Com livro e secador nas mãos, professor agora arrisca fazer cabelos
Após muitas noites em claro, Fábio virou a chave para dividir paixão pela docência com salão de beleza
Cortar o cabelo é, também, uma bela oportunidade para desabafar, trocar experiências, contar um pouco da sua vida, saber um pouco da vida do profissional que te atende.
Se tiver a oportunidade de conversar com Fábio Santos, de 35 anos, cabeleireiro profissional, não vai acreditar na sua história e na mudança feita nos últimos tempos, melhor, nos últimos meses.
De formação acadêmica robusta, sendo mestre em Educação, cursado três pós-graduações todas na área, duas graduações (filosofia e história), Fábio ainda é coordenador do curso de História de uma universidade em Campo Grande.
Toda essa trajetória nos bancos da universidade é, atualmente, dividida com um novo ofício, bem diferente, mas não menos nobre: o de cabeleireiro.
Isso mesmo, com os efeitos da pandemia e após muita reflexão, professor Fábio decidiu aprender uma nova profissão e passar parte do dia dentro de um salão beleza. O convite para conhecer o ramo da beleza, surgiu em uma conversa informal com um amigo, o cabeleireiro Daliton Jorge. Ele chamou Fábio para visitar o seu espaço de trabalho, no intuito de conhecer a rotina de um salão e ver se gostava, haja vista, que o acadêmico nunca tinha entrado num salão a não ser para cortar o cabelo
“Após a primeira visita esse meu amigo me convidou para um processo de imersão diária na profissão, e se propôs, muito gentilmente, me ensinar tudo o que havia aprendido em sua carreira de mais de 15 anos no ramo”.
Fábio conta que quando chegou ao salão não tinha habilidade nem para segurar uma escova e um secador ao mesmo tempo. “Mas, com muita determinação, comprometimento e estudos, fui adquirindo as competências e habilidades necessárias para ser cabeleireiro, e me especializar em uma técnica especifica chamada de “Morena Iluminada””, conta.
Fábio explica que medida foi tomada porque o ensino de forma geral já vinha passando por grandes transformações no país e a pandemia acelerou e impôs outras realidades aos professores e alunos que rapidamente tiveram que se adequar a outros formatos de ensino e aprendizagem, como por exemplo, o ensino remoto.
“Essas transformações ocasionaram impactos de diversas formas, e me fez pensar em desenvolver outras habilidades, que num primeiro momento era um “hobby” e agora está se tornando um ofício”.
O ofício no salão de beleza virou profissão mesmo início desse ano. “Tenho percebido um avanço significativo a cada trabalho realizado... mais qualidade técnica, clientes satisfeitas com o resultados, isso me faz crer que estou no rumo certo e me inspira continuar nesse caminho promissor”.
Apesar do novo caminho que está sendo trilhado na vida de Fábio, a docência ainda é sua paixão. “Hoje consigo conciliar os dois ofícios, a docência é minha primeira paixão e não pretendo abrir mão tão cedo, vou administrando as duas tarefas até quando eu puder”
A segunda paixão, agora, é o cabelo, pois envolve um lado lúdico e artístico, de criação. “Ao mesmo tempo mexe muito com a autoestima das mulheres que levantam da cadeira visivelmente empoderadas e seguras da sua beleza interna e externa. E isso é extremamente gratificante como profissional”.
Sobre o futuro, Fábio acredita que, assim como milhões de brasileiros, ainda é muito incerto. “Temos que nos reinventar diariamente, superando os desafios de uma sociedade com desigualdades sociais enormes. O que nos inspira e que somos brasileiros e não desistimos nunca, mesmo frente às grandes crises somos capazes de superar com muita resiliência e determinação”
Para conhecer um pouco mais do trabalho de Fábio basta acessar a página dele no Instagram.