes através das redes sociais.

No Youtube, Edna e Pedro postam vídeos no canal ‘Morada Nômade’. Os mais de 300 vídeos publicados mostram o início das viagens, que começaram em 2020, e também as diversas reformas e adaptações feitas na Kombi transformada em motorhome.

Para terem esse estilo de vida marcado por novas descobertas, perrengues, investimentos e tantas outras coisas, o casal abriu mão da rotina marcada por trabalho, apartamento e saídas para jantar. Esse capítulo ambos deixaram para trás e garantem não sentir falta ou arrependimento.

Ao Lado B, eles falam sobre o projeto, como é a realidade de quem vive sem endereço fixo e tudo que vivenciaram nos quilômetros rodados a partir de 2021. Logo no início da conversa, Edna conta que Dona Belezinha passou uma semana no mecânico e uma na funilaria desde que chegou na cidade. “Quem disse que é sexo, drogas e rock in roll?”, brinca. Em seguida, ela convida para entrar na casa, a Kombi 1973.

Ela e Pedro moravam no Ceará quando compraram o veículo pela internet em dezembro de 2018. “Esse é um tipo de carro que não encontra no Nordeste. Por ser a beira do mar já se deteriora, então compramos ela pela internet em São Paulo e ela foi de carreta para Fortaleza. Quando ela chegou fiquei toda feliz, olhei e falei: ‘Tiramos o sonho do papel’”, recorda.

Detalhe na lataria da Kombi 1973 com a frase 'Dona Belezinha'. (Foto: Alex Machado)
Detalhe na lataria da Kombi 1973 com a frase 'Dona Belezinha'. (Foto: Alex Machado)

Nem sempre a Kombi foi uma meta e sonho do casal, mas a aquisição dela acabou sendo uma forma de continuar fazendo o que sempre gostaram. Edna fala que sempre que tinham chance saiam do apartamento para acampar.

“A gente tinha uma vida normal de apartamento, faculdade, academia, escritório, amigos e jantares, mas a gente gostava muito de acampar. Tínhamos moto, barraca, então a gente aproveitava todas as oportunidades e fugia, viajava”, comenta.

Quem vê a Dona Belezinha nem imaginava que em 2018 a mesma estava, segundo Edna, ‘velha e acabada’. No começo de 2019 vieram as primeiras de muitas reformas que seriam feitas nos últimos quatro anos. A Kombi enfrentou a pandemia, foi deixada na mão por um funileiro, porém resistiu.

Parte externa da Kombi ganhou revestimento de madeira. (Foto: Alex Machado)
Parte externa da Kombi ganhou revestimento de madeira. (Foto: Alex Machado)
Uma das reformas incluiu a adaptação de gavetas para guardar utensílios. (Foto: Alex Machado)
Uma das reformas incluiu a adaptação de gavetas para guardar utensílios. (Foto: Alex Machado)

A reforma do veículo, segundo Pedro, era a melhor saída e um investimento que cabia no bolso. “Compramos e começamos a trabalhar nela. Nós compramos assim porque comprar novo era muito caro para nós na época. Compramos assim para ficar barato e nós fazermos”, explica.

Em 2021, eles colocaram o pé na estrada com a proposta de ir reformando a Kombi no caminho. Naquele ano, de acordo com Pedro, eles saíram só com a ‘lataria, motor, bancos e o colchão de camping’. Em cada cidade que chegavam, o casal ajeitava algo na Kombi que foi transformada parada após parada.

Edna cita algumas das adaptações que fizeram na Dona Belezinha.  “Saímos de Fortaleza na lata, aí em Minas Gerais pegamos esse material que é o revestimento térmico e acústico. Em São Paulo subimos o teto o que possibilita que a gente fique em pé e isso vira varal”, diz.

Bancos dividem espaço com fogão, geladeira e pia. (Foto: Alex Machado)
Bancos dividem espaço com fogão, geladeira e pia. (Foto: Alex Machado)

Além dessas mudanças, Dona Belezinha ganhou uma pia, fogão, chuveiro, internet, eletricidade, toldo e um espaço planejado para comportar os poucos utensílios de casa. Uma das adaptações geniais pensadas pelo casal foi o ‘quarto de hóspedes’. A barraca fica na parte externa e em cima da Kombi e é facilmente fechada e aberta conforme a necessidade.

Falando sobre os estados que passaram, como Salvador, Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, o casal mostra no celular alguns dos destinos que querem percorrer. A vinda para Mato Grosso do Sul foi bastante almejada e Edna até aprendeu a nadar para curtir a estadia em Bonito.

O planejamento faz parte da rotina dos aventureiros, porém na estrada nem tudo sai como esperado. “A gente faz um planejamento, mas muitas vezes acontece outro. Isso é vida real, então no meio do percurso temos perrengue, tem questões de saúde, documentos, tem muitas coisas para acontecer”, declara Edna.

Barraca na área externa é segundo 'quarto' adaptado para visitas. (Foto: Arquivo pessoal)
Barraca na área externa é segundo 'quarto' adaptado para visitas. (Foto: Arquivo pessoal)

Em Campo Grande, por exemplo, os dois aproveitaram para fazer algumas consultas e tratamentos. Enquanto cuidavam de si, Dona Belezinha também encarava mais uma fase de ajustes e consertos. No fim, os três vivenciam juntos diferentes transições e mudanças conforme chegam ou partem rumo a um novo destino.

"Em todos os aspectos sempre dá muito trabalho, na construção da Dona Belezinha, na construção da gente mesmo", comenta Edna. Apesar de ser uma 'vida trabalhosa', segundo Pedro, ainda é uma vida que vale a pena.

Para ela, o sentimento é de orgulho pelo que foi feito até aqui. "Eu olho para tudo isso e vejo muito sucesso porque vejo o trabalho envolvido", destaca.

Quem quiser acompanhar, o perfil no Instagram é @moradanomade e no Youtube

Enquete - Pensando no estilo de vida ‘nômade’ na estrada, o Campo Grande News realizou a enquete: ‘Você deixaria de ter uma vida estável para viver viajando?’. O resultado revelou que 49% dos leitores optaram pelo sim, enquanto 51% pelo não. 

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