Córrego transbordando, feira na rua e trem na cidade: as paisagens que sumiram
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Quem hoje imagina que a principal avenida de Campo Grande já abrigou uma favela? Quem não se lembra dos circos, exposições e parques que sempre ocupavam a avenida Mato Grosso? E as enchentes que inundavam a cidade com as águas dos córregos?
E o que dizer da feira central na saudosa época em que se comia sobá e espetinho nos bancos de madeira na rua? Os lugares que desapareceram da paisagem de Campo Grande trazem à memória cenas em preto e branco e algumas já nos primeiros filmes em colorido. Época em que os flashes do mestre Roberto Higa registraram uma história da Cidade Morena que não volta mais. Se perderam nos capítulos que hoje compõem os 114 anos da Capital.
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As fotos são tiradas do Facebook de Higa. Um convite a quem quer voltar no tempo. As originais, escaneadas, estão guardadas para o primeiro livro a ser publicado ainda este ano.
De um acervo de 250 mil imagens, 210 vão contar a história de uma Campo Grande ainda Mato Grosso e depois Mato Grosso do Sul.
Sobre o passado e o presente da cidade, Higa alerta "a gente lembra como fatos históricos. Daí vão contando, contando, até virar mentira", brinca.
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E uma das cenas mais nostálgicas talvez seja os trilhos do trem que foram retirados na cidade. Quem não se lembra do apito que anunciava o maquinário se aproximando? O trem cortava ou era ele próprio o que hoje é avenida Noroeste.
Cruzava a rua do Mangue, passava pelo pontilhão da Antônio Maria Coelho e era paralela à Duque de Caxias.
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Mas outra coisa que vem à memória e sumiu de Campo Grande foi o Parque Imperial, localizado até o final da década de 80 na avenida Afonso Pena, próximo à antiga rodoviária.
Lá reza a lenda, que nunca se confirmou, que uma criança morreu depois de ser picada por uma cobra em um brinquedo. Se é verdade, o Lado B não achou, até agora, ninguém pra confirmar.
O comerciante Naul Lara, 50 anos, era vizinho do parque. Tem as lembranças de levar as filhas para brincar e também das vendas de tintas para a manutenção dos brinquedos.
“Era uma das principais atrações da cidade. A rodoviária e o parque. É sim, naquela época não tinha shopping menina”, reforça.
O também comerciante Carlos Antônio da Costa, de 34 anos, passou parte da infância nos brinquedos e lembra até hoje de como era o passado. “Um tempo bom, eu tiro por mim, porque tinha onde brincar. Hoje em dia eu falo para o meu filho isso, o parque é uma das coisas que não acontece mais hoje”.