Com a arte pelo corpo, ensaio fotográfico com mãe e filho fala de raízes
Fotos e arte foram feitas pela fotógrafa e artista do interior de MS, Barbara Dantas Amaral
Despretencioso, o ensaio fotógrafico de Ana Horn e Luis tenta transmitir o significado do amor entre mãe e filho. Com pinturas de flores em linhas, que fluem do corpo de Ana para o de Luis, o registro feito pela artista e fotógrafa Bárbara Dantas Amaral fala de laços, ou melhor, de raízes.
Sem grandes efeitos ou retoques, o sentimento, o olhar, a expressão são os destaques das fotos, que foram novidade tanto para a fotógrafa quanto para o menino. ''Essa foi a primeira vez que desenhei e fotografei uma pessoa do sexo masculino e na hora eu nem pensei sobre a questão de gênero, de estar pintando um menino...porque eu me perguntava como ampliar o projeto sem perder a essência dele e foi super natural'', explica ela.
Todo o processo foi feito da forma mais simples possível. As fotos foram tiradas na casa da mãe, as pinturas feitas como de costume, com a caneta e base d'água. Roupas foram as mais leves possíveis, assim como as expressões. ''Normalmente eu que escolho as cores, mas dessa vez eu pedi para o Luis escolhe. Ficamos com receio dessa escolha a princípio mas o resultado ficou ainda mais particular. Luis é um menino muito artístico, muito sensível, então fornecer pra ele essa oportunidade de contato com arte foi muito construtivo pra ele''.
O trabalho de body art de Bárbara é intuitivo. Ela gosta de desenhar de vários ângulos diferentes e ''no rosto principalmente, porque eu sou apaixonada por olhos, expressão facial, pelo colo, os ombros e as costas''.
Para a mãe o resultado final das fotos foi emocionante. ''Minha atual área de trabalho é educação infantil, sou professora, e usa a arte como principal instrumento de ensino. Ter essa experiência com meu filho foi essencial''. Como dizem, a arte leva à arte, e a consequência das fotos foi o surgimento de um poema escrito por Ana Horn. Confira:
''Pari minha pira!
Amplificado, exagerado, caricaturado, a la Chaplin. Grita que quer ser artista desde antes de dominar os fonemas. Pari minha pira, e se eu fui Bardot que vive como em filme, meu rebento vive como quem dirige, ilumina, atua e musicaliza tudo-ao- mesmo-tempo-agora. Cerca-se de bicho, gente e paixões, mostra na infância uma confiança em si que só aprendi a ter quando grande, desfila com passos que dançam uma música que é sua alma que toca em algum lugar que só ecoa dentro da mente dele. Ele já entende mais da vida do que tu!, me gritam os céus, é uma gargalhada de orgulho explode do peito a garganta. "Mas é claro que ele entende", pensa meu cérebro cansado de tentar me dar o controle que peço, fazendo-me finalmente entender. O moleque veio pra ser prova viva de tudo que tentei entender. Veio ser a vivência que me daria o exemplo, a causo que conto quando tento ser professora de viver pros outros. Pari minha pira. Ele é toda a coragem que cavei pra achar em mim.''
Para conferir mais trabalhos da fotógrafa acesse o link aqui.