Com a mão na graxa, amigas criam projeto que mostra o poder feminino na direção
A imprudência é inerente ao ser humano, mas basta uma escapada no trânsito para, em poucos segundos, algum inconveniente disparar: “Isso é coisa mulher”. A subestimação do feminino na direção é problema antigo. Sentindo na pele o preconceito e o tormento de serem enganadas por mecânicos, um grupo de amigas criou projeto para ensinar e discutir o poder da mulher na direção.
A iniciativa, aberta ao público, traz palestras e cursos, que envolvem segurança, experiências e mecânica básica. Criado pelas acadêmicas da Anhanguera Iasmin Padilha Rodrigues dos Santos, 21, Karen Grazielly Benites Vaz, 24, e Caroline Resende Guimarães, 21, o projeto “Mulheres na direção – Dirija como uma garota” é daqueles para ninguém se sentir insegura quando o assunto é a relação com a veículo.
Tudo começou quando Iasmin comprou uma moto. “Por fazer Engenharia Mecânica, na minha ingenuidade, achei que saberia mexer na moto caso acontecesse qualquer coisa. Porém, não foi assim. Quando a corrente da moto caiu pela primeira vez, eu fiquei aflita e percebi o quanto nós mulheres, somos impotentes em relação a problemas mecânicos. Até que um rapaz me ensinou a colocar no lugar e eu fiquei pensativa: quantas mulheres passam por essa situação?”.
Iasmin sabe que teve sorte de alguém tê-la ajudado, porque, no dia a dia, não é bem assim. “Percebi o quanto é importante a mulher saber conduzir situações como esta. Outro ponto importante é nós, mulheres, podermos ensinar nossas filhas, como os pais ensinam seus filhos, vez que, problemas mecânicos independem de quem está conduzindo o veículo”, afirma.
Outro fator decisivo para criação do projeto foi o preconceito. “Situações como bullying, são comuns no dia a dia. O fato de dirigir mal não compete só as mulheres. A imprudência é inerente ao ser humano e não dos gêneros masculino ou feminino”.
A acadêmica ressalta as estatísticas do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), que mostra que 71% dos acidentes no País são provocados pelos homens. Além disso, 70% das multas registradas são para motoristas do sexo masculino.
O tormento de ir ao mecânico também era problema que precisava ser superado. “São situações humilhantes, quando você percebe que, por ser mulher, os mecânicos não dão devida atenção, explicação e até mesmo não executam um bom serviço”.
De acordo com uma pesquisa realizada pelas acadêmicas, de 62 mulheres entrevistadas em Campo Grande, 77% já se sentiu enganada pelo mecânico e 53% prefere que o carro seja levado à oficina por outra pessoa.
“Situações como ir ao mecânico com o marido, fazer uma pergunta e este só responder ao marido são recorrentes. Também ocorre de o serviço ser mal feito pelo fato de as mulheres não entenderem de mecânica”.
Por isso, o projeto criado na universidade é completo. Entre as palestras, há o tema “O lugar da mulher é aonde ela quiser”, que reflete a vontade feminina de poder fazer o que quiser sem barreiras, machismos e convenções. “Mulheres podem colocar a mão na graxa”, afirma.
Hoje, para atender o maior número de mulheres, o projeto precisa de ajuda. “Precisamos de patrocínio. Pensamos que a divulgação desse projeto, em montadoras, revendedoras e agência de publicidade, conscientizando as pessoas de que as mulheres podem ser mecânicas ou engenheiras é muito importante. Essa divulgação pode ser através de palestras, cartilhas, e folders, por exemplo”.
O projeto vem para acabar com todas as dúvidas das mulheres sobre seus carros e motos, dar segurança para ir ao mecânico e pegar a estrada sem medo de um pneu furar.
O grupo promoverá um curso em fevereiro. Data e outras informações podem ser conferidas pelo Instagram ou Facebook do projeto.
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