Com aumento da procura, cursos de Libras têm até lista de espera com 300 pessoas
O crescimento na demanda começou logo depois do discurso da primeira dama do país durante a posse, mas um dos cursos da Capital está com fila de espera desde novembro
Um discurso bonito que falava de atender aos deficientes auditivos, todo em Libras (Língua Brasileira de Sinais), foi o start para que aumentassem as buscas pelo curso que ensinassem o idioma. Em Campo Grande há fila de espera com mais de 300 pessoas pelas aulas.
Desde o início do ano, o CAS (Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez) tem percebido um aumento no número de ligações procurando pelo curso. Lá é onde alguns futuros intérpretes de Libras estudam.
Mas não é a primeira vez que o direito de surdos aparece como protagonista. Em 2017, foi tema da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) com "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil". Para a coordenadora de Políticas para Educação, Adriana Buytendorp, a visibilidade é bem vinda, mas a luta continua. "Sem dúvida, a primeira dama falando em Libras é um aspecto que traz força para a importância da comunicação para os surdos. E vejo essa procura como um processo de crescimento social e conhecimento da sociedade".
Além da acessibilidade, Adriana ressalta que a formação contempla também o mercado de trabalho. "Nós temos em Mato Grosso do Sul não só o que traduz, mas pessoas com formação para finalidade pedagógica. Mas saindo do campo educacional, a gente entra num contexto de sociedade, em que o surdo precisa de um psicólogo, de advogado, de médico, por isso, sem dúvidas, ter profissionais bilíngues seria um processo de crescimento maravilhoso".
No IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) o curso já é oferecido há alguns anos, e é na modalidade à distância. Lá também houve um aumento no número de ligações procurando pelas aulas.
Segundo o coordenador de gestão acadêmica, Felipe Braiani, a procura só não é maior porque muita gente ainda não sabe que o curso é ofertado pela instituição. “Apesar de ser a distância, tem encontros duas vezes por semana”, explica.
As inscrições para os cursos, que são oferecidos em Campo Grande e Coxim, estarão abertas entre os dias 11 de janeiro e 14 de fevereiro. As aulas começam a partir do dia 20 de mês que vem.
Fila de espera – A prefeitura de Campo Grande também oferece o curso. A primeira turma foi aberta em novembro do ano passado. Na época, para se inscrever nas aulas era necessário ir até a Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos.
“Quando chegamos aqui tinha gente sentado em caixote esperando para abrir, gente que tinha passado a noite para garantir a vaga”, lembra o responsável pela pasta Wellington Kester. Eram duas turmas com quarenta vagas cada, que tiveram que ser aumentadas para tentar diminuir o tamanho da fila de espera.
Ao todo foram mais de 420 pessoas que se inscreveram para as aulas, que não terão as inscrições abertas novamente até que a fila seja extinguida.
Além das turmas abertas para a comunidade, a subsecretaria oferece aulas para os funcionários da prefeitura. Nessa primeira sala estão os funcionários da própria instituição. “Queremos oferecer para fora também, mas primeiro temos que ser o exemplo e mostrar que nossos funcionários também estão capacitados”, explica Wellington.
Todos os cursos são oferecidos gratuitamente para a população.