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Comportamento

Com R$ 200 em mãos, colecionador já espera pela nota do bicentenário

Após longa espera, histórias de quem já conseguiu a nova "duzentinha". E você, já pegou a sua? Saiba o segredinho de colecionador

Raul Delvizio | 13/09/2020 07:20
Colecionador Alex segura a nova nota de R$ 200 (Foto: Arquivo Pessoal)
Colecionador Alex segura a nova nota de R$ 200 (Foto: Arquivo Pessoal)

Quem aqui se lembra da verdinha e finada nota de R$ 1? E dos 10 reais com o "furo" vermelho, edição comemorativa feita em plástico? De lá pra cá muita coisa mudou, é verdade, agora mais que veio a nova cédula de 200 reais. Se até o desenho Os Simpsons já tinha feito a "previsão", por que toda essa surpresa? Só quem já conseguiu uma sabe a animação que é ter a novidade em mãos.

Até Os Simpsons já tinha "previsto" a nova nota de duzentos reais, lá em episódio de 2014 do famoso desenho norte-americano (Foto: Reprodução/YouTube)
Até Os Simpsons já tinha "previsto" a nova nota de duzentos reais, lá em episódio de 2014 do famoso desenho norte-americano (Foto: Reprodução/YouTube)

"É uma coisa que faz parte da história, que eu testemunhei. A gente não sabe se ela vai vingar, se vai durar muito tempo. E nós colecionadores pensamos sempre a longo prazo", explica o administrador Alex Ferreira, que faz coleção de cédulas e principalmente moedas desde seus 15 anos. No seu acervo, a mais antiga data do tempo colonial, de 1694.

Quem aqui não estaria feliz com duzentos reais em mãos? (Foto: Arquivo Pessoal)
Quem aqui não estaria feliz com duzentos reais em mãos? (Foto: Arquivo Pessoal)

Dessa moeda de 960 réis até a nova cédula de 200 reais passaram-se mais de três séculos, e agora Alex tem as duas em mãos. Quem também fez parte dessa história foi o amigo Paulo. Por uma reportagem do Campo Grande News, ficou sabendo que a novidade tinha chegado mais cedo na Capital – e foi ele quem agraciou Alex com a "duzentinha", em acordo de cavalheiros. "Ele foi muito prestativo, parceiro mesmo. Gastou tempo e combustível para sacar a nova nota e trocar pra mim pelo valor real dela. Ele poderia ter guardado isso pra si, mas não, resolveu 'presentear' outros amigos", agradeceu.

É preciso explicar: a fins de colecionismo, o mais importante é reunir a série de fabricação da cédula. No caso da de R$ 200, ela ainda se encontra na primeira fase, de letra "A". Com o tempo, e mais fabricação do Banco Central, poderá ou não ultrapassar a "H". E vale ressaltar que cada grupo é dividido em sub letras, então é muita nota mesmo a ser colecionada.

Cédulas do Real da coleção de Alex, junto a nova de R$ 200 (Foto: Arquivo Pessoal)
Cédulas do Real da coleção de Alex, junto a nova de R$ 200 (Foto: Arquivo Pessoal)

"E já tem gente aqui de MS pagando um preço adicional para ter a primeira série. Quanto mais 'zeros' ela tiver, maior o valor para a coleção", explica Alex. Por exemplo, o preço pode valer de 50 a 100 reais a mais sem contar o valor monetário da cédula.

Mas o que ele achou sobre a nova nota de R$ 200? "Remete às cédulas do passado. O tamanho deveria ter sido maior que a nota de R$ 100. É, e o desenho do animal deixou um pouquinho a desejar, mas ela é bem bonita, e novidade é novidade, né"?. Para o colecionador, nota que é nota vale a pena sempre ser bem guardada.

