Com Chevette e relíquias dos avós, Wagner criou “museu” na varanda
No bairro Los Angeles, o amor pelos avós e por peças antigas levou Wagner a ter um espaço especial.
Não é chamando ninguém de velho, mas se você é da época do telefone de discar, saiba que o promotor de vendas Wagner Batista Rodrigues, de 30 anos, se refere ao item como “antiguidade”.
Wagner é apaixonado por itens mais velhos, em maioria oriundos da casa dos avós. Em sua casa no Los Angeles, ele montou um espaço reservado apenas para esses itens que ele manda limpar, restaurar e então põe cuidadosamente para exibição.
“Eu gosto de coisas com história. Fico olhando minha coleção e pensando em como era a vida das pessoas nessa época e como elas usavam as coisas”, expressa.
A coleção começou aos oito anos de idade, depois de ter ganhado uma moeda colonial do avô. Wagner nasceu na Capital, mas foi criado pelos avós em Deodápolis, município a 264 quilômetros de Campo Grande. “Quando ele me deu aquela moeda, foi a primeira vez que eu fui atrás de saber a história do item. E desde então não parou, eu sempre gosto de coisas assim”, reforça.
A maioria são achados da casa dos próprios avós. Quando não ganha de presente, “fisga” o item, limpa, restaura e leva para casa. São ferramentas antigas, moinhos, moedas, rádios, telefones de discar, telefones celulares com antena, televisão do estilo Colorado. "O pessoal quando chega aqui fica impressionado e sempre lembram de alguma coisa da história deles. Falam muito: "Olha, minha mãe tinha isso", e eu acho isso muito legal", detalha.
Mas os dois “tesouros” mais preciosos de Wagner são a Chevette e a bicicleta Monark Barra Circular original, que antes da pandemia, ele inclusive exibia com frequência em encontros de antiguidades.
“A bicicleta meu avô comprou quando ele chegou aqui no estado. Ele é do Ceará, veio para cá e é um dos primeiros moradores de Deodápolis. Ele tinha um carro de boi e comprou a bicicleta para conseguir fazer entregas na vila. Depois, conseguiu comprar a Chevette e me deu de presente, uns seis anos atrás”, explica.
Para restaurar a bicicleta, Wagner desembolsou entre R$ 300 e R$ 400. O único item novo é um eixo que precisou ser substituído, de resto, tudo é original da década de 80. Wagner inclusive tem até a nota fiscal. “Depois, eu fui atrás de notas de cruzeiros e comprei de um menino. Agora tenho também as exatas notas de dinheiro que meu avô gastou para comprar a bicicleta”, detalha.
E a Chevette virou inclusive até tatuagem no braço de Wagner, pelo amor aos avós e ao hobby de colecionar coisas antigas. “Eu vou direto em Deodápolis, e quando vou, levo a Chevette e a bicicleta também, pra gente passear. Meu avô me deu porque ele sabia que eu ia cuidar”, expressa.
Toda restauração deixou o carro avaliado em R$ 26 mil. “Tem um colecionador de Aquidauana que sempre me liga perguntando se eu não vou vender, mas eu não tenho intenção. É muito raro encontrar um carro assim em bom estado e ainda apenas com dois donos. Mas não vou vender não”, reforça.
Wagner fala com muito carinho dos avós. “Eu ligo pra eles todos os dias, eu tenho que ligar pra pelo menos ouvir a voz deles”, expressa. E ainda brinca que não tem nem como esconder que é o neto favorito. “Mas não tem jeito, é uma conexão muito especial entre a gente. Eu fui criado por eles, é um amor diferente”, comenta.
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