Cheio de doações, Yago recebe presente maior no 14º dia de vida: o abraço do pai
O sorriso de Eduardo Noronha segurando o filho nos braços dispensa palavras. A emoção é o conforto do pai que conseguiu abraçar Yago, que já está com 21 dias de vida. Internado na UTI Neonatal da Santa Casa desde que nasceu, ele é o bebê que por dois meses resistiu dentro do corpo da mãe com morte cerebral. “O Yago está reagindo bem, mas ainda não há estimativa de receber alta”, afirma o pai.
O primeiro abraço veio só há uma semana. “Peguei ele no colo pela primeira vez na sexta-feira, dia 14. Foi a melhor sensação da minha vida, maior alegria. Fiquei 1 hora segurando meu filho no colo. Ele ficou tranquilo, calmo, mexendo as perninhas, quietinho e deitadinho”, descreve.
A criança ainda respira por aparelhos, mas o pai espera ansioso pela melhora. “O médico passou para mim que está ótimo e se tudo caminhar bem, na segunda-feira ele já vai tirar os aparelhos. Não vejo a hora dele sair e vir para casa, viver com a gente”, torce o pai.
Há mais de dois meses enfrentando o vai e vem do hospital, Eduardo, que trabalha como entregador, visita Yago três vezes ao dia, mesmo quando estava proibido de entrar na UTI. “Eu não deixo de ir em nenhuma visita, sei que ele vai ficar muito melhor”, declara o pai.
Solidariedade - Unindo forças pela vida do filho, Eduardo se deparou com a solidariedade de muita gente nesta caminhada. “Recebi muitas doações, graças a Deus. As pessoas ficaram muito emocionadas e isso está sendo muito importante, me ajuda, me dá forças porque não é só a gente que se preocupa”, declara.
Entre tantos desafios, até quem agora lida com a morte de perto, enxergou na vida de Yago o alento.
No dia em que Eduardo segurou pela primeira vez Yago no colo, a professora e acadêmica de Medicina Veterinária Sandra Adriana Uhri, de 36 anos, viu o sobrinho morrer. Depois de ter comprado todo enxoval para a criança, ela decidiu, com apoio da mãe, doar tudo para Yago.
“Nasceu prematuro e não resistiu. A mãe, adolescente, era hipertensa e teve uma gestão de risco. Ela e meu irmão moram em Rondônia e minha mãe iria levar tudo quando fosse conhecer o neto, mas não deu tempo”, lamenta.
Sandra também encontrou uma forma de se sentir melhor diante da tristeza. “Venho acompanhando o caso do Yago e me emocionei. Sei que é uma nova vida que vai usufruir, e é uma nova vida especial”, diz Sandra.
A professora pretende entregar todas as doações na próxima semana para a família.
O pai aceita de coração aberto. “Ele ainda está usando só fralda, porque as roupinhas podem até atrapalhar, mas quando puder, vou vestir com muito carinho”, diz.
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