Outro lado da moeda – "Outro dia mesmo eu estava no banco para sacar algumas cédulas de R$ 200 e fazer a troca com amigos. Vi uma menininha de uns 6-7 anos que pediu para a mãe também tirar a nova nota. Só que o valor de duzentos reais que a mãe sacou só saiu com nota de R$ 50. Como já tinha em mãos, resolvi trocar com a mãe. Nossa! A menina ficou toda feliz, me agradeceu, e eu até propus algum dia ela fazer uma visita na associação", relatou o publicitário Paulo Rezende.

Nova "duzentinho", bem guardada em álbum de colecionador (Foto: Arquivo Pessoal)
Nova "duzentinho", bem guardada em álbum de colecionador (Foto: Arquivo Pessoal)

O presidente da Anumis MS (Associação Numismática Sul-mato-grossense), o tal Paulo amigo de Alex, dá a dica: "para você conseguir a nova nota de R$ 200, tem que sacar valor alto mesmo, acima de R$ 600 reais". Por trás desse colecionador, está um numismático, aquele que estuda cédulas e moedas, identificando elas no tempo, fazendo documentação história e relacionando culturalmente a um povo. "Divulgar essa cultura é nossa obrigação e já buscamos apoio do Estado para poder transmitir esse conhecimento histórico para todos, mas sem sucesso".

Assim como Alex, Rezende também lamenta que o tamanho da nova cédula de R$ 200 não segue à risca a segunda família do Real, mas isso não se trata de um passo atrás, por exemplo, com relação à inclusão. "A nota possui recursos táteis para que as pessoas com deficiência visual possam identificá-la, sem confundir com a de R$ 20. O interessante é que cédulas com tamanho reduzido tem maior vida útil por necessitarem de menos dobras para serem guardadas". O motivo é questão de custos, já que também readaptar o maquinário seria muito caro ao Banco Central.

Primeira família do Real brasileiro. Observe que todas possuem o mesmo tamanho, sem diferenciação. O destaque fica no pé da imagem, com a antiga nota de R$ 10, edição comemorativa (Foto: Paulo Rezende)
Primeira família do Real brasileiro. Observe que todas possuem o mesmo tamanho, sem diferenciação. O destaque fica no pé da imagem, com a antiga nota de R$ 10, edição comemorativa (Foto: Paulo Rezende)

Troco em balinhas? – No início do Plano Real, a reclamação de troco era válida por conta do alto valor das cédulas. Mas hoje em dia… "fazer cédulas de maior valor é praticamente admitir a hiperinflação. Só que estamos defasado de notas a uns 15 anos. Precisaríamos inclusive já da nota de R$ 500", ressalta Paulo.

Em 1994, com o lançamento do Real, R$ 200 comprariam:

  • 400 litros de gasolina
    (contra 46 litros hoje)
  • 82 Big Macs
    (contra 12 hoje)
  • 3 cestas básicas
    (contra 0,6 hoje)
  • 29 kg de filé mignon
    (contra 5 kg hoje)
  • 200 Kinder Ovos
    (contra 30 hoje)

Em 26 anos, o dinheiro brasileiro perdeu 89,4% do seu valor, ou seja, desvalorizou. Quando pesa pro bolso, pesa pro povo. E nem "duzentinhos" salva.

Cifrão de novidade – Pelo menos, para os dois colecionadores, que já por 2022 venha mais uma novidade, dessa vez que seja a cédula para homenagear o bicentenário da Independência.

"Nós colecionadores temos o fascínio por itens novos e aguardamos sempre algo de novo. Afinal, é a nossa história. Torcemos para um breve lançamento comemorativo. Não é só uma questão econômica, é nossa cultura, nossa identidade monetária que está em jogo".

"Eu sempre achei interessante pegar moedas, cédulas, ver as diferenças, características uma das outras", afirma o colecionador Alex (Foto: Arquivo Pessoal)
"Eu sempre achei interessante pegar moedas, cédulas, ver as diferenças, características uma das outras", afirma o colecionador Alex (Foto: Arquivo Pessoal)

